Por ocasião do
Jubileu dos Migrantes e dos Missionários, o Papa presidiu a Missa na Praça São
Pedro. “Aqueles barcos que esperam avistar um porto seguro não podem e não
devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação”, disse o
Pontífice em sua a homilia.
O domingo
chuvoso em Roma não impediu a presença de milhares de peregrinos, que se
reuniram para participar da Santa Missa presidida pelo Papa. A liturgia,
marcada pelo espírito do Jubileu dos Migrantes e dos Missionários, celebrado
neste XXVII Domingo do Tempo Comum, 5 de outubro, recordou o vínculo
inseparável entre missão e acolhida. “Estamos aqui porque, junto ao túmulo do
Apóstolo Pedro, cada um de nós deve poder dizer com alegria: toda a Igreja é
missionária”, afirmou Leão XIV, citando, em seguida, o Papa Francisco:
“É urgente que a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repulsa e sem medo.”
O silêncio de
Deus e a força da fé
Comentando as
palavras do profeta Habacuque: “Até quando, Senhor, implorarei ajuda e não me
ouvirás?”, o Papa recordou a experiência da dor que atravessa a humanidade
diante da injustiça. “Este grito de dor é uma forma de oração que permeia toda
a Escritura”, disse, evocando também as palavras de Bento XVI em Auschwitz:
“Deus permanece em silêncio, e esse silêncio dilacera a alma do orante”.
Contudo, Leão XIV destacou que a resposta do Senhor é promessa de esperança: “O
justo viverá pela sua fé”:
“A fé não se
impõe com meios de poder e de maneiras extraordinárias; basta um grão de
mostarda para fazer coisas impensáveis, porque traz em si a força do amor de
Deus que abre caminhos de salvação [...] que cresce lentamente quando nos
tornamos ‘servos inúteis’, ou seja, quando nos colocamos a serviço do Evangelho
e dos irmãos sem buscar nossos interesses, mas apenas para levar ao mundo o
amor do Senhor.”
Jamais
discriminar
Se no passado a
missão era muitas vezes associada ao partir para terras distantes, hoje,
segundo o Papa, ela consiste em “permanecer sem nos refugiarmos no conforto do
nosso individualismo, permanecer para olhar nos olhos daqueles que chegam de
terras martirizadas, permanecer para abrir-lhes os braços e o coração”. Leão
XIV lembrou os dramas dos migrantes, que atravessam desertos e mares em busca
de vida e dignidade.
“Os seus olhos
cheios de angústia e esperança que procuram terra firme onde desembarcar, não
podem e não devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da
discriminação![...] Tudo isso exige pelo menos dois grandes compromissos
missionários: a cooperação missionária e a vocação missionária.”
Nova era
missionária
O Pontífice
insistiu na importância de uma renovada cooperação missionária entre as Igrejas
e no incentivo às vocações missionárias. Dirigindo-se de modo particular à
Europa, disse que é necessário um novo impulso missionário, com leigos,
religiosos e presbíteros dispostos a oferecer seu serviço em terras de missão:
“Irmãos e irmãs, hoje se abre na história da Igreja uma nova era missionária. […] Todo missionário que parte para outras terras é chamado a habitar as culturas que encontra com sagrado respeito, direcionando para o bem tudo o que encontra de bom e nobre, e levando-lhes a profecia do Evangelho.”
Deus salva o seu
povo
No final da
homilia, Leão XIV dirigiu-se diretamente aos migrantes:
“Sejam sempre
bem-vindos! Os mares e desertos que atravessaram são lugares de salvação, onde
Deus se fez presente para salvar o seu povo. Desejo que encontrem esse rosto de
Deus nas missionárias e missionários que encontrarão”.
Confiando todos
à intercessão de Maria, “primeira missionária do seu Filho”, o Papa pediu que
ela sustente a Igreja na construção de um Reino de amor, justiça e paz.
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Migrantes prestam homenagem à escultura a eles dedicada na Praça São Pedro |
Thulio Fonseca - Vatican News
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Assista:
"Peço que
cessem o fogo e libertem os reféns, e exorto a permanecer unidos em oração,
para que os esforços em curso possam pôr fim à guerra e conduzir-nos a uma paz
justa e duradoura", exortou Leão XIV em seu apelo antes da oração mariana
do Angelus.
Na manhã deste domingo, 5 de outubro, após presidir a Santa Missa na Praça São Pedro, o Papa Leão XIV conduziu a oração mariana do Angelus diante de aproximadamente 40 mil fiéis e peregrinos. Em seu apelo, o Santo Padre sublinhou que a dignidade humana deve ser sempre a prioridade, recordando missionários, migrantes e situações de sofrimento que marcam a atualidade internacional:
“A Igreja é
missionária e é um grande povo em caminho para o Reino de Deus. Hoje, os irmãos
e irmãs missionários e migrantes recordam-nos isso. Mas ninguém deve ser
obrigado a partir, nem explorado ou maltratado pela sua condição de necessitado
ou estrangeiro! Em primeiro lugar, sempre, a dignidade humana!”
Apelo contra o
ódio e pela paz no Médio Oriente
Em seguida, o
Pontífice manifestou a sua preocupação com o aumento do ódio antissemita no
mundo, lembrando o atentado terrorista ocorrido há poucos dias em Manchester, e
acrescentou: “Continuo a sentir dor pelo imenso sofrimento do povo palestino em
Gaza”, ao mesmo tempo em que encorajou os esforços de paz que vêm sendo dados
nas últimas horas no Oriente Médio:
“Espero que as negociações possam alcançar os resultados esperados o mais rapidamente possível. Peço a todos os responsáveis que se empenhem neste caminho, que cessem o fogo e libertem os reféns, enquanto exorto a permanecer unidos em oração, para que os esforços em curso possam pôr fim à guerra e conduzir-nos a uma paz justa e duradoura.”
Outubro, mês do
Rosário
Leão XIV
convidou ainda à oração junto com os fiéis reunidos no Santuário de Pompeia
para a tradicional Súplica à Virgem do Rosário. Recordando que outubro é o mês
missionário e mariano, exortou:
“Neste mês de
outubro, contemplando com Maria os mistérios de Cristo Salvador, intensificamos
a nossa oração pela paz: uma oração que se torna solidariedade concreta com os
povos martirizados pela guerra. Obrigado às muitas crianças que, em todo o
mundo, se comprometeram a rezar o Rosário por esta intenção.”
Proximidade ao
povo filipino
Por fim, o Papa
Leão XIV expressou sua solidariedade ao povo das Filipinas, duramente atingido
por um forte terremoto na noite de 30 de setembro, especialmente na província
de Cebu e regiões vizinhas.
“Expresso a
minha proximidade ao querido povo filipino e, em particular, rezo por aqueles
que foram mais duramente atingidos pelas consequências do terremoto.
Permaneçamos unidos e solidários na confiança em Deus e na intercessão da sua
Mãe nos momentos de perigo.”
No término da
celebração, o Papa saudou os fiéis a bordo do papamóvel, e percorrendo os
corredores da Praça São Pedro e a Via da Conciliação, foi calorosamente
retribuído com aplausos, sorrisos e demonstrações de afeto.
Thulio Fonseca – Vatican News
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