ser Igreja nas casas, nas fábricas, “junto ao homem”
O Papa Leão XIV
recebeu neste sábado (11/10), na Praça São Pedro, no Vaticano, os fiéis das
dioceses da Toscana, juntamente com os peregrinos de Camerino-San Severino
Marche, Fabriano-Matelica, Lanciano-Ortona e San Severo.
“Exorto-os a ser
uma Igreja próxima do mundo do trabalho, compassiva e encarnada, para que o
anúncio do Evangelho se torne presença concreta de consolação e esperança, mas
também palavra profética que relembre a importância de garantir trabalho a
todos, pois ele “é uma dimensão indispensável da vida social”. Foi o que disse
o Papa Leão XIV recebendo na manhã deste sábado (11/10), no Vaticano os fiéis
das dioceses da Toscana, juntamente com os peregrinos de Camerino-San Severino
Marche, Fabriano-Matelica, Lanciano-Ortona e San Severo.
A peregrinação
jubilar, disse o Papa aos presentes, é uma bela ocasião para renovarmos juntos
a profissão de fé e para expressarmos também a dimensão comunitária e eclesial
do seguimento cristão; de fato, a única Igreja de Cristo encarna-se em
realidades particulares como as dioceses, mas ela também nos chama à
catolicidade, a nos sentirmos uma única família de filhos de Deus além das
fronteiras estabelecidas, vencendo a tentação de uma pertença identitária
fechada e vivendo a comunhão.
Trata-se de uma
fronteira necessária, sobretudo em relação aos desafios da evangelização.
Certamente, a experiência existencial, social e eclesial de suas dioceses é
diferente, uma vez que vocês provêm de três regiões italianas que têm sua
própria história: no entanto, mesmo que com ênfases diferentes, todos nós somos
chamados a questionar-nos e a imaginar novos caminhos pastorais para um anúncio
renovado do Evangelho, sobretudo para abordar alguns temas como a catequese da
iniciação cristã, o declínio das vocações ao ministério ordenado, a
participação ativa dos leigos na vida eclesial, a presença das comunidades na
vida das famílias, dos pobres, do mundo do trabalho, e assim por diante.
Em algumas
regiões italianas – entre elas a Toscana e as Marcas –, disse o Papa, foi
iniciado também um processo de unificação das dioceses que, por um lado, pode
fazer emergir algumas potencialidades pastorais, não tanto em termos numéricos,
mas na qualidade da proposta.
O Papa então se
dirigiu de modo particular, ao povo da Toscana, sendo esta a peregrinação
jubilar da região. “A terra de vocês, situada no centro da Itália,
extraordinário berço de cultura e arte que conserva as marcas indeléveis da
Idade Média e do Renascimento e que deu à luz figuras ilustres como Dante
Alighieri, Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e muitos outros, é também
herdeira de uma rica história cristã, na qual amadureceu a semente da santidade
de Santa Catarina de Siena, Santa Gemma Galgani e outros, assim como se podem
mencionar numerosas figuras de importantes Pontífices.
A riqueza dessa
herança, naturalmente, não deve nos fazer ficar olhando para trás,
limitando-nos a admirar o esplendor do passado e subestimando os desafios do
presente. Hoje, mesmo diante da boa vontade e da generosidade que caracterizam
o seu povo, não faltam questões que evidenciam uma certa crise de fé e de
prática religiosa, e que exigem um investimento corajoso na formação cristã e
um novo entusiasmo na evangelização.
Gostaria, porém,
de exortá-los a assumir, como Igreja local, o estilo da proximidade, ouvindo as
dificuldades e os esforços das pessoas. Digo isso pensando sobretudo nas
notícias preocupantes que dizem respeito a diversos setores do mundo do
trabalho.
A comunidade
cristã, diante das consequências negativas da crise ocupacional e social,
diante das perspectivas incertas do futuro, é chamada a exercer, com generosa
paixão, um papel múltiplo, estudando os problemas, elaborando soluções,
assumindo suas responsabilidades: em suma, ela deve ser Igreja no território,
ou seja, Igreja nas casas, Igreja nas fábricas, Igreja “junto ao homem”.
“Caríssimos,
algumas urgências pastorais e sociais sobre as quais desejei deter-me, embora
de maneiras diferentes e segundo prioridades diferentes, interessam a todas as
Igrejas locais e chamam cada uma de nossas comunidades cristãs a um despertar
da evangelização e a um discernimento sobre as formas de presença eclesial no
território”.
Don Lorenzo
Milani, profeta da Igreja toscana e italiana, que o Papa Francisco definiu como
“testemunha e intérprete da transformação social e econômica”, tinha como lema
“I care”, ou seja, “eu me importo”, me interessa, me é caro. Eis, exorto-os a
não permanecerem na estagnação e a fazerem a vossa parte para delinear o rosto
de uma Igreja que tem a vida das pessoas no coração, em particular dos mais
pobres. Confio-os à intercessão da Virgem Maria e abençoo-os com também as suas
comunidades.
Silvonei José – Vatican News
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