Na Itália para participar do X Encontro Mundial das Famílias, o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Crispim Guimarães dos Santos, recebeu uma relíquia dos patronos do evento, o casal Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi. Doado pelo confessor dos filhos do casal, o item será trazido para o Brasil e será exposto na capela da CNBB, em Brasília, e poderá compor um altar com a Sagrada Família na sede da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF).
Padre Maffino Redi Maghenzani foi quem doou a relíquia para o Brasil. Ele mora na casa dos Focolares, em Loppiano, é autor de vários livros e também trabalhou no teatro, antes de ser ordenado presbítero. Em 2000, a Conferência Episcopal Italiana o entregou os rascunhos dos textos que estavam para ser publicados sobre o casal Beltrame com o objetivo de que ele transformasse em um espetáculo para levar para toda a Itália. Com o título “Uma auréola para dois”, o espetáculo foi exibido em 72 ocasiões.
Agora, junto com a relíquia, o espetáculo também virá ao Brasil. Padre Maghenzani vai entregar o texto para que seja adaptado no país, “do modo brasileiro”:
“Eu esperava vocês por dez anos. Eu vou dar a vocês essa relíquia para levar ao Brasil. Mandarei o texto do recital, em italiano, e vocês fazem do modo brasileiro, muito mais alegre. Foi feito com música clássica, piano, violoncelo, vocês façam com os tambores, como vocês quiserem”, motivou.
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Padre Maffino Redi Maghenzani, dom João Bergamasco e padre Crispim Guimarães |
Ao receber parte da comitiva brasileira que estará no X Encontro Mundial das Famílias, com a presença do bispo de Corumbá (MS), dom João Aparecido Bergamasco, o padre afirmou ser aquele encontro “uma grande alegria, porque o Brasil sempre traz algo de belo para o Encontro Mundial das Famílias”.
O padre italiano também partilhou que teve acesso aos dois volumes de cartas trocadas entre Luigi e Maria Beltrame Quattrochi desde o namoro até a vida matrimonial: “Um amor um muito verdadeiro, e eu entendi porque a Igreja os escolheu. Um amor inteiro”.
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Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi | Foto: divulgação/Diocese de Roma |
Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi casaram-se no dia 25 de novembro de 1905, na Basílica de Santa Maria Maior. Eles foram beatificados por São João Paulo II em 21 de outubro de 2001, o primeiro casal a ser beatificado na história da Igreja.
Durante a Primeira Guerra Mundial e após os conflitos, o casal Beltrame Quattrocchi fez o possível para ajudar os feridos e famílias em dificuldade. Advogado-Geral do Estado, Luigi colaborou com a criação da Agência Orbis, para trabalhar no Movimento do Renascimento Cristão e no Movimento por um Mundo Melhor. Maria escreveu livros e, enquanto isso, também atuou como catequista, conselheira nacional da Ação Católica, e na organização de cursos de preparação matrimonial para os noivos, o que era uma novidade absoluta para a época.
Pais de quatro filhos – Filippo, Stefania, Cesare e Enrichetta -, transmitiram a fé e viram três deles escolherem a vocação religiosa: Filipe torna-se um monge beneditino com o nome de Don Tarcisio; Fanny entra no Mosteiro Beneditino do Santíssimo Sacramento em Milão e leva o nome de Irmã Cecília; César se torna um trapista levando o nome de Padre Paolino.
Quando esperavam a chegada da filha mais nova, em 1913, os médicos sugeriram a Maria interromper a gravidez, devido a sérios motivos de saúde, já que tanto a vida da mãe quanto a da pequena foram consideradas em risco. Mas o casal, sempre animado por uma grande fé, decidiu confiar-se ao Senhor. Em 6 de abril, a bebê nasceu perfeitamente saudável. Anos depois, Enrichetta escolhe ajudar seus pais até o fim, levando uma vida em oração e serviço. Ela faleceu em 2012. Padre Maghenzani testemunhou sobre a dedicação de Enrichetta às orações como leiga consagrada que era “muito humana e inteligente”. Na casa da família, “o sobrenatural era natural”.
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Enrichetta Beltrame Quattrocchi | Foto: divulgação/Diocese de Roma |
Ainda sobre o casal patrono desta edição do Encontro Mundial das Famílias, a história partilhada pela diocese de Roma destaca que Luigi e Maria participavam da missa todos os dias. Além dos compromissos associativos, iniciaram também a pastoral familiar em Roma, com encontros e acompanhamento para noivos e casais; apoiavam financeiramente jovens que desejam se tornar padres ou comunidades de freiras em dificuldade financeira.
Luigi faleceu em 9 de novembro de 1951, e Maria permaneceu viva por mais 14 anos, durante os quais continuou a jornada espiritual e de serviço empreendida com seu marido. Ela morreu em 25 de agosto de 1965; ao lado dela sempre sua filha Enrichetta.
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