A inteligência artificial, luz para evangelização
“Há uma necessidade imperiosa de evangelizar
as culturas para inculturar o evangelho” (EG, n. 69)
A cultura, especialmente a
contemporânea, cuja complexidade está na interligação de muitos fatores,
influencia a missão daqueles que se dedicam a evangelização. O Papa
Francisco afirma: “Há uma necessidade imperiosa de evangelizar as culturas
para inculturar o evangelho” (EG, n. 69).
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Dom Edson |
E o próprio Concílio
Vaticano II, no decreto Ad Gentes, oferece as bases para este processo de
inculturação: “o movimento que levou o próprio Cristo, na sua encarnação,
a sujeitar-se a certas condições sociais e culturais dos homens com os quais
conviveu” (n.10). O mistério da encarnação é o paradigma para a Igreja, cuja
razão de ser é evangelizar, é ser missionária.
Ciente de anunciar as
belezas da bondade divina, a Igreja está consciente de que, atualmente,
tudo evolui muito rápido e não se pode perder tempo e oportunidade
para evangelizar. Precisamos ser rápidos em falar “com” e “de” Deus,
conduzindo as pessoas no caminho da santidade. Nesse sentido, criamos uma
consciência ou melhor, uma inteligência cultural.
No entanto, para sermos
rápidos, ágeis, visionários, proativos, compreensivos e acompanhar o
processo de inculturação precisamos da tecnologia para produzir melhores
resultados. Além da inteligência cultural, caminhamos para
inteligência artificial.
Se a inteligência artificial
é um desafio para empresários e, principalmente, gestores que estão
buscando produtividade em todos os setores, também o é para a Igreja. A
inteligência artificial faz com que os dispositivos criados pelo homem
possam desempenhar funções sem a interferência humana.
A inteligência artificial,
com apoio dos algoritmos, está favorecendo uma vida melhor e mudando o
nosso modo de ser, pensar e agir. O papa Francisco, em seu discurso na
Assembleia Plenária da Pontifícia Academia para a Vida, em 28 de fevereiro
de 2020, ressaltou que “as decisões, mesmo as mais importantes, como as das áreas
médicas, econômicas ou sociais, são hoje o resultado da vontade humana e de
uma série de contribuições algorítmicas” e alertou sobre os “graves
perigos” para as sociedades, pois, dos canais digitais disseminados na
internet, os algoritmos extraem dados que permitem controlar hábitos
mentais e relacionais, para fins comerciais ou políticos, geralmente sem o
nosso conhecimento”. E, continuou, “esses perigos não devem esconder o
grande potencial que as novas tecnologias nos oferecem” e incentiva “a
deixar-se desafiar pela palavra e tradição da fé para que nos ajudem
a interpretar os fenômenos do mundo, identificando formas de humanização
e, portanto, de evangelização amorosa”.
No entanto, a inteligência
artificial, tendo como alicerce a inteligência humana na execução de
tarefas, está aprimorando nossos expedientes racionais na coleta de dados
sobre a realidade e como vivenciar nesse mundo com tantos desafios.
Essas descobertas não pretendem substituir seres humanos, mas melhorar as
nossas habilidades e contribuir para que a realidade seja melhor.
Necessitamos de dados, informações, orientações para que tenhamos uma vida
melhor.
Destarte, a inteligência
artificial vai nos ajudar no conhecimento e aprofundamento dos grandes
desafios que se apresentam à Igreja para o cumprimento de sua missão,
visão e valores em relação ao mundo. Vai garantir meios e abrir horizontes para
lançar as sementes do Verbo.
Nesse sentido, Bergoglio
enfatizou que “não basta educar simplesmente ao uso correto das novas
tecnologias, mas é necessária uma ação educacional mais ampla
e acrescentou que “devem amadurecer motivações fortes a fim de perseverar
na busca do bem comum”.
Vamos usufruir dessa luz
para que nossas comunidades paroquiais e eclesiais sejam realmente
missionárias, fazendo com que o Evangelho ilumine os diversos cenários
culturais contemporâneos.
Dom Edson José Oriolo dos Santos - Bispo de Leopoldina (MG)
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