Vemos na primeira leitura a disponibilidade
de Isaías. Javé não lhe faz o convite diretamente, mas pergunta a Si mesmo quem
enviar? Isaías não se faz de rogado e imediatamente se apresenta e se oferece.
Já bem antes, diante da magnífica visão de Deus, Isaías já havia se reconhecido
pecador e indigno da visão. Agora, já purificado, sentiu-se fortalecido para
colaborar com Deus.
No Evangelho Simão Pedro e seus
companheiros fazem uma pesca infrutífera. Jesus aparece, quando eles já se
preparam para voltar para suas casas e sobe na barca de Simão, dando-lhe ordem
para se afastar da praia. Pedro obedece e Jesus se acomoda em sua barca. Dela
ensinava às multidões.
Quando terminou, o Senhor mandou que ele
avançasse para águas mais profundas e jogasse as redes para a pesca. Simão
contesta dizendo que labutaram toda a noite e nada conseguiram, mas em atenção
à palavra d’Ele, iria lançar as redes. Evidentemente a pesca foi abundante e a
reação de Pedro foi semelhante à de Isaías, sentindo-se pecador, indigno diante
de tal maravilha. Ele se joga aos pés de Jesus e diz: “Senhor, afasta-te de
mim, porque sou um pecador!”
Do mesmo modo como aconteceu com o profeta,
acontece com Pedro. Jesus lhe dá a missão: ser pescador de homens. Então
deixaram tudo e seguiram o Senhor. Sem renunciar ao que se possui não é
possível servir ao Senhor e a seus irmãos. É preciso esvaziar-se, deixar-se
tomar por Deus. Somente assim o cristão poderá penetrar águas mais profundas e
tirar das garras da morte aqueles que o mal aprisiona como escravo do dinheiro,
do poder, do prazer, transformando seu próprio umbigo no centro do mundo.
Certamente também o Senhor me vocaciona,
chamando-me a ser seu apóstolo onde estou. Ele quer depender de meu sim, para
que possa agir no coração e na mente das pessoas. Tenho consciência de que
preciso me esvaziar para que a graça de Deus possa agir em mim, constituindo-me
seu servidor?
Tendo a graça de renunciar a si mesmo, o
cristão poderá como São Paulo, na segunda leitura de hoje, dizer: “É pela graça
de Deus que sou o que sou. Sua graça para comigo não foi estéril.”
Padre Cesar Augusto dos Santos
................................................................................................................................................... Fonte: vaticannews.va
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