A arquitetura humana
Se perguntarem a uma criança quem é Deus,
ela pode responder que é um sujeito que vive bisbilhotando a vida dos outros,
pois é assim que a maioria pensa. Afinal, assim foram incutidas as noções de
ética e moralidade, como se fossem instruções de uso de uma “máquina humana”,
com o fito de serem evitados atritos, colapsos e superaquecimentos da máquina.
Daí que as regras estivessem sempre
interferindo nas inclinações naturais dessa suposta “máquina humana”. “Não, não
faça isso!”, “Não, não faça desse jeito”. Somos levados a pensar que o
comportamento perfeito pode ser tão inatingível, quanto seria, por exemplo, uma
troca de marcha perfeita quando estamos dirigindo.
A bem da verdade, trata-se de um ideal
necessário, prescrito para todos pela natureza própria da constituição humana;
tanto quanto, para ficar no exemplo, a troca de marcha perfeita é o ideal
prescrito para todos os motoristas pela natureza própria dos carros.
Geralmente, há duas formas pelas quais essa
“máquina” humana, geralmente, emperra.
Uma delas acontece quando os seres humanos
se afastam uns dos outros ou se chocam uns com os outros. A outra, mais comum,
se dá quando os sentimentos vão mal dentro do próprio indivíduo, quando as
diferentes partes que trazemos em nós se dissociam e interferem umas nas
outras. Como se numa fragata de navios, navegando em formação, os navios
entrassem em colisão. Pode ser também como se a frota, que tivesse saído em
direção a Nova Iorque, na verdade, aportasse em Calcutá.
Onde estava o mapa?
A ética é o mapa humano: ela inclui jogo
limpo e harmonia entre as partes: ela espera que o propósito da vida sempre
esteja claro.
Arquitetura, máquina, mapa, são modos que
usamos para falar de realidades que nos escapam, mas onde podemos sempre tentar
falar. Não acha?
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