sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

6º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão
1ª Leitura:  Jr 17,5-8

Leitura do Livro do profeta Jeremias:

Isto diz o Senhor: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; como os cardos no deserto, ele não vê chegar a floração, prefere vegetar na secura do ermo, em região salobra e desabitada.

Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca de umidade; por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos”.

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Responsório: Sl 1 
- É feliz quem a Deus se confia!
- É feliz quem a Deus se confia!

- Feliz é todo aquele que não anda/ conforme os conselhos dos perversos;/ que não entra no caminho dos malvados,/ nem junto aos zombadores vai sentar-se;/ mas encontra seu prazer na lei de Deus/ e a medita, dia e noite, sem cessar.

- Eis que ele é semelhante a uma árvore,/ que à beira da torrente está plantada;/ ela sempre dá seus frutos a seu tempo/ e jamais as suas folhas vão murchar./ Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.

- Mas bem outra é a sorte dos perversos./ Ao contrário, são iguais à palha seca/ espalhada e dispersada pelo vento./ Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,/ mas a estrada dos malvados leva à morte.

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2ª Leitura: 1Cor 15,12.16-20

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:

Irmãos: Se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como podem alguns dizer entre vós que não há ressurreição dos mortos? Pois, se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. Então, também os que morreram em Cristo pereceram.

Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos — de todos os homens — os mais dignos de compaixão. Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.

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Evangelho: Lc 6,17.20-26

Proclamação do Evangelho de São Lucas:

Naquele tempo, Jesus desceu da montanha com os discípulos e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia.

E, levantando os olhos para os seus discípulos, disse: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus!

Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir!

Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome, por causa do Filho do Homem! Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu; porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas.

Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome! Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas! Ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas”.

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Reflexão do Pe. Johan Konings:

Felizes os pobres!

O Sermão da Planície do evangelho de Lucas (Lc 6) traz, de forma abreviada, a mesma mensagem que o Sermão da Montanha de Mateus (Mt 5-7). O evangelho nos apresenta Jesus anunciando com alegria a boa-nova aos pobres: “Felizes vós, os pobres, porque o Reino de Deus é vosso”. Nada demais. Até o presidente do FMI fica comovido quando os pobres são felizes. O problema é que Jesus fala o contrário para os ricos: “Ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação”. Os ricos já receberam seu prêmio e agora perdem sua vez … (cf. a 1ª leitura: “Infeliz de quem coloca sua confiança em outro homem e se apoia no ser mortal, enquanto seu coração se desvia de Deus”).

O contraste entre ricos e pobres na boca de Jesus nos ajuda a entender melhor o que é esse Reino de Deus que ele vem anunciar. É o contrário do reino dos homens, o contrário daquilo que os ricos já têm. Eles possuem o que se apropriaram por caminhos humanos (nem sempre muito retos): riqueza, poder, prazer. Coisas passageiras, que, contudo, chegaram a ocupar todo o tempo e imaginação dos que pensam possuí-las, enquanto são por elas possuídos. Basta qualquer revés, um processo por sonegação, uma comparsa que fale demais … basta algo tão tremendamente comum como a morte, para que percam tudo o que tinha valor para eles. Infelizes …

O que Jesus agora anuncia aos pobres é o contrário: vem de Deus, não dos homens. Porque os pobres ainda não se encheram com as suas próprias conquistas, tem valor para eles o “Reino de Deus”, o dom de Deus, o “sistema de Deus”. Que sistema? Aquilo que Jesus anuncia e pratica: fraternidade, comunhão da vida, dos bens materiais e espirituais, partilha de tudo. É aquilo que Jesus, no evangelho, ensina aos seus discípulos: superar o ódio pelo amor, aperfeiçoar a “Lei” pela solidariedade, repartir os bens, e até sofrer por causa de tudo isso. Pois também para os que sofrem e são perseguidos há uma bem-aventurança.

Mas a nossa sociedade vai pelo caminho contrário. A propaganda e o consumismo incutem nas pessoas a mania do rico, do eterno insatisfeito. Os pobres se tornam solidários com os ricos, aderem às suas novelas, modas e compras inúteis. Não é esta a boa notícia do evangelho, e sim, o “ai” proclamado por Jesus.

A diferença entre os pobres e os ricos não é que uns sejam melhores que os outros, mas que a esperança dos pobres, quando não corrompidos, vai para as coisas que vêm de Deus, enquanto os ricos facilmente acham que vão se realizar com aquilo que eles têm em seu poder. Que experimentem … Ou então, que participem da esperança dos pobres e se tornem solidários com eles.

A esperança do reino supera a vida material. É a esperança que se baseia no Cristo ressuscitado (2ª leitura): “Se temos esperança em Cristo tão-somente para esta vida, somos os mais lamentáveis de todos!” Aquele que se tornou pobre para nós é que nos enriquece com a dádiva do amor infinito do Pai, que ele revela no dom da própria vida. O reino que Jesus anuncia aos pobres, decerto, começa com a justiça e a fraternidade, mas tem um horizonte que nosso olhar terreno nunca alcança!

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella:

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                               Reflexões e ilustração: franciscanos.org.br         Banner: cnbb.com. br

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