A pobreza nas Bem-aventuranças, indica que
"o discípulo de Jesus não encontra a sua alegria no dinheiro ou em outros
bens materiais, mas nos dons que recebe de Deus todos os dias: a vida, a
criação, os irmãos e as irmãs, e assim por diante". Ele " sabe
questionar-se, sabe buscar humildemente a Deus todos os dias, e isso lhe permite
mergulhar na realidade, apreendendo dela a riqueza e a complexidade".
“Como
é um discípulo de Jesus? A resposta é precisamente as Bem-aventuranças”. Ele
aceita seus paradoxos e tem alegria no coração.
A inspiração do Papa para sua alocução, que
precedeu a oração mariana do Angelus deste VI Domingo do Tempo
Comum, vem do Evangelho de Lucas proposto pela liturgia do dia, em cujo centro
estão as Bem-aventuranças. E Jesus as proclama, “dirigindo-se aos seus
discípulos”, pois para quem não O segue, “elas podem soar estranhas”.
O sentido do "ser pobres"
“Vemos a primeira – disse Francisco
dirigindo-se aos peregrinos presentes na Praça São Pedro - que é a base de
todas as outras: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino
de Deus". Ou seja, Jesus diz que seus discípulos “são bem-aventurados e
pobres; que são bem-aventurados porque são pobres”. Mas em que sentido?
No sentido de que o discípulo de Jesus não
encontra a sua alegria no dinheiro, no poder, ou em outros bens materiais, mas
nos dons que recebe de Deus todos os dias: a vida, a criação, os irmãos e as
irmãs, e assim por diante: são dons da vida. Mesmo os bens que possui,
sente-se feliz em partilhá-los, porque vive na lógica de Deus. E qual é a
lógica de Deus? A gratuidade. O discípulo aprendeu a viver na gratuidade. Esta
pobreza é também uma atitude em relação ao sentido da vida, porque o discípulo
de Jesus não pensa que o possui, que já sabe tudo, mas sabe que deve aprender
todos os dias. E essa é uma pobreza: a consciência de ter que aprender a
cada dia (...). Por isso é uma pessoa humilde, aberta, livre de preconceitos e
rigidez.
O discípulo busca humildemente a Deus todos
os dias
Voltando seu pensamento ao Evangelho do
último domingo, em que Pedro aceita o convite de Jesus para lançar as redes em
uma hora inusitada, e admirado com a prodigiosa pesca, deixa tudo para seguir o
Senhor, o Papa observa:
Pedro mostra-se dócil deixando tudo,
tornando-se assim discípulo. Por outro lado, quem é muito apegado às próprias
ideias e às próprias seguranças, dificilmente segue realmente Jesus. Segue-o um
pouco, somente nas coisas com as quais eu concordo e que Ele está de acordo
comigo, nas outras não. E este não é um discípulo. E assim cai na tristeza.
Fica triste porque as contas não fecham, porque a realidade escapa aos seus
esquemas mentais e ele se vê insatisfeito. O discípulo, por outro lado, sabe
questionar-se, sabe buscar humildemente a Deus todos os dias, e isso lhe
permite mergulhar na realidade, apreendendo dela a riqueza e a complexidade.
Aceitar o paradoxo das Bem-aventuranças
Em outras palavras, o discípulo “aceita o
paradoxo das Bem-aventuranças”. Elas declaram que é bem-aventurado, isto é,
feliz, “quem é pobre, quem carece de tantas coisas e reconhece isso”:
Humanamente, somos levados a pensar de
outra forma: é feliz quem é rico, quem é saciado de bens, quem recebe aplausos
e é invejado por muitos, quem tem todas as seguranças. E este é um pensamento
mundano, não é pensamento das Bem-aventuranças. Jesus, ao contrário, declara um
fracasso o sucesso mundano, pois se baseia em um egoísmo que infla e depois deixa
o vazio no coração.
Assim, perante o paradoxo das
Bem-aventuranças, “o discípulo deixa-se pôr em crise, consciente de que não é
Deus quem deve entrar nas nossas lógicas, mas nós nas suas”:
E isso requer um caminho, às vezes
cansativo, mas sempre acompanhado pela alegria. Porque o discípulo de Jesus é
alegre com a alegria que lhe vem de Jesus. Porque, recordemo-nos, a primeira
palavra que Jesus diz é: bem-aventurados. Disto o nome das Bem-aventuranças.
Este é o sinônimo de ser discípulo de Jesus. O Senhor, libertando-nos da
escravidão do egocentrismo, desfaz nossos fechamentos, dissipando a nossa
dureza, e nos revela a verdadeira felicidade, que muitas vezes se encontra onde
nós não pensamos. É Ele a guiar a nossa vida, não nós, com os nossos
preconceitos ou com as nossas exigências. O discípulo, por fim, é aquele que se
deixa guiar por Jesus, que abre o coração a Jesus, escuta-o e segue o caminho.
Alegria do coração caracteriza o discípulo
Podemos então nos perguntar: “tenho a
disponibilidade do discípulo? Ou me comporto com a rigidez de quem se sente
bem, de quem chegou lá? Deixo-me "desfazer por dentro" pelo paradoxo
das Bem-aventuranças ou permaneço no perímetro de minhas ideias? E depois, com
a lógica das Bem-aventuranças, para além das fadigas e dificuldades, sinto a
alegria de seguir Jesus? Esta é a característica marcante do discípulo: a
alegria do coração. Não nos esqueçamos: a alegria do coração. E esta é a medida
de comparação, para saber se alguém é discípulo: tem a alegria no coração? Eu
tenho a alegria no coração? Este é o ponto.”
Que Nossa Senhora, a primeira discípula do
Senhor – pediu o Santo Padre ao concluir - nos ajude a viver como
discípulos abertos e alegres.
Jackson Erpen
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Assista:
O Papa nos convidou a rezar em silêncio
pela crise no país do Leste Europeu, de onde chegam "notícias muito
preocupantes". Enquanto isso, a aumenta a tensão sobre uma iminente
invasão russa. A diplomacia não mede esforços para evitar confrontos armados,
mas até agora nenhuma abertura veio de contatos entre Biden e Putin. Para Kiev,
os EUA provocam um alarmismo que só causa pânico.
"São preocupantes as notícias que vem
da Ucrânia. Confio à intercessão da Virgem Maria e à consciência dos líderes
políticos para que sejam feitos todos os esforços pela paz. Rezemos em
silêncio".
Francisco, ao final do Angelus deste
domingo, volta seu pensamento novamente à atual crise no país do Leste Europeu
para expressar seus temores sobre uma situação que parece se agravar a cada
dia.
A conversa entre Biden e Putin
A intensa atividade diplomática, bem como
ligações telefônicas de alto nível entre líderes ocidentais e Moscou, não
conseguem diminuir o nível de risco de uma iminente invasão da Ucrânia pela
Rússia, que denuncia a "histeria" dos Estados Unidos, que, por sua
vez, como fez o presidente Joe Biden em um telefonema com seu colega russo
Vladimir Putin, ameaçou os russos com "retaliações sérias e rápidas"
no caso de um ataque. Biden e Putin, no entanto, também garantiram que
continuarão os contatos e continuarão comprometidos com a diplomacia.
As advertências de Blinken
Em uma reunião com o ministro das Relações
Exteriores da Rússia, Lavrov, o secretário de Estado dos EUA, Blinken, alertou
os russos sobre uma "resposta transatlântica resoluta e massiva" no
caso de novas agressões russas. Blinken repetiu as mesmas ameaças na conclusão
de uma cúpula trilateral com homólogos do Japão e da Coreia do Sul: no caso de
uma invasão, a resposta será rápida, unida e pesada. O secretário de Estado
também alertou que Moscou poderia usar uma provocação ou incidente
pré-fabricado para justificar um ataque a Kiev.
As manobras da Rússia e dos EUA
O Kremlin, entretanto, continua a enviar
soldados - fala-se em mais de 100 mil unidades - perto da fronteira e lançou
manobras militares no Mar Negro e na Belarus, enquanto os Estados Unidos
retiraram quase todos os militares presentes na Ucrânia, e fortaleceu a frente
polonesa enviando novas tropas. Enquanto isso, Washington negou a presença de
um de seus submarinos em águas territoriais russas, conforme relatado pelos
russos.
A crise mais perigosa desde a Guerra Fria
Para muitos observadores, esta é a crise
mais perigosa na Europa desde o fim da Guerra Fria. Os russos estão mais uma
vez pedindo a suspensão do que chamam de expansão da OTAN, bem como do apoio
ocidental à Ucrânia, que Moscou nunca deixou de ver como parte de sua esfera de
influência.
No último telefonema com seu colega francês
Macron, o presidente russo Putin criticou o fornecimento de armas a Kiev, uma
possível condição para ações “agressivas por parte de forças ucranianas, na
área oriental, onde a Rússia apoia separatistas armados, zona da qual a OSCE
está fazendo sair todos os seus observadores.
E a evacuação continua também por parte de
muitos países, que estão retirando seus compatriotas da Ucrânia, assim como
feito também por Moscou, que retirou parte de seu pessoal diplomático. Além dos
Estados Unidos, Alemanha, Itália, Reino Unido, Holanda, Canadá, Noruega,
Austrália, Japão e Israel, há também os países do Golfo Pérsico, incluindo
Arábia Saudita, Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos pois – advertiram os
Estados Unidos - a ofensiva russa pode começar a qualquer momento e sem aviso
prévio.
Para diminuir o tom, o presidente ucraniano
Volodymyr Zelensky, para quem as "declarações alarmistas est
Francesca Sabatinelli
................................................................................................................................................... Fonte: vaticannews.va
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