As virtudes
A palavra virtude vem de VIR: varão, em latim. Na origem, virtude era uma palavra masculina, em razão de ter sido criada numa época em que virilidade era sinônimo de força física e moral. Os tempos mudaram. O que não mudou foi a certeza do quanto precisamos ser prudentes e justos, por exemplo.
Desde os tempos imemoriais, sete virtudes
foram catalogadas: três virtudes teologais e quatro virtudes cardeais. As
primeiras são a fé, a esperança e a caridade, chamadas de teologais por dizerem
respeito a Deus.
As quatro virtudes cardeais são a
prudência, a temperança, a justiça e a fortaleza. No caso, a palavra cardeal
não tem a ver com os cardeais da Igreja Católica. A palavra cardeal, em latim,
significa “dobradiça da porta”. É a isso que se referem essas virtudes: elas
abrem os caminhos humanos.
A fortaleza, por exemplo, é o que
assistimos hoje diante das terríveis catástrofes que arrasaram a cidade de
Petrópolis: fortaleza dos que sofrem sob os escombros, fortaleza dos que
perderam entes queridos, fortaleza dos voluntários que desconhecem o cansaço ou
de quem ajuda à distância.
A fortaleza é prima-irmã da coragem,
necessária diante do perigo e da dor, sobretudo, quando a finitude humana é
revelada em toda sua nudez. Não se pode praticar a prudência, a temperança, a
justiça sem a fortaleza.
Mas existe uma diferença grande entre
praticar uma ação justa e ser uma pessoa justa.
Em qualquer esporte, um jogador mediano
consegue fazer uma boa jogada de vez em quando. Mas só alguém cujos olhos,
músculos e nervos foram bem treinados possui o tônus necessário para praticar o
esporte em sua total extensão.
Só quem perseverar em praticar ações
justas, no final, obterá um caráter virtuoso. E é a essa qualidade, e não às
ações particulares, que nos referimos quando falamos de virtudes.
Dom José Francisco Rezende Dias – Arcebispo
de Niterói (RJ)
Nenhum comentário:
Postar um comentário