episcopado é o nome de um serviço, não de uma honra
Pela primeira vez em 14
anos, Dom Guido Marini não esteve ao lado do Papa durante a celebração
eucarística, mas sim diante dele, de cujas mãos recebeu a ordenação episcopal.
Também foi ordenado bispo o chileno Andrés Gabriel Ferrada Moreira.
O Papa Francisco presidiu
à Santa Missa na manhã deste domingo, com o rito de ordenação episcopal de
Guido Marini e de Andrés Gabriel Ferrada Moreira.
Destinado à diocese de
Tortona, norte da Itália, Dom Guido Marini concluiu seu período de 14 anos como
mestre das celebrações pontifícias com a ordenação episcopal. A missa deste
domingo marcou o início do serviço do seu sucessor, Mons. Diego Ravelli. Já o
chileno Andrés Gabriel Ferrada Moreira foi nomeado pelo Papa Francisco
secretário da Congregação para o Clero.
Sempre servir
Em sua homilia, o
Pontífice propôs uma reflexão sobre a responsabilidade eclesial do bispo.
“O Senhor nosso Jesus,
enviado pelo Pai para redimir os homens, por sua vez enviou ao mundo os doze
apóstolos para que, repletos da potência do Espírito Santo, anunciassem o
Evangelho a todos os povos”, explicou o Papa.
A fim de perpetuar de
geração em geração este ministério apostólico, os Doze se muniram de
colaboradores, transmitindo a eles, com a imposição das mãos, o dom do Espírito
recebido por Cristo. Assim, através da ininterrupta sucessão dos bispos na
tradição viva da Igreja, se manteve este ministério primário e a obra do
Salvador continua e se desenvolve até os nossos tempos. No bispo, circundando
dos seus presbíteros, está presente o próprio Senhor Jesus Cristo, sumo
sacerdote em eterno.
Dirigindo-se à assembleia,
Francisco pede então que acolha com alegria e gratidão esses nossos irmãos, que
hoje se associam ao colégio episcopal. Aos novos bispos, pediu que reflitam
sobre o fato de que foram escolhidos entre os homens para os homens, não para
si mesmos.
“’Episcopado’, com efeito,
é o nome de um serviço - não é verdadeiro episcopado sem serviço -, não de uma
honra - como queriam os apóstolos, um à direita, outro à esquerda -, porque ao
bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: ‘Quem
é o maior entre vós, se torne o menor. E quem governa, como quem serve’.
Servir. E com este serviço, vocês vão custodiar a vocação e serão autênticos
pastores no servir, não nas honras, na potestade, na potência... Não. Servir,
sempre servir.”
Proximidade
Francisco então faz uma
série de exortações: anunciem a Palavra em qualquer ocasião, oportuna ou não.
Advirtam, repreendam e exortem com magnanimidade e doutrina, continuem a estudar.
Vocês serão os custódios do serviço, da caridade na Igreja, por isso Deus os
quer próximos. Proximidade, aliás - disse o Papa - , é o traço mais
característico de Deus.
"Por favor, não
abandonem esta proximidade", afirmou, citando as quatro proximidades do
bispo: a Deus, aos bispos, aos sacerdotes e ao povo. Sempre na oração:
“A primeira tarefa do
bispo é rezar e não como um papagaio. Não! Rezar com o coração, rezar. "Eu
não tenho tempo." Não! Deixe todas as outras coisas, mas rezar é a
primeira tarefa do bispo.”
O Papa recordou que dentro
da Igreja não há "partidos", portanto recomendou a proximidade a
todos os bispos, sem falar mal dos irmãos. E pediu tempo para dedicar aos
sacerdotes, sem que tenham que esperar dias para serem recebidos e ouvidos.
"Quantas vezes ouvi lamentações, que um sacerdote diz: 'Liguei para o
bispo, mas a secretária disse que estava com a agenda cheia, que talvez em 30
dias poderia me receber...'. Isso não está certo. Se souber que um sacerdote o
procurou, ligue no mesmo dia ou no dia seguinte."
Francisco então concluiu:
"Que o Senhor os faça crescer neste caminho da proximidade, assim imitarão melhor o Senhor, porque Ele sempre esteve próximo a nós e, com a sua proximidade que é de compaixão e de ternura, nos leva avante. E que Nossa Senhora os proteja."
a lógica de
Cristo é descer do pedestal para servir
No Angelus com milhares de
fiéis na Praça São Pedro, Francisco explicou a diferença dos verbos emergir e
imergir segundo a lógica de Cristo. "A busca do prestígio pessoal pode se
tornar uma doença do espírito", advertiu.
Depois de celebrar a missa
na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco rezou com os fiéis reunidos na Praça
São Pedro a oração do Angelus.
Comentando o Evangelho
deste 29º Domingo do Tempo Comum, o Pontífice destacou dois verbos: emergir e
imergir.
Marcos narra que dois dos
discípulos, Tiago e João, pedem ao Senhor para se sentar ao Seu lado na glória,
"como primeiros-ministros", causando indignação nos demais. Jesus
então ensina que a verdadeira glória se obtém vivendo o batismo que estava para
receber em Jerusalém, e não elevando-se sobre os outros.
A palavra batismo
significa “imersão”. Portanto, a glória de Deus é amor que se faz serviço, não
poder que busca o domínio.
As ciladas da busca do
prestígio pessoal
Emergir, explicou o Papa,
expressa aquela mentalidade mundana da qual somos sempre tentados: viver todas
as coisas, até mesmo as relações, para alimentar a nossa ambição, para subir os
degraus do sucesso. A busca do prestígio pessoal, advertiu, pode se tornar uma
doença do espírito. "Isso na Igreja também acontece", lamentou
Francisco: "Quantas vezes, nós cristãos, que deveríamos ser os servidores,
buscamos galgar, ir avante." É importante sempre verificar as verdadeiras
intenções do coração e perguntar-se se levo avante um serviço somente para ser
notado e louvado.
A esta lógica mundana,
Jesus propõe a sua: ao invés de elevar-se sobre os demais, descer do pedestal
para servir. Ao invés de emergir sobre os outros, imergir-se na vida dos
outros. O Papa então citou um programa da televisão italiana que veiculou uma
reportagem sobre o serviço da Cáritas para que ninguém fique sem alimento:
"Preocupar-se com a fome dos outros, preocupar-se com as necessidades dos
outros. São muitos, muitos os necessitados hoje e mais ainda depois da
pandemia. Olhar e abaixar-se no servio e não buscar galgar para a própria
glória".
Eis então o segundo verbo:
imergir-se. Jesus não ficou lá no céu, a olhar-nos do alto, mas se abaixou para
lavar nossos pés. E pede que façamos o mesmo com os outros com compaixão.
“Mas nós pensamos com
compaixão na fome de tantas pessoas? Quando estamos diante da refeição, há uma
graça de Deus, que nós podemos comer. Há pessoas que trabalham e não conseguem
ter o alimento suficiente para todo o mês. Pensemos nisto! E imergir-se com
compaixão, ter compaixão não é um dado de enciclopédia. Não! São pessoas e eu
sinto compaixão por essas pessoas?”
Mas para passar do emergir
ao imergir, só o empenho não é suficiente. Mas cada um tem dentro de si a força
do batismo, daquela imersão em Jesus que impulsiona a segui-Lo, é um fogo que o
Espírito acendeu e que deve ser alimentado.
Francisco então concluiu pedindo
a Nossa Senhora nos ajude a encontrar Jesus. “Ela, mesmo sendo a maior, não
buscou emergir, mas foi a humilde serva do Senhor e imergiu-se completamente ao
nosso serviço para nos ajudar a encontrar Jesus.”
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Assista:
.................................................................................................................................................... Fonte: vaticannews.va
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