A presidência da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na manhã deste domingo, 17 de outubro, uma
Carta Aberta dirigida ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo (ALESP), o deputado estadual, Carlão Pignatari. No documento, a CNBB
rejeita “fortemente as abomináveis agressões” proferidas no último dia 14 de
outubro, dia de seu aniversário de 69 anos de presença e serviços ao Brasil,
pelo deputado estadual Frederico D’Avila, da Tribuna da ALESP. Em vídeo, Dom
Walmor Oliveira de Azevedo manifestou sua indignação e prestou apoio ao Papa
Francisco e ao arcebispo de Aparecida.
O político, diz a carta, agiu com ódio
descontrolado e desferiu ataques ao Santo Padre o Papa Francisco, à própria
CNBB e ao arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes. A CNBB defende
que, com esta atitude, o deputado “feriu e comprometeu a missão parlamentar, o
que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes” e vai
buscar uma reparação jurídica a ser corrigida “pelo bem da democracia
brasileira”.
Na Carta Aberta, a CNBB afirma se ancorar,
profeticamente, sem medo de perseguições, no princípio contido na Gaudium
et Spes (“Alegria e Esperança” em latim) sobre o papel da Igreja no mundo
contemporâneo, a única constituição pastoral e a 4ª das constituições do
Concílio Vaticano II:
“a Igreja reivindica sempre a liberdade a
que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades
sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a
salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76)
A CNBB busca agora, por meio da presidência
de seu regional Sul 1, um agenda para entregar pessoalmente o documento ao
presidente da ALESP, deputado Carlão Pignatari. Confira, abaixo, a
íntegra do documento em versão word e aqui
em versão PDF.
CARTA ABERTA
P – Nº. 0325/21
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil-CNBB, nesta casa legislativa e diante do Povo Brasileiro, rejeita
fortemente as abomináveis agressões proferidas pelo deputado estadual Frederico
D’Avila, no último dia 14 de outubro, da Tribuna da Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo. Com ódio descontrolado, o parlamentar atacou o Santo Padre
o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo. e Revmo. Sr. Dom Orlando
Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a missão parlamentar, o
que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes.
Ao longo de toda a sua história de 69 anos,
celebrada no dia em que ocorreu este deplorável fato, a CNBB jamais se
acovardou diante das mais difíceis situações, sempre cumpriu sua missão
merecedora de respeito pela relevância religiosa, moral e social na sociedade
brasileira. Também jamais compactuou com atitudes violentas de quem quer que
seja. Nunca se deixou intimidar. Agora, diante de um discurso medíocre e
odioso, carente de lucidez, modelo de postura política abominável que precisa
ser extirpada e judicialmente corrigida pelo bem da democracia brasileira, a
CNBB, mais uma vez, levanta sua voz.
A CNBB se ancora, profeticamente, sem medo
de perseguições, no seguinte princípio: a Igreja reivindica sempre a liberdade
a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades
sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a
salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76).
Defensora e comprometida com o Estado
Democrático de Direito, a CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia casa
legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais
e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção
à sua gravidade – sinal de compromisso inarredável com a construção de uma
sociedade democrática e civilizada.
A CNBB, prontamente, comprometida com a
verdade e o bem do povo de Deus, a quem serve, tratará esse assunto grave nos
parâmetros judiciais cabíveis. As ofensas e acusações, proferidas pelo
parlamentar – protagonista desse lastimável espetáculo – serão objeto de sua
interpelação para que sejam esclarecidas e provadas nas instâncias que
salvaguardam a verdade e o bem – de modo exigente nos termos da Lei.
Brasília-DF, 16 de outubro de 2021
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