Nossa Senhora Aparecida
Se setembro para a Igreja no Brasil, há cinquenta anos, figura como um dos meses temáticos por ser dedicado à Bíblia, outubro segue na mesma linha, pois neste período vivemos o mês das missões. Neste mês temos também festas mariana, especialmente no dia 12 quando celebramos Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, dentro do Mês Missionário.
São comemorações muito importantes não só
para os brasileiros, mas para toda a humanidade. O encontro da imagem de Nossa
Senhora no Rio Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo, há 304 anos, foi um
verdadeiro divisor na história do País, em uma época em que a miséria, a fome e
a escravidão pautavam a vida de todos da nação.
Podemos entender o encontro da imagem como
um autêntico significado missionário, pois é fato que Maria, pelo seu sim a
Deus, tornou-se a primeira missionária da história. Todos nós somos
missionários e, por isso, chamados a ir para além dos muros dos templos, como
sempre destaca o Papa Francisco.
Ir ao encontro do outro é desfazer-se das
próprias vontades e anseios e viver a realidade que se desenha em nossa frente.
Segundo São José Freinademetz, “o maior desafio de um missionário é a
transformação de si mesmo”.
Em cada um de nós, há a necessidade básica
da mudança, a partir do encontro e da vivência com os demais. Neste processo de
ir ao encontro das necessidades, fazer seu trabalho e seguir em frente, há um
verdadeiro desafio para todo aquele que se dedica à missão.
“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em
mim, segundo a Tua palavra”. Com esta frase no momento da anunciação, Maria deu
início a uma nova história, muito mais humana e leve para todos os povos.
Não podemos nos esquecer de que ainda
vivemos uma pandemia, por causa do coronavírus. Talvez permanecer em
quarentena, exercitando nossa paciência, tenha sido um dos mais nobres gestos
missionários de cada um de nós, para com nosso próximo e para com a humanidade.
Cuidar de si e do outro faz parte deste trajeto que se desenha em nossa frente.
Todo missionário é movido a desafios.
Sejamos também nós, principalmente neste mês de outubro, quando celebramos
nossa padroeira, agentes de missão, pessoas responsáveis por levar adiante a
Palavra do Senhor, sob a ótica de Maria que, mesmo ante todas as dúvidas e
dificuldades, não titubeou ao dizer seu sim e esperar pela vinda de Cristo.
No dia de Nossa Senhora Aparecida também se
comemora o Dia das Crianças, uma feliz coincidência no Brasil! Quando pequenos,
aguardamos ansiosamente este dia, data na qual a maioria das crianças do nosso
país recebe presentes. Mas afinal, como cristãos católicos, como devemos
guardar este dia?
Enquanto católicos, desde cedo devemos
ensinar os nossos filhos e filhas o valor que esta data possui, fazê-los
conhecer a história da padroeira, o porquê D’Ela ser tão importante para nossa
Igreja e para as nossas vidas.
O que não significa que devemos deixar de
lado a comemoração das crianças, afinal, no Evangelho vemos Jesus ensinando o
valor que os pequeninos têm, seja em Mateus 19,14 onde Jesus diz: “Deixai vir a
mim estas criancinhas e não as impeçais. Porque o Reino dos Céus é para aqueles
que a elas se assemelham”, ou como em Marcos 10,15 onde fala: “Em verdade vos
digo, todo aquele que não receber o Reino de Deus com mentalidade de uma
criança, nele não entrará”.
Nesta data, temos uma grande chance de
meditar sobre esses trechos evangélicos. Por que devemos ser como crianças?
Devemos ser como crianças no sentido da pureza, no modo como agimos e reagimos
ao mundo. Devemos ser como os pequeninos de Jesus para que sejamos dignos do
seu Reino.
E quem melhor para nos ensinar a ser puros,
senão a criatura que em sua pureza virginal gerou o filho de Deus, aquela que
foi concebida sem pecado, e que foi exemplo de esperança e santidade? Quão
abençoados somos por termos esta data em nossas vidas. Devemos zelar por estas
duas comemorações que se completam neste dia. De um lado, a Mãe de Deus, a
maternidade e, do outro, a vida, a fecundidade!
O maior presente que podemos oferecer às
crianças que fazem parte da nossa vida é justamente consagrá-las à Nossa
Senhora da Conceição Aparecida e viver este dia em família: participando da
Celebração Eucarística, fazendo uma refeição juntos, brincando, dedicando tempo
e presença.
Finalizo convidando você a rezar comigo uma
Ave-Maria por todas as missões da Igreja, por nossas crianças e pelo fim da
pandemia:
Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é
convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre,
Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da
nossa morte. Amém!
Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós!
Cardeal Orani João Tempesta - Arcebispo do
Rio de Janeiro (RJ)
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