sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Vale a pena ler e refletir:

Jesus rezava 

Em Jesus, a oração era o lugar onde ele se encontrava diretamente com o Pai e o Espírito Santo. Sabia que tudo vinha dele. Ele compreendia sua vida a partir deste caminho, único para ele. No encontro cotidiano com o Pai, sabia que tudo vinha dele e para ele voltava. Nele tinha sua identidade, era o filho amado. Nele tinha sua segurança, mesmo quando lhe roubavam a sua vida e ele nada tinha a dizer. Ele, quase tranquilo e impaciente, mantinha seu olhar em Deus Pai. Jesus sabia em quem tinha confiado a sua vida.

Dom Adelar

Este é um ensinamento de Jesus. Como ele rezava? Não se tem grande matéria sobre sua vida de oração, o que ele rezava. Contudo, sua oração, provavelmente, devia ser um encontro tranquilo, por isso escolhia os lugares mais retirados, para com o Pai. No silêncio da oração, sem muito barulho, Jesus rezava. Diante do Pai, colocava sua vida, suas alegrias e suas preocupações. Numa oportunidade, no evangelho, Jesus falou: “Naquela ocasião, em resposta, Jesus proclamou: “Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da terra, pois escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos. Amém, ó Pai, pois assim foi do teu agrado! Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho, e aquele a quem o Filho o desejar revelar” (Mt 11,25-27). Ele olhava para o Pai e o Pai olhava para Ele. Sabemos o quanto isto tem a nos dizer hoje, no “mercado religioso” que temos. Precisamos, verdadeiramente, saber, de Jesus, o que é rezar e como rezar. Não são, certamente, a relação de compra e venda que, às vezes sem pensar, atribuímos a Deus. Deus é bom e, absolutamente, gratuito. Sempre é assim. Nosso modo de rezarmos, como Jesus rezou, é este: no silêncio da oração do dia, recolher-se ou recolher a família. Todos os dias, sempre, é tempo de dialogar com Ele, donde viemos e para onde vamos. Como Jesus, mergulhar na intimidade do amor paterno, onde toda a alma tem sede: “Sois vós, ó Senhor, o meu Deus. Desde a aurora ansioso vos busco” (Sl 62,2).

“A oração é o leme que guia a rota de Jesus. Não é o sucesso, não é o consentimento, não é aquela frase sedutora ‘todos te procuram’, que ditam as etapas da sua missão. É o modo menos confortável que traça o caminho de Jesus, mas que obedece à inspiração do Pai, que Jesus ouve e acolhe na sua prece solitária” (Francisco, 04/11/2020). Este é o testemunho de Jesus, o porquê de sua missão, a razão de seu projeto: amava o Pai e, do Pai, amava os irmãos e irmãs. Neles Jesus se vê, como uma grande família. Não porque sejam melhores, não, mas porque são um com o Pai e Jesus sente misericórdia no seu interior por eles.  As orações “testemunham claramente que mesmo em momentos de maior dedicação aos pobres e doentes, Jesus nunca negligenciava o seu diálogo íntimo com o Pai. Quanto mais estava imerso nas necessidades do povo, tanto mais sentia a necessidade de descansar na Comunhão trinitária, de voltar para o Pai e para o Espírito” (Francisco, 04/11/2020).

 “A oração é como o oxigênio da vida” (Francisco, 11/11/2020). No momento da provação e das dificuldades, nunca desistir! Sempre em frente, até conversar com ele sobre o que se passa em nós! Daí o “oxigênio” para a vida. Todos têm momentos em que não são escutados, não são ouvidos, como os grandes santos tiveram, contudo, nestes momentos, ir em frente, sem desistir. “Ele cobrir-te-á com as plumas, sob as suas asas encontrarás refúgio. A sua fidelidade ser-te-á um escudo de proteção” (Sl 90, 4).

                                                                Dom Adelar Baruffi - Bispo de Cruz Alta (RS)

.........................................................................................................................................................................

Jesus Cristo é missão, nós, seus missionários

“Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4, 20)

Os homens e mulheres necessitam, urgentemente, tomar posse das graças de Deus, e, tomando posse, conhecê-Lo e, conhecendo-O, sentir esse Amor que é superior a tudo e a toda forma de amar. Diante do cenário pandêmico que a humanidade viveu, abre-se, aos poucos, novas portas de esperança para um recomeçar, uma volta gradual à normalidade onde, de forma diferente, sairemos de um isolamento social para novos tempos de relacionamentos face a face, de uma proximidade tão necessária à vida em sociedade. Isso pode parecer assustador e ao mesmo tempo prazeroso, diante de tantos meses de incertezas e temores. Há que se recomeçar, retornar ao convívio salutar da socialização e da comunhão fraterna. Somente na unidade do amor e da compreensão será possível retomar o curso da vida.

 Dom Carlos José

A Pandemia ensinou, à duras penas, que somos frágeis e susceptíveis diante do inesperado. A vida sempre nos surpreende, com altos e baixos, dificuldades e recomeços. Vivemos na pandemia um recolhimento necessário, onde a missão maior de cada cristão era rezar incansavelmente, clamando a misericórdia do Pai sobre a humanidade. Foi como se Jesus nos indagasse: “Que queres que eu te faça? ”, e nossa resposta sempre foi: “extingue, com Teu braço poderoso, essa pandemia”. Agora é a hora de agradecer e retomar, com mais ardor e confiança, nossa vida de discípulos/missionários da vinha do Senhor.

Outubro, mês missionário, nos chama à missão cotidiana de anunciar Jesus, não apenas por meios tecnológicos, como fizemos na pandemia, mas com coragem, face a face, porta à porta, pois, “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Não podemos deixar de anunciar todas as graças recebidas do Pai nestes tempos mais escuros de nossa vida. Quantos foram os testemunhos de cura, libertação, conversão e oração presenciados em meio à pandemia? Quantas dores foram transformadas em alegrias, quantos perdões foram pedidos à beira do leito de um hospital? Somos todos missionários, não por méritos próprios e sim pela graça da bondade de Deus que derramou sobre nós os dons do Espírito Santo fazendo-nos participantes da obra salvífica de Cristo.

Nossa maior missão é anunciar Aquele que é Misericórdia infinita, dar a conhecer seu Amor aos que não O conhecem e aos que, mesmo conhecendo-O, não vivem esse amor em si mesmos. Todo batizado é missionário, pois é portador dessa graça e do carisma evangelizador, como dom inerente à sua própria vontade. Porém, ter essa graça em si e não fazer uso dela, saber-se missionário e não exercitar essa missão, é negar ou esconder a graça recebida.

Missionário é aquele que crê, e crendo, põe em prática esses dons e carismas recebidos, pois sabe que não tem o direito de reter para si o que é de Deus. Missionário é aquele que aprimora seu conhecimento de Deus ao longo da vida e, usando a criatividade e os meios disponíveis atualmente, lança mão do cotidiano para anunciar com fervor, seja com a vida pessoal, seja com palavras e obras específicas, a Boa Nova, o Amor que dá sentido à vida de todos.

A Pandemia expôs, de forma muito dolorosa, o sofrimento, a solidão, as necessidades mais íntimas do ser humano, deixando à mostra a insegurança e o medo. Mesmo os mais fervorosos missionários viveram momentos de cansaço e falta de ânimo, sentindo o peso de tempos sombrios. A vida é assim, todos têm altos e baixos, somos tentados pelo inimigo a desistir da missão cristã e a nos entregarmos ao desânimo, como também somos exortados, tomados pela mão Divina que nos levanta e nos coloca no caminho missionário. Há momentos de entrega total à missão e outros, nem tanto, onde o vazio existencial parece tomar conta de nosso coração e de nossas atitudes. Precisamente nesses momentos é que todo cristão deve clamar ao Espirito Santo para que reacenda a chama missionária, o desejo de dar a conhecer o “vimos e ouvimos”, os ensinamentos de Jesus Cristo e seu Amor Misericordioso aos que padecem e perecem no desconhecimento da Pessoa de Jesus.

A Igreja de Jesus Cristo existe para evangelizar, sua identidade é a Missão. Num mundo sedento de tudo, onde as pessoas procuram tanto a fórmula da felicidade completa, urge que a Igreja, que somos todos nós batizados, tenhamos como prioridade o Anúncio do verdadeiro amor que é Cristo. Não nos deixemos abalar pela falta de interesse de muitos, nem queiramos grandes e rápidas transformações, sejamos apenas gotas de esperança e misericórdia na vida dos que nos cercam, deixando exalar o bom perfume de Cristo por onde passamos. Mais que saber que somos chamados à missão, sejamos, de fato e de verdade, missionários como foram a Virgem Maria e São José, que, no silêncio e nas atitudes, cumpriram sua missão, com fé, obediência e confiança no auxílio Divino.

                                   Dom Carlos José de OliveiraBispo de Apucarana (PR)

........................................................................................................................................................
                                                                                                                        Fonte: cnbb.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário