terça-feira, 19 de outubro de 2021

Duas oportunas reflexões:

Sínodo de 2023

Através de dois momentos – no dia 09/10 num encontro com representantes de várias dioceses e no domingo na celebração eucarística – o Papa Francisco abriu o Sínodo que culminará na Assembleia Geral dos bispos em outubro de 2023, depois de realizar as fases anteriores nas Dioceses e nas Conferências Episcopais. Com o objetivo de ser fiel ao papa e ao objetivo do Sínodo transcrevo literalmente partes da reflexão do papa feita para o início do percurso sinodal. Remeto para a leitura integral do discurso e da homilia.

Dom Rodolfo Luís

Amados irmãos e irmãs! Obrigado por estardes aqui na abertura do Sínodo. Percorrendo diversos caminhos, viestes de tantas Igrejas trazendo cada um no coração questões e esperanças; e tenho a certeza de que o Espírito nos guiará e concederá a graça de avançarmos em conjunto, de nos ouvirmos mutuamente e iniciarmos um discernimento no nosso tempo, tornando-nos solidários com as fadigas e os anseios da humanidade. Reitero que o Sínodo não é um parlamento, o Sínodo não é uma investigação sobre as opiniões; o Sínodo é um momento eclesial, e o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo. Se não estiver o Espírito, não haverá Sínodo. Vivamos este Sínodo no espírito da ardente oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus: «Para que todos sejam um só» (Jo 17, 21). É a isto que somos chamados: à unidade, à comunhão, à fraternidade que nasce de nos sentirmos abraçados pelo único amor de Deus. (…)

As palavras-chave do Sínodo são três: comunhão, participação, missão. Comunhão e missão são expressões teológicas que designam – e é bom recordá-lo – o mistério da Igreja. O Concílio Vaticano II esclareceu que a comunhão exprime a própria natureza da Igreja e, ao mesmo tempo, afirmou que a Igreja recebeu «a missão de anunciar e instaurar o reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra» (Lumen gentium, 5). Através destas duas palavras, a Igreja contempla e imita a vida da Santíssima Trindade, mistério de comunhão ad intra e fonte de missão ad extra. (…)

Ao encerrar o Sínodo de 1985, (…) São João Paulo II quis reafirmar que a natureza da Igreja é a koinonia (comunhão) (…) “Convém sumamente que na Igreja se celebrem Sínodos ordinários e, se for necessário, também extraordinários», os quais, para dar fruto, devem ser bem preparados, «a saber, é preciso que nas Igrejas locais se trabalhe pela sua preparação com participação de todos”.  E aqui temos a terceira palavra: participação. (…)

E isto, não por exigências de estilo, mas de fé. A participação é uma exigência da fé batismal. (…) O ponto de partida, no corpo eclesial, é este e mais nenhum: o Batismo. Dele, nossa fonte de vida, deriva a igual dignidade dos filhos de Deus, embora na diferença de ministérios e carismas. Por isso, todos somos chamados a participar na vida da Igreja e na sua missão. (…) É um compromisso eclesial irrenunciável! Para todos os batizados, este é o cartão de identidade: o Batismo.

O Papa Francisco também menciona três riscos que podem ocorrer no Sínodo: o formalismo, que é “reduzir o Sínodo a um evento extraordinário, mas de fachada”; intelectualismo, que é “transformar o Sínodo numa espécie de grupo de estudo, com intervenções cultas mas alheias aos problemas da Igreja e aos males do mundo” e a tentação do imobilismo, achando que é melhor não mudar pois “se fez sempre assim”.

Por fim, o papa convida para viver o Sínodo como um tempo de graça marcado pela alegria de se encontrar, de se escutar mutuamente e de discernir caminhos a partir do coração. E conclui com uma oração ao Espírito Santo.

                                       Dom Rodolfo Luís Dever - Arcebispo de Passo Fundo (RS)

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Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão

A encarnação do Verbo Divino no seio da humanidade revelou o grande amor de Deus por todas as criaturas. O Ser humano, criado à sua imagem e semelhança (Gn 1,27), é a obra especial do Criador. Somos frutos do amor incondicional de Deus misericordioso que continuamente revela sua força de amor por todos nós.

Dom Severino Clasen

Inspirados pela ação do Espírito Santo, a força do amor de Deus, somos conduzidos e inspirados para as boas obras na construção de um mundo humano e fraterno.

O Papa Francisco convoca os cristãos Católicos Apostólicos Romanos em mutirão de ações, para fortalecer a fé, incentivar a fraternidade, consolidar a alegria do evangelho na comunidade humana.

As Igrejas particulares estão convidadas a fazer a abertura do Sínodo. O Pontífice quer ouvir, dialogar, sensibilizar as pessoas no cotidiano para assumir a fé verdadeira, comprometida com a causa do Reino de Deus.

Diz o documento de preparação para o Sínodo: “O Documento Preparatório nos lembra o contexto em que este sínodo está ocorrendo –  uma pandemia global, conflitos locais e internacionais, impacto crescente das mudanças climáticas, migração, várias formas de injustiça, racismo, violência, perseguições e crescentes desigualdades em toda a humanidade, para nomear alguns”.

A Igreja é chamada a fazer uma profunda revisão de vida e de ação evangelizadora para diminuir os sofrimentos, aumentar a esperança, chamar as pessoas de boa vontade para construir um mundo mais justo, solidário, sinal do Reino de Deus acontecendo no meio de nós.

Ao convocar este Sínodo (caminhar junto, comunhão), o Papa Francisco convida toda a Igreja a refletir sobre um tema que é decisivo para sua vida e missão: É precisamente este caminho de sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milênio.

A arquidiocese de Maringá, fiel ao seu Pastor, o Papa Francisco, caminha junto, em comunhão, convocando todas as pessoas de boa vontade para contribuir na busca do novo normal, para fazer valer a profecia do profeta: “Meu Servo, o justo, fara justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53,11).

Como Igreja somos comprometidos a viver os ensinamentos do Senhor e professar a fidelidade e comunhão de vida com Ele. O mês de outubro, mês missionário, somos convocados para assumir com coragem a caminhada de revisão que deixa o Espírito de Deus guiar a Igreja. Juntos em oração, escuta, reflexão, estudo, diálogo, inspirado pela força e alegria do Evangelho, traçar novos rumos para superar as dores da humanidade, recuperar a fraternidade, fortalecer a Igreja, sinal, Sacramento da presença de Jesus Cristo no meio de nós.

Afinal, “temos um sumo sacerdote eminente, que entrou nos céus, Jesus, o filho de Deus” (Hb 4,14). A este seguimos, obedecemos, vivemos para fortalecer as relações fraternas entre nós, como expressão magna da nossa missão, criar comunhão, caminhar juntos, sustentar a missão de todos nós.

O texto preparatório afirma: “Todos nós somos chamados em virtude do nosso Batismo a ser participantes ativos na vida da Igreja. Nas paróquias, pequenas comunidades cristãs, movimentos leigos, comunidades religiosas e outras formas de comunhão, mulheres, homens, jovens e idosos, todos somos convidados a escutar uns aos outros para ouvir os impulsos do Espírito Santo, que vem para guiar os nossos esforços humanos, dando vida e vitalidade à Igreja e conduzindo-nos a uma comunhão mais profunda para a nossa missão no mundo”.

Dessa forma, provamos nossa obediência a Cristo: “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Mc 10,45).

Essa é a Igreja que queremos: Comunhão, Participação e Missão.

                                                    Dom Severino Clasen - Arcebispo de Maringá (PR)

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                                                                                                                        Fonte: cnbb.org.br

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