Sínodo de 2023
Através de dois momentos – no dia 09/10 num
encontro com representantes de várias dioceses e no domingo na celebração
eucarística – o Papa Francisco abriu o Sínodo que culminará na Assembleia Geral
dos bispos em outubro de 2023, depois de realizar as fases anteriores nas
Dioceses e nas Conferências Episcopais. Com o objetivo de ser fiel ao papa e ao
objetivo do Sínodo transcrevo literalmente partes da reflexão do papa feita
para o início do percurso sinodal. Remeto para a leitura integral do discurso e
da homilia.
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Dom Rodolfo Luís |
“Amados irmãos e irmãs! Obrigado por
estardes aqui na abertura do Sínodo. Percorrendo diversos caminhos, viestes de
tantas Igrejas trazendo cada um no coração questões e esperanças; e tenho a
certeza de que o Espírito nos guiará e concederá a graça de avançarmos em
conjunto, de nos ouvirmos mutuamente e iniciarmos um discernimento no nosso
tempo, tornando-nos solidários com as fadigas e os anseios da humanidade.
Reitero que o Sínodo não é um parlamento, o Sínodo não é uma investigação sobre
as opiniões; o Sínodo é um momento eclesial, e o protagonista do Sínodo é o
Espírito Santo. Se não estiver o Espírito, não haverá Sínodo. Vivamos este
Sínodo no espírito da ardente oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus: «Para
que todos sejam um só» (Jo 17, 21). É a isto que somos chamados: à
unidade, à comunhão, à fraternidade que nasce de nos sentirmos abraçados pelo
único amor de Deus. (…)
As palavras-chave do Sínodo são três: comunhão, participação, missão.
Comunhão e missão são expressões teológicas que designam – e é bom recordá-lo –
o mistério da Igreja. O Concílio Vaticano II esclareceu que a comunhão exprime
a própria natureza da Igreja e, ao mesmo tempo, afirmou que a Igreja recebeu
«a missão de anunciar e instaurar o reino de Cristo e de Deus em
todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra» (Lumen gentium, 5). Através destas duas palavras, a Igreja
contempla e imita a vida da Santíssima Trindade, mistério de comunhão ad
intra e fonte de missão ad extra. (…)
Ao encerrar o Sínodo de 1985, (…) São
João Paulo II quis reafirmar que a natureza da Igreja é a koinonia (comunhão)
(…) “Convém sumamente que na Igreja se celebrem Sínodos ordinários e, se for
necessário, também extraordinários», os quais, para dar fruto, devem ser bem
preparados, «a saber, é preciso que nas Igrejas locais se trabalhe pela sua
preparação com participação de todos”. E aqui temos a terceira
palavra: participação. (…)
E isto, não por exigências de estilo, mas
de fé. A participação é uma exigência da fé batismal. (…) O ponto de partida,
no corpo eclesial, é este e mais nenhum: o Batismo. Dele, nossa fonte de vida,
deriva a igual dignidade dos filhos de Deus, embora na diferença de ministérios
e carismas. Por isso, todos somos chamados a participar na vida da Igreja e na
sua missão. (…) É um compromisso eclesial irrenunciável! Para todos os
batizados, este é o cartão de identidade: o Batismo.
O Papa Francisco também menciona três
riscos que podem ocorrer no Sínodo: o formalismo, que é “reduzir o Sínodo
a um evento extraordinário, mas de fachada”; intelectualismo, que é
“transformar o Sínodo numa espécie de grupo de estudo, com intervenções cultas
mas alheias aos problemas da Igreja e aos males do mundo” e a tentação do imobilismo, achando
que é melhor não mudar pois “se fez sempre assim”.
Por fim, o papa convida para viver o Sínodo
como um tempo de graça marcado pela alegria de se encontrar, de se escutar
mutuamente e de discernir caminhos a partir do coração. E conclui com uma
oração ao Espírito Santo.
Dom Rodolfo Luís Dever - Arcebispo de Passo
Fundo (RS)
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Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão
A encarnação do Verbo Divino no seio da
humanidade revelou o grande amor de Deus por todas as criaturas. O Ser humano,
criado à sua imagem e semelhança (Gn 1,27), é a obra especial do Criador. Somos
frutos do amor incondicional de Deus misericordioso que continuamente revela
sua força de amor por todos nós.
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Dom Severino Clasen |
Inspirados pela ação do Espírito Santo, a
força do amor de Deus, somos conduzidos e inspirados para as boas obras na
construção de um mundo humano e fraterno.
O Papa Francisco convoca os cristãos
Católicos Apostólicos Romanos em mutirão de ações, para fortalecer a fé,
incentivar a fraternidade, consolidar a alegria do evangelho na comunidade
humana.
As Igrejas particulares estão convidadas a
fazer a abertura do Sínodo. O Pontífice quer ouvir, dialogar, sensibilizar as
pessoas no cotidiano para assumir a fé verdadeira, comprometida com a causa do
Reino de Deus.
Diz o documento de preparação para o
Sínodo: “O Documento Preparatório nos lembra o contexto em que este sínodo está
ocorrendo – uma pandemia global, conflitos locais e internacionais,
impacto crescente das mudanças climáticas, migração, várias formas de
injustiça, racismo, violência, perseguições e crescentes desigualdades em toda
a humanidade, para nomear alguns”.
A Igreja é chamada a fazer uma profunda
revisão de vida e de ação evangelizadora para diminuir os sofrimentos, aumentar
a esperança, chamar as pessoas de boa vontade para construir um mundo mais
justo, solidário, sinal do Reino de Deus acontecendo no meio de nós.
Ao convocar este Sínodo (caminhar junto,
comunhão), o Papa Francisco convida toda a Igreja a refletir sobre um tema que
é decisivo para sua vida e missão: É precisamente este caminho de sinodalidade
que Deus espera da Igreja do terceiro milênio.
A arquidiocese de Maringá, fiel ao seu
Pastor, o Papa Francisco, caminha junto, em comunhão, convocando todas as
pessoas de boa vontade para contribuir na busca do novo normal, para fazer
valer a profecia do profeta: “Meu Servo, o justo, fara justos inúmeros homens,
carregando sobre si suas culpas” (Is 53,11).
Como Igreja somos comprometidos a viver os
ensinamentos do Senhor e professar a fidelidade e comunhão de vida com Ele. O
mês de outubro, mês missionário, somos convocados para assumir com coragem a
caminhada de revisão que deixa o Espírito de Deus guiar a Igreja. Juntos em
oração, escuta, reflexão, estudo, diálogo, inspirado pela força e alegria do
Evangelho, traçar novos rumos para superar as dores da humanidade, recuperar a
fraternidade, fortalecer a Igreja, sinal, Sacramento da presença de Jesus
Cristo no meio de nós.
Afinal, “temos um sumo sacerdote eminente,
que entrou nos céus, Jesus, o filho de Deus” (Hb 4,14). A este seguimos,
obedecemos, vivemos para fortalecer as relações fraternas entre nós, como
expressão magna da nossa missão, criar comunhão, caminhar juntos, sustentar a
missão de todos nós.
O texto preparatório afirma: “Todos nós
somos chamados em virtude do nosso Batismo a ser participantes ativos na vida
da Igreja. Nas paróquias, pequenas comunidades cristãs, movimentos leigos,
comunidades religiosas e outras formas de comunhão, mulheres, homens, jovens e
idosos, todos somos convidados a escutar uns aos outros para ouvir os impulsos
do Espírito Santo, que vem para guiar os nossos esforços humanos, dando vida e
vitalidade à Igreja e conduzindo-nos a uma comunhão mais profunda para a nossa
missão no mundo”.
Dessa forma, provamos nossa obediência a
Cristo: “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida como resgate para muitos” (Mc 10,45).
Essa é a Igreja que queremos: Comunhão,
Participação e Missão.
Dom Severino Clasen - Arcebispo de Maringá
(PR)
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