Casa, escola e praça
O futuro da humanidade passa ineludivelmente pela educação.
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Dom João Justino |
Mesmo com a
pluralidade legítima dos métodos de ensino, a educação só pode acontecer na
relação interpessoal. E no âmbito escolar, ou na sala de aula, no centro está a
relação professor-aluno. Mulheres e homens se tornam professores não porque têm
formação acadêmica que lhes habilita ao magistério, mas porque entabularam a
relação com educandos e trilharam o caminho do aprendizado. Nesse sentido, o
êxito da educação vem sobretudo da qualidade dessa relação professor-aluno,
marcada pela descoberta de valores, conhecimentos, atitudes, virtudes e
sentimentos que humanizam tanto um quanto outro.
Esse modo de
compreender a educação e a escola está fundado num espaço inter-relacional
anterior que é, ainda, mais forte e determinante para o aprendizado. Trata-se
da família, qual arranjo de relações em que os pais educadores transmitem
valores, conhecimentos, atitudes, virtudes e sentimentos. No âmbito familiar a
criança aprende a falar, a conversar. Na escola ela é alfabetizada, isto é,
aprende a ler, a escrever, a contar. Em casa e na escola a criança assimila
valores dos educadores, sejam eles pais, sejam professores. A responsabilidade
primeira pela educação dos filhos pertence aos pais. Eles – com muitos e
eventuais limites – escolhem a escola para seus filhos. Há, portanto, uma
relação fundamental de cooperação entre família e escola. Somente pelo diálogo,
pais e professores podem pactuar em favor de uma educação integral e
integradora. Na pólis, esse diálogo não fica restrito à família e à escola. Há
um terceiro interlocutor, a sociedade.
É nesse horizonte
que Papa Francisco propôs aos líderes do mundo, em 2019, que trabalhem em favor
do Pacto Educativo Global. O futuro da humanidade passa ineludivelmente pela
educação. E família, escola/universidade e sociedade são os agentes educadores
chamados a pactuar entre si, em torno de um núcleo comum de valores, como
explicita o Papa: “a) colocar no centro de cada processo educativo – formal e
informal – a pessoa, o seu valor, a sua dignidade para fazer emergir a sua
especificidade, a sua beleza, a sua singularidade [...]; b) ouvir a voz das
crianças, adolescentes e jovens a quem transmitimos valores e conhecimentos,
para construir juntos um futuro de justiça e paz, uma vida digna para toda a
pessoa; c) favorecer a plena participação das meninas e jovens na instrução; d)
ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; e) educar e
educarmo-nos para o acolhimento, abrindo-nos aos mais vulneráveis e
marginalizados; empenhar-nos no estudo para encontrar outras formas de
compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso, para que
estejam verdadeiramente ao serviço do homem e da família humana inteira na
perspectiva duma ecologia integral; f) guardar e cultivar a nossa casa comum,
protegendo-a da exploração dos seus recursos, adotando estilos de vida mais
sóbrios [...]”.
A beleza de uma
casa, de uma escola e de uma praça são as pessoas. Quanto mais essas se
interagem, mais crescem e aprendem. Nossa homenagem aos professores e
professoras se estende a todos os educadores que nas casas, nas escolas e nas
praças apostam no futuro de fraternidade, paz e justiça para a humanidade.
Dom João Justino
de Medeiros Silva - Arcebispo de Montes Claros - MG
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