Dinamismo cristão
Remeto a uma observação de Geoffrey Blainey,
historiador australiano: se oito cristãos, influentes em seu tempo, se
reunissem ao redor de uma mesa de jantar, que conversas surgiriam? Seriam eles,
Paulo de Tarso, Nestório de Constantinopla, Francisco de Assis, Teresa D’Ávila,
Martinho Lutero, George Fox dos Quakers, o pastor Lekganyane da África do Sul e
o Papa João Paulo II.
Quanto dinamismo!
O cristianismo se mantém dinâmico quando
não perde sua disposição para discutir. Evidentemente, há um núcleo da fé que
se comporta como o núcleo-duro das ciências: não se pode dizer que a água
pertença ao reino animal. Mas há tanta coisa mais a se dizer da água!
O mundo que conhecemos foi moldado pelo
pensamento cristão: moral, ética, o calendário, a assistência social,
arquitetura, literatura, música e idioma são algumas das colaborações
prestadas.
Talvez, nenhuma outra instituição tenha
cuidado tão diligentemente dos enfermos, pobres, órfãos e velhos. Durante muito
tempo, a igreja cristã foi a predecessora da assistência social e o principal
agente da educação: fundou a maioria das primeiras escolas e universidades. É
só lembrar dos jesuítas que aportaram na Terra de Santa Cruz, recém-descoberta.
O cristianismo influenciou o reconhecimento
do status de família. No rastro, influenciou a democracia.
A democracia não nasceu nas ágoras de
Atenas, onde só os senhores tinham a palavra. Paulo de Tarso reinventou o
conceito quando proclamou que não haveria mais judeu nem grego, escravo ou
livre, homem ou mulher, porque todos eram um só em Cristo Jesus (Gálatas 3,28).
Isso não é pouco!
Não se trata de colocar a Igreja cristã, de
novo, nos pedestais de onde ela já desceu. Cometeu erros, mas, justiça seja
feita, colaborou, ininterruptamente, para um mundo melhor.
Dom José Francisco Rezende Dias - Arcebispo de Niterói (RJ)
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