o Natal é a festa da humildade de Deus
“Deus é amor, por
isso é humildade! O amor cria dependência da pessoa amada, uma dependência que
não humilha, mas torna felizes", disse o frei capuchinho.
Vatican News - “Veio morar entre nós” foi o tema da terceira e última pregação de Advento do pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, ao Papa e à Cúria Romana, na manhã desta sexta-feira (18/12), na Sala Paulo VI.
Na memorável
mensagem “Urbi et orbi” de 27 de março passado na Praça São Pedro, após ter
lido o evangelho da tempestade acalmada, o Santo Padre se perguntava em que
consistia a “pouca fé” que Jesus censurava nos discípulos. A seguir, o frei
capuchinho disse:
Eles não tinham
entendido quem era que estava com eles no barco; não tinham entendido que, com
ele dentro, o barco não podia afundar porque Deus não pode perecer. Nós,
discípulos de hoje, cometeremos o mesmo erro dos apóstolos e mereceremos a
mesma reprovação de Jesus se, na violenta tempestade que se abateu sobre o
mundo com a pandemia, nós nos esquecêssemos que não estamos sós no barco e à
deriva nas ondas.
A festa do Natal
nos permite alargar o horizonte: do mar da Galileia ao mundo inteiro, dos
apóstolos a nós: “E a Palavra se fez carne e veio habitar entre nós” (Jo 1,14).
O Filho de Deus desceu sobre esta terra e Deus não pode perecer.
“Deus está
conosco”, isto é, está do lado do homem, é seu amigo e aliado contra as forças
do mal. Devemos reencontrar o significado primordial e simples da encarnação do
Verbo, para além de todas as explicações teológicas e dos dogmas construídos
sobre ela. Deus veio habitar em nosso meio! Quis fazer deste evento o seu nome
próprio: Emanuel, Deus-conosco. O que Isaías profetizara, “A virgem ficará
grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel (Is 7,14),
tornou-se fato realizado.
O Natal é a festa
da humildade de Deus. Para celebrá-la em espírito e verdade, devemos nos fazer
pequenos, como devemos nos abaixar para entrar pela porta estreita que dá
acesso à Basílica da Natividade em Belém.
O “sacramento” da
pobreza! São palavras fortes, mas fundamentadas. Se, de fato, pelo fato da
encarnação, a Palavra, em certo sentido, assumiu cada homem (assim pensavam
alguns Padres gregos), pelo modo em que ela se realizou, ele assumiu, em um
título todo particular, o pobre, o humilde, o sofredor. “Instituiu” este sinal,
como instituiu a Eucaristia. Assim, aquele que pronunciou sobre o pão as
palavras: “Isto é o meu corpo”, pronunciou as mesmas palavras também sobre os
pobres.
O frei
Cantalamessa concluiu a sua pregação com as seguintes palavras: “Ó Rei das
nações. Desejado dos povos; Ó Pedra angular, que os opostos unis: Oh, vinde e
salvai este homem tão frágil, que um dia criastes do barro da terra!” Vinde e
reerguei a humanidade extenuada pela longa prova desta pandemia.
Traduzido do
italiano por Pe. Ricardo Farias, Ofmcap
Assista à pregação em:
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Leia a pregação na íntegra em:
https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-12/raniero-cantalamessa-terceira-pregacao-advento-2020.html
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