domingo, 2 de outubro de 2016

16ª Viagem Apostólica de Francisco

Papa Francisco no Azerbaijão

Baku (RV) – O Papa Francisco chegou à Baku, capital do Azerbaijão, na manhã deste domingo, para cumprir a última etapa de sua 16ª Viagem Apostólica internacional.
Se na Geórgia a visita teve um caráter mais ecumênico, no Azerbaijão, de onde o Papa partirá ainda este domingo, a visita - que tem por lema "Somos todos irmãos" - será marcada pelo diálogo inter-religioso. 
O Airbus da Alitália aterrissou no Aeroporto Internacional Guidar Alíev às 9h30min locais, sendo o Pontífice recebido pelo Vice-Primeiro Ministro Yarub Eyubov. O Núncio Apostólico no Azerbaijão Dom Marek Solczynski, também Núncio na Geórgia e Armênia,  estava no voo vindo de Tbilisi.
Papa foi recebido no Aeroporto
pelo Vice-Primeiro Ministro do Azerbaijão, Yarub Eyubov
Houve uma breve cerimônia de boas-vindas, somente com a apresentação da Guarda de Honra, sem que fossem entoados hinos ou proferidos discursos.
Do Aeroporto, Francisco seguiu para a Igreja da Imaculada, distante 23 km, para presidir uma Santa Missa para centenas de fieis.
O Papa João Paulo II já havia realizado uma breve viagem apostólica à cidade de Baku entre 22 e 23 de maio de 2002. O centro histórico da cidade está dentro de uma antiga fortaleza, sendo declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco no ano 2000.
A realidade católica no país é pequena: os católicos são 560, existe uma só paróquia, 7 sacerdotes religiosos, 10 religiosos, 5 religiosas professas, 1 seminarista cursando teologia, 1 Instituto de educação e 1 de beneficência Foram 14 os batizados no último ano. A pequena comunidade dos salesianos, que representa todo o clero do país, é formada por seis sacerdotes, três Irmãos e um jovem azero em formação para tornar-se diácono.
94,8% da população de 9,5 milhões de habitantes é de religião muçulmana. Os cristãos representam 3,5% da população, sendo a maioria ortodoxa.
Às 19 horas deste domingo (horário local), o Papa retorna a Roma. (JE)
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Cardeal Tauran:
O diálogo é o caminho para a paz

Cidade do Vaticano (RV) – A dimensão inter-religiosa marca fortemente a breve visita do Papa ao Azerbaijão, onde a maioria da população é muçulmana, com pequenas minorias cristãs-ortodoxas e judaicas.
“A fraternidade invocada no lema da viagem de Francisco já é vivida em muitos aspectos pelos líderes religiosos do país e servirá para relançar ao mundo de hoje uma importante mensagem”, afirma o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran, entrevistado pela Rádio Vaticano: 
Mesquita em Baku
Cardeal Tauran“Cada encontro é um dom de Deus, Criador, Pai providente, Deus da paz. E esta viagem tem a particularidade de ser, de qualquer maneira, a continuação da recente viagem à Armênia. Sabemos das fortes tensões existentes entre os dois países. As religiões e os seus líderes, assim como também os seus seguidores, têm uma responsabilidade e uma missão especial pelo diálogo, a reconciliação e a paz”.
RV: Atualmente, como está o diálogo entre judeus, cristãos e muçulmanos no Azerbaijão?
Cardeal Tauran“As informações que temos são positivas. Os líderes religiosos apareceram mais de uma vez juntos, viajam juntos; vieram a Roma juntos. Por outro lado, o próprio governo toma a iniciativa de promover o diálogo intercultural e inter-religioso. Portanto, diria que é um ambiente favorável”.
RV: E isto acaba tendo uma certa influência no país....
Cardeal Tauran“Sim, sim! É um país que é relativamente aberto ao externo”.
RV: Eminência, hoje será a terceira vez que o Papa Francisco entrará em uma mesquita, ao lado de um importante líder muçulmano. O senhor poderia nos dizer se existe algum passo, se existe alguma mudança em andamento em relação ao mundo muçulmano?
Cardeal Tauran“Não, coisas novas não. Porém é importante, porque o Xeique muçulmano de confissão xiita, tem também uma grande responsabilidade a nível regional e usufrui de um grande respeito e simpatia. Os refugiados e os imigrantes, sem distinção de etnia e religião, são acolhidos. Penso que seja importante encorajar esta orientação”.
RV: O que este encontro em Baku entre o Papa e o Xeique poderá dizer ao mundo de hoje, com os seus problemas, os seus questionamentos, sobretudo em relação ao terrorismo, à desconfiança em relação ao outro, o ceticismo e a guerra conduzida em nome da religião?
Cardeal Tauran“Antes de tudo penso que difundirá uma mensagem de paz e de fraternidade, em particular para o Cáucaso onde não faltam tensões de fundo étnico e religioso. E depois, uma outra mensagem para aquela região e para o mundo: o diálogo – e não a guerra – é o caminho principal, o único digno de ser percorrido em direção à justiça e a paz. O diálogo é conhecer-se, apreciar-se, saber escutar. Estas atenções às pessoas no ordinário da vida são muito importantes, porque é lá que se cria uma cultura da paz e que nasce a esperança”. (je/gc)
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Francisco:
Fé e serviço estão interligados

Baku (RV) – O primeiro compromisso do Papa, em terras azerbaijanas, foi a solene celebração Eucarística, na igreja da Imaculada Conceição, o primeiro templo católico de Baku, inaugurado em 1912, no Centro dos Salesianos.
Hoje a pequena Comunidade dos Salesianos representa todo o clero do Azerbaijão: 6 sacerdotes, 3 irmãos e um jovem autóctone em formação, prestes a se tornar Diácono. O Centro Salesiano Maryam, dedicado a Nossa Senhora, é composto de um centro educacional para crianças e adolescentes, e refeitório para pobres e refugiados. Com os religiosos Salesianos, trabalham algumas Missionárias da Caridade, muito ativas entre as pessoas idosas e mais necessitadas da capital azerbaijana, e duas Filhas de Maria Auxiliadora.
“Permaneçam sempre unidos,
vivendo humildemente na caridade e na alegria.
O Senhor, que mantém a harmonia entre as diferenças, os protegerá"
Assim, o Santo Padre presidiu à celebração da Santa Missa na pequena igreja do Centro Salesiano, que pode conter 300 pessoas.
Em sua homilia, Francisco apresentou, com base na liturgia do dia, dois aspetos essenciais da vida cristã: a fé e o serviço. A propósito da fé, o Papa aconselhou a fazer dois pedidos particulares ao Senhor:
“O primeiro é do profeta Habacuc, que suplica a Deus para intervir e restabelecer a justiça e a paz, que os homens romperam com as violências, lutas e contendas. Mas, Deus não intervém e não resolve com a força a situação. Pelo contrário, convida a aguardar com paciência, sem nunca perder a esperança e a fé”.
Deus não atende a nossa vontade de mudar imediatamente o mundo e os outros, mas quer, antes de tudo, transformar o coração. Ele muda o mundo, mudando os nossos corações, mediante a nossa colaboração. Devemos abrir-lhe a porta do coração, para que ele possa entrar na nossa vida. Trata-se de uma abertura de confiança e de fé. E o Papa passou a explicar o segundo pedido que devemos fazer ao Senhor:
“O segundo pedido é aquele que, no Evangelho, os Apóstolos dirigem ao Senhor: “Aumentai a nossa fé!” É um bom pedido, uma súplica que deveríamos dirigir a Deus todos os dias. Mas a resposta divina é surpreendente: “Se tiverem fé...”. Ele nos pede para ter fé, porque a fé é um dom de Deus e deve sempre ser pedida e cultivada por nós”.
Mas a fé, afirmou Francisco, não é uma força mágica que cai do céu, não é um ‘dote’ pessoal para sempre, tampouco um superpoder para resolver os nossos problemas. A fé não deve ser confundida com bem-estar, como consolação para termos paz no coração. A fé é o fio de ouro que nos liga ao Senhor, a pura alegria de estar unido a Ele. Ao poder da fé, o Senhor acrescenta o poder do serviço. Fé e serviço estão interligados.
Para explicar esta interligação, o Pontífice utilizou a imagem que é muito familiar para os azerbaijanos: os tapetes. “Os seus tapetes, comparou o Papa, são verdadeiras obras de arte, provenientes de uma antiga tradição”.
Assim acontece com a vida cristã, que vem de longe, disse Francisco: é um dom que recebemos na Igreja e provém do coração de Deus, que deseja fazer de cada um de nós “uma obra-prima” da criação e da história. A vida cristã, como acontece com o tapete, tem que ser pacientemente tecida, a cada dia, entrelaçando a fé e o serviço. Assim, a fé causa maravilhas, sempre unida ao serviço. E o Papa perguntou: Mas que é o serviço? E respondeu:
“Poderíamos pensar que (o serviço) consiste apenas em ser fiéis aos nossos deveres ou em praticar uma boa ação. Mas, para Jesus, é muito mais: é disponibilidade total em nossa vida. Ele nos deu o exemplo vindo ao mundo para servir e dar a sua vida. Isto se realiza ainda hoje quando celebramos a Eucaristia, mediante a qual o Senhor está entre nós para servir e amar”.
Portanto, frisou o Papa, não somos chamados a servir apenas para sermos recompensados, mas para imitar Deus, que se fez servo por amor. Logo, o serviço se torna estilo de vida cristã: devemos servir a Deus na adoração e na oração, sendo abertos e disponíveis, amando o próximo e trabalhando com ardor pelo bem comum. Após ter apresentado duas tentações da vida cristã, tepidez e senhoria, Francisco animou o pequeno rebanho azerbaijano:
Estou certo, porém, de que, fixando seus olhos nos exemplos daqueles que lhes precederam na fé, não deixarão entibiar seu coração. Toda a Igreja, que nutre uma simpatia especial por vocês, os encoraja. Vocês são um pequeno rebanho, mas muito precioso aos olhos de Deus”.
Por fim, retomando a imagem do “tapete”, o Santo Padre a aplicou à pequena comunidade católica azerbaijana: cada um é como um esplêndido fio de seda, que, unidos e entrelaçados, criam uma linda composição. E os exortou:
“Permaneçam sempre unidos, vivendo humildemente na caridade e na alegria. O Senhor, que mantém a harmonia entre as diferenças, os protegerá. Por intercessão da Imaculada Conceição e de Santa Teresa de Calcutá, cujos frutos de fé e serviço estão presentes no meio de vocês, acolham as palavras, que resumem a mensagem de hoje: “O fruto da fé é o amor. O fruto do amor é o serviço. O fruto do serviço é a paz”. (MT)
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Papa no Angelus:
Depois dos anos da perseguição, a fé realizou maravilhas

Baku (RV) – Ao concluir a celebração eucarística na Igreja da Imaculada, em Baku, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus com os presentes. “Nesta Celebração Eucarística, dei graças a Deus convosco, mas também por vós: aqui, depois dos anos da perseguição, a fé realizou maravilhas”, afirmou.
"Os tantos cristãos corajosos que
tiveram confiança no Senhor e mantiveram-se fiéis nas adversidades”
“Os tantos cristãos corajosos que tiveram confiança no Senhor e mantiveram-se fiéis nas adversidades”, foram recordados pelo Santo Padre, que citando um pronunciamento de João Paulo II quando de sua visita ao país em 2002 disse: «Honra… a vós que credes!».
O Papa então dirigiu seus pensamentos à Virgem Maria, “venerada no país, não somente pelos cristãos”:
“Na luz que resplandece do rosto materno de Maria, dirijo uma cordial saudação a vós, queridos fiéis do Azerbaijão, encorajando cada um a testemunhar com alegria a fé, a esperança e a caridade, unidos entre vós mesmos e com os vossos pastores. Saúdo e agradeço, em particular, à Família Salesiana, que cuida intensamente de vós e promove várias obras beneméritas, e às Irmãs Missionárias da Caridade: continuai com entusiasmo a vossa obra ao serviço de todos!”.
O Papa concluiu o Angelus, invocando a intercessão e a proteção da Santíssima Mãe de Deus “para as vossas famílias, os doentes e os idosos, para quantos sofrem no corpo e no espírito”. (JE)
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No encontro com as Autoridades,
Papa almeja nova fase de paz estável
Baku (RV) – Na parte da tarde deste domingo (02/10), o Santo Padre iniciou suas atividades em terras azerbaijanas, com uma visita de cortesia ao Presidente do país, Ilham Heydar Aliyev, no Palácio Presidencial de Ganjlik, em Baku.
Ao término da cerimônia de boas vindas, o Papa fez uma visita ao Monumento dos que tombaram na guerra da Independência do Azerbaijão.
A seguir, Francisco se dirigiu de papamóvel ao Centro Heydar Aliyev, de Baku, dedicado ao pai do atual Presidente, onde manteve um encontro com as Autoridades azerbaijanas.
Em seu discurso, ao agradecer as cordiais saudações do Presidente, em nome do seu Governo e de todo o povo, Francisco disse:
Papa encontra as Autoridades do Azerbaijão,
no Centro Heydar Aliyev de Baku
“Cheguei a este país trazendo no coração a admiração pela complexidade e a riqueza da sua cultura, fruto da contribuição dos muitos povos que, ao longo da história, habitaram nestas terras, dando vida a um tecido de experiências, valores e peculiaridades, que caracterizam a sociedade atual”.
No próximo dia 18 de outubro, disse o Papa, o Azerbaijão celebrará o 25° aniversário de independência. Esta ocasião dá a possibilidade de lançar um olhar de conjunto aos acontecimentos destas décadas, aos progressos realizados e aos problemas que o país está enfrentando.
O caminho percorrido até agora mostra claramente os esforços consideráveis feitos para consolidar as instituições e favorecer o crescimento econômico e civil da nação. É um percurso que requer constante solicitude de todos, especialmente dos mais vulneráveis.
Trata-se de um percurso possível, afirmou Francisco, graças a uma sociedade que reconhece os benefícios do multiculturalismo e instaura relações de mútua colaboração e respeito entre as várias comunidades civis e religiosas. E auspiciou:
“Espero vivamente que o Azerbaijão continue a trilhar o caminho da colaboração entre diferentes culturas e confissões religiosas. Que a harmonia e a coexistência pacífica alimentem sempre mais a vida social e civil do país, nas suas múltiplas expressões, e assegurem a todos a possibilidade de oferecer a própria contribuição para o bem comum”.
Infelizmente, recordou o Pontífice, o mundo sofre pelo drama de tantos conflitos, alimentados pela intolerância, promovidos por ideologias violentas e pela negação prática dos direitos dos mais frágeis. Por isso, é preciso fomentar a cultura da paz, que se nutre de um incessante diálogo e negociações leais; promover a harmonia entre os Estados, mediante sabedoria e a coragem, que leva ao progresso e à liberdade dos povos e aponta acordos duradouros e pacíficos. E o Papa fez seu apelo:
“Quero expressar a minha atenciosa proximidade aos que foram obrigados a deixar a sua terra e aos que sofrem pelos conflitos sangrentos. Espero que a comunidade internacional possa oferecer a sua ajuda indispensável para a abertura de uma nova fase de paz estável na região; dirijo a todos o convite a não poupar esforços para se chegar a uma solução pacífica”.
O Santo Padre exprimiu sua esperança de que o Cáucaso possa ser o lugar, onde as controvérsias e as divergências encontrem, através do diálogo e da negociação, sua recomposição e superação das dificuldades, e seja uma verdadeira porta aberta entre o Oriente e o Ocidente, como também para a paz e a solução de conflitos novos e antigos. E o Papa acrescentou:
“A Igreja Católica, apesar de ser uma presença numericamente exígua no país, está integrada na vida civil e social do Azerbaijão, participa das suas alegrias e é solidária na solução dos seus problemas. Além disso, seu  reconhecimento jurídico internacional ofereceu uma maior estabilidade para a vida da comunidade católica no país”.
Francisco concluiu seu pronunciamento exprimindo sua satisfação pelas cordiais relações entre a comunidade católica e a muçulmana, a ortodoxa e a judaica, esperando que aumentem os sinais de amizade e colaboração. Estas boas relações são de grande importância para a convivência pacífica e a paz no mundo e a cooperação para o bem de todos. Por fim, o Papa admoestou:
“O apego aos genuínos valores religiosos é completamente incompatível com a tentativa de impor aos outros, pela violência, as próprias convicções, servindo-se, como escudo, do santo Nome de Deus. Que a fé em Deus seja fonte e inspiração de compreensão mútua, respeito e ajuda recíproca em prol do bem comum da sociedade. Deus abençoe o Azerbaijão com a harmonia, a paz e a prosperidade”. (MT)
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                                                                                           Fonte: radiovaticana.va     news.va

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