terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Papa Francisco celebra o Jubileu da vida consagrada

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco é uma bênção para todos os religiosos: é o que afirma o presidente da União dos Superiores Gerais (Uisg), Pe. Mauro Jöhri, ao avaliar a experiência global vivida pelas Ordens, Congregações e Institutos religiosos durante o Ano da Vida Consagrada, que se conclui esta terça-feira (02/02).
O encerramento tem lugar com a celebração da santa missa com os religiosos, na tarde desta terça-feira, às 17h30 locais, na Basílica de São Pedro, celebração esta que coincide com o Jubileu da Vida Consagrada.
Entre os religiosos e religiosas presentes encontram-se 400 monjas provenientes do mundo inteiro, as quais participaram de uma corrente de oração ao longo do Ano jubilar da Vida Consagrada. A propósito, a Rádio Vaticano ouviu o presidente da União dos Superiores Gerais, Pe. Jöhri.
Francisco saúda religiosas
Pe. Mauro Jöhri: “O Ano dedicado à vida consagrada foi um ano que permitiu às dioceses, à Igreja, dar-se conta, alegrar-se com o fato de que a vida consagrada existe. A minha esperança é de que, de certo modo, em todos os lugares tenha havido esta tomada de consciência, sobretudo no que diz respeito àquilo que somos como religiosos: penso que aquilo que se tem a peito seja a consagração, uma vida dedicada a Deus vivida na simplicidade, na pobreza e na obediência, e que quer ser uma vida dedicada a quem mais necessita. A vida consagrada pode alegar-se grandemente com o Papa Francisco, com a sua presença e por aquilo que ele nos disse até agora. O impulso, por exemplo, a ir às periferias, a estar próximo dos pobres, a ser portadores de alegria, o fato de viver o nosso tempo com paixão, de enfrentar o futuro com muita esperança... Este Papa está dando à vida consagrada uma riqueza de propostas que agora cabe a nós colocar em prática.”
RV: O senhor esteve recentemente, junto com o prepósito geral dos Jesuítas, Pe. Adolfo Nicolás, em audiência privada com o Papa. De que se falou na ocasião?
Pe. Mauro Jöhri: “Pe. Nicolás queria, sobretudo, apresentar-me ao Papa neste novo papel de presidente da União (Uisg). Falamos de muitas coisas: por exemplo, a questão do acesso a todos os encargos dentro das nossas Ordens por parte de todos os membros da Ordem, portanto, sacerdotes e leigos. Existem muitas Ordens religiosas que estão preocupadas com uma “clericalização”  da vida consagrada. O Papa mesmo me dizia: “Primeiro consagrados, depois sacerdotes”. Queremos pedir que a Igreja conceda que, em nome da vida consagrada, todo consagrado possa exercer também o encargo de ministro provincial ou geral. O Papa encorajou-nos a seguir adiante e a preparar a documentação necessária porque para se chegar a isso é preciso mudar o Direito canônico.”
RV: Já são praticamente três anos do Papa Francisco: o que são estes três anos?
Pe. Mauro Jöhri: “Três anos do Papa Francisco são uma bênção, como o foi o Papa Bento XVI. Claramente, o Papa Francisco trouxe uma lufada, um ar novo, diria, sobretudo pelo estilo com o qual está realizando o seu ministério e pela coragem com a qual anunciou e está enfrentando uma reforma da estrutura vaticana. O que mais me impressiona é essa sua liberdade. Atribuo isso também ao fato de ele como provincial dos Jesuítas na Argentina, durante o período da ditadura, ter colocado em risco a própria vida para salvar vidas. Muitas pessoas devem a vida a ele, por ter conseguido fazê-las partir, não olhava se a pessoa era cristã ou não para encontrar soluções para pessoas que estavam ameaçadas. Percebo isso e nesse sentido sou muito grato por sua presença e por aquilo que está fazendo. Esperamos que o Senhor lhe conceda muita saúde e muitos anos ainda para poder levar adiante aquilo que tem a peito.” (RL)
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Homilia do Papa no encerramento do
Ano da Vida Consagrada
Publicamos, a seguir, a íntegra da homilia que o Papa Francisco pronunciou na Missa celebrada na Basílica Vaticana por ocasião da Festa da Apresentação do Senhor, no dia 2 de fevereiro, que encerrou o Ano da Vida Consagrada.
Hoje, diante do nosso olhar, há um fato simples, humilde e grande: Jesus é levado por Maria e José ao templo de Jerusalém. É um menino como muitos, como todos, mas é único: é o Unigênito vindo para todos. Este Menino nos trouxe a misericórdia e a ternura de Deus: Jesus é a face da Misericórdia do Pai. Este é o ícone que o Evangelho nos oferece no final do Ano da Vida Consagrada, um ano vivido com tanto entusiasmo. Este, como um rio, agora conflui no mar da misericórdia, neste imenso mistério de amor que estamos vivendo com o Jubileu extraordinário.
A festa de hoje, sobretudo no Oriente, é chamada festa do encontro. Com efeito, no Evangelho que foi proclamado, vemos vários encontros (cfr Lc 2,22-40). No templo, Jesus vem a nosso encontro e nós vamos a seu encontro. Contemplamos o encontro com o velho Simeão, que representa a espera fiel de Israel e a exultação do coração para a realização das antigas promessas. Admiramos também o encontro com idosa profetisa Ana, que, ao ver o Menino, exulta de alegria e louva a Deus. Simeão e Ana são a espera e a profecia, Jesus é a novidade e a realização: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino nascido para todos se encontram o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança.
Peçamos a Deus
o desejo do encontro, a custódia da admiração e a alegria da gratidão
Podemos ver nisso o início da vida consagrada. Os consagrados e as consagradas são chamados, antes de tudo, a serem homens e mulheres do encontro. A vocação, de fato, não se inspira num nosso projeto pensado de “maneira estratégica”, mas numa graça do Senhor que nos alcança, através de um encontro que transforma a vida. Quem realmente encontra Jesus não pode permanecer como antes. Ele é a novidade que faz novas todas as coisas. Quem vive este encontro se torna testemunha e torna possível o encontro para os outros; e se faz também promotor da cultura do encontro, evitando a autorreferencialidade que nos faz permanecer fechados em nós mesmos.
O trecho da Carta aos Hebreus, que ouvimos, nos recorda que o próprio Jesus, para vir ao nosso encontro, não hesitou em  compartilhar a nossa condição humana: «Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição» (v. 14). Jesus não nos salvou “de fora”, não permaneceu fora do nosso drama, mas quis compartilhar a nossa vida. Os consagrados e as consagradas são chamados a serem sinal concreto e profético desta proximidade de Deus, desta compartilha com a condição de fragilidade, de pecado e de feridas do homem do nosso tempo. Todas as formas de vida consagrada, cada uma segundo as suas características, são chamadas a estarem em estado permanente de missão, compartilhando «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, dos pobres, sobretudo, e de todos os que sofrem» (Gaudium et spes, 1).
O Evangelho nos diz que  «O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele» (v. 33). José e Maria custodiam a admiração por este encontro repleto de luz e de esperança para todos os povos. E também nós, como cristãos e como pessoas consagradas, somos custódios da admiração. Uma admiração que pede para nos renovarmos sempre; ai da rotina na vida espiritual; ai da cristalização dos nossos carismas numa doutrina abstrata: os carismas dos fundadores – como disse outras vezes – não devem ser sigilados numa garrafa, não são peças de museu. Os nossos fundadores foram movidos pelo Espírito e não tiveram medo de sujar as mãos com a vida cotidiana, com os problemas das pessoas, percorrendo com coragem as periferias geográficas e existenciais. Não se detiveram diante dos obstáculos e das incompreensões dos outros, porque mantiveram no coração a admiração pelo encontro com Cristo. Não domesticaram a graça do Evangelho; tiveram sempre no coração uma inquietação saudável pelo Senhor, um desejo ardente de levá-lo aos outros, como fizeram  Maria e José no templo. Também nós somos chamados hoje a realizar escolhas proféticas e corajosas.
Por fim, com a festa de hoje aprendemos a viver a gratidão pelo encontro com Jesus e pelo dom da vocação à vida consagrada. Agradecer, ação de graças: Eucaristia. Como é belo quando encontramos o rosto feliz de pessoas consagradas, talvez já com idade avançada como Simeão ou Ana, contentes e cheios de gratidão pela própria vocação. Esta é uma palavra que pode sintetizar tudo aquilo que vivemos neste Ano da Vida Consagrada: gratidão pelo dom do Espírito Santo, que sempre anima a Igreja através dos diversos carismas.
O Evangelho se conclui com esta expressão: «O menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele» (v. 40). Possa o Senhor Jesus, pela materna intercessão de Maria, crescer em nós, e aumentar em cada um o desejo do encontro, a custódia da admiração e a alegria da gratidão. Então outros se sentirão atraídos pela sua luz, e poderão encontrar a misericórdia do Pai. 
--    (Tradução livre do Programa Brasileiro)
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Papa a religiosos:
Somos chamados a fazer escolhas proféticas e corajosas
“Os consagrados e as consagradas são chamados a serem sinal concreto e profético da proximidade de Deus”: foi o que disse o Papa Francisco na santa missa por ele presidida na Basílica de São Pedro, na tarde desta terça-feira, 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor e XX Dia Mundial da Vida Consagrada.
Coincidindo com o Dia da Vida Consagrada, a celebração, com a participação de religiosos e religiosas, concluiu o Ano a eles dedicado. O Ano da Vida Consagrada teve início em 30 de novembro de 2014.
“Todas as formas de vida consagrada, cada uma segundo as suas características, são chamadas a estarem em estado permanente de missão, compartilhando «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, dos pobres, sobretudo, e de todos os que sofrem»”, disse o Santo Padre na homilia da celebração.
Religiosas cumprimentam o Papa
Francisco havia iniciado sua reflexão evocando o episódio da apresentação do Senhor. Este Menino nos trouxe a misericórdia e a ternura de Deus:
“Jesus é a face da Misericórdia do Pai. Este é o ícone que o Evangelho nos oferece no final do Ano da Vida Consagrada, um ano vivido com tanto entusiasmo. Este, como um rio, agora conflui no mar da misericórdia, neste imenso mistério de amor que estamos vivendo com o Jubileu extraordinário.”
O Pontífice lembrou que esta festa, sobretudo no Oriente, é chamada festa do encontro. Em seguida, atendo-se à página do Evangelho pouco antes proclamado, evocou vários encontros nela contida, citando os do velho Simeão e de Ana, que representam a espera e a profecia. “Jesus é a novidade e a realização: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino nascido para todos se encontram o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança”, acrescentou o Papa.
Dirigindo-se propriamente aos religiosos e religiosas, Francisco disse que podemos ver nisso o início da vida consagrada:
“Os consagrados e as consagradas são chamados, antes de tudo, a serem homens e mulheres do encontro. A vocação, de fato, não se inspira num nosso projeto pensado de “maneira estratégica”, mas numa graça do Senhor que nos alcança, através de um encontro que transforma a vida. Quem realmente encontra Jesus não pode permanecer como antes. Ele é a novidade que faz novas todas as coisas.”
O Papa lembrou que Jesus não nos salvou “de fora”, não permaneceu fora do nosso drama, mas quis compartilhar a nossa vida.
“Os consagrados e as consagradas são chamados a serem sinal concreto e profético desta proximidade de Deus, desta partilha com a condição de fragilidade, de pecado e de feridas do homem do nosso tempo.”
Após ter advertido os religiosos para o perigo da rotina na vida espiritual, chamou a atenção também para o risco da cristalização dos carismas numa doutrina abstrata. E referindo-se propriamente aos fundadores das Ordens, Congregações religiosas e Institutos de vida consagrada, o Papa ressaltou:
“Os nossos fundadores foram movidos pelo Espírito e não tiveram medo de sujar as mãos com a vida cotidiana, com os problemas das pessoas, percorrendo com coragem as periferias geográficas e existenciais. Não se detiveram diante dos obstáculos e das incompreensões dos outros, porque mantiveram no coração a admiração pelo encontro com Cristo. Não domesticaram a graça do Evangelho; tiveram sempre no coração uma inquietação saudável pelo Senhor, um desejo ardente de levá-lo aos outros, como fizeram  Maria e José no templo. Também nós somos chamados hoje a realizar escolhas proféticas e corajosas.”
Ao término da celebração o Santo Padre saiu da Basílica Vaticana e foi até o patamar para saudar os religiosos e religiosas que, numerosos, acompanharam a celebração dos telões permanentes presentes na Praça São Pedro, aos quais agradeceu pela participação.
“Obrigado por concluírem juntos este Ano da Vida Consagrada. Sigam adiante! Cada um de nós tem um lugar, um trabalho na Igreja. Por favor, não se esqueçam da primeira vocação, do primeiro chamado. Recordem! E com aquele amor com o qual foram chamados, hoje o Senhor continua chamando vocês.”
“O cerne da vida consagrada é a oração: rezar”, recordou Francisco. E assim envelhecer, mas envelhecer como o vinho bom! “Que os outros que vierem depois de nós possam receber a herança que deixaremos para eles”, concluiu o Santo Padre. (RL)
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                                                                    Fonte: radiovaticana.va      news.va

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