sexta-feira, 27 de outubro de 2023

30º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão
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1ª Leitura: Êx 22,20-26

Leitura do livro do Êxodus:

Assim diz o Senhor: Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. Se os maltratardes, gritarão por mim, e eu ouvirei o seu clamor. Minha cólera, então, se inflamará e eu vos matarei à espada; vossas mulheres ficarão viúvas e órfãos os vossos filhos.

Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não sejas um usurário, dele cobrando juros. Se tomares como penhor o manto do teu próximo, deverás devolvê-lo antes do pôr-do-sol. Pois é a única veste que tem para o seu corpo, e coberta que ele tem para dormir. Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.

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Responsório: Sl 17

- Eu vos amo, ó Senhor,/ sois minha força e salvação.

- Eu vos amo, ó Senhor,/ sois minha força e salvação.

- Eu vos amo, ó Senhor!/ Sois minha força,/ minha rocha, meu refúgio e Salvador!/ Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,/ minha força e poderosa salvação.

- Ó meu Deus,/ sois o rochedo que me abriga,/ sois meu escudo e proteção: em vós espero! Invocarei o meu Senhor:/ a ele a glória!/ E dos meus perseguidores serei salvo!

- Viva o Senhor!/ Bendito seja o meu Rochedo!/ E louvado seja Deus, meu Salvador!/ Concedeis ao vosso rei grandes vitórias/ e mostrais misericórdia ao vosso Ungido.

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2ª Leitura: 1Ts 1,5c-10
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses:

Irmãos: Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. Assim vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia.

Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, esperando dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir.

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Evangelho: Mt 22,34-40

Proclamação do Evangelho de São Mateus:

Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» Jesus respondeu: «Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.»

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Reflexão do padre Johan Konings:

Amar a Deus e ao próximo

Jesus resume a Lei, a norma ética, em “amar Deus e o próximo”. Tendo claro que “amar”, neste contexto, não significa mero sentimento, mas opção ética, podemos desdobrar este ensinamento em duas perguntas:

1) Pode-se amar Deus sem amar ao próximo? Não. Já na antiga “Lei da Aliança”, mil anos antes de Cristo, “amar a Deus” significa, concretamente, ajudar ao próximo: a viúva, o órfão, o estrangeiro, o povo em geral: o direito do pobre clama a Deus (1ª leitura).

Na mesma linha, Jesus, interrogado sobre qual é o maior mandamento, vincula o amor a Deus ao amor ao próximo, e acrescenta que desses dois mandamentos dependem todos os outros (evangelho). Todas as normas éticas devem ser interpretadas à luz do amor a Deus e ao próximo, que são inseparáveis. É impossível optar por Deus sem ser solidário com seus filhos (1Jo 4,20). A verdadeira religião é dedicar-se aos necessitados (Tg 1,27). Na prática, o “amor a Deus” (a religião) passa necessariamente pelo “sacramento do pobre e do oprimido”, ou seja, pela opção por aqueles cuja miséria clama a Deus, seu “Defensor”. Entre Deus e nós está o necessitado. Só se dedicando a este, temos acesso a Deus. Mas não basta uma esmola. Com a nossa atual compreensão da sociedade e da história, a dedicação ao empobrecido não se limita à escola, mas exige novas estruturas. Importa trabalhar as estruturas da sociedade e transforma-las de tal modo que o bem-estar do fraco e do pobre estejam garantido pela solidariedade de todos, numa estrutura política e social que seja eficaz.

2) Pode-se amar o próximo sem amar a Deus? Nosso mundo é, como se diz, “secularizado”. Não dá muito lugar a Deus. Não nos enganem as aparências, os shows religiosos que aparecem em teatro e televisão, pois esse tipo de religiosidade, muitas vezes, não passa de um produto de consumo, no meio de tantos outros. Não é compromisso com Deus. Ao mesmo tempo, pessoas com profundo senso ético dizem: já não precisamos de Deus para explicar o universo. Será que ainda precisamos dele para sermos éticos, para respeitar nosso semelhante, para “amar o próximo?” Será que não basta ser bom para com os outros, sem apelar a Deus? Para que “amar a Deus”? Para que a religião? Eis a resposta: para amar bem o irmão, devemos também “amar a Deus”, aderir a ele (embora não necessariamente por uma religião explícita). Isso, porque o que entendemos por Deus é o absoluto, o incondicional, aquele que tem a última palavra, que sempre nos transcende e está acima de nossos interesses pessoais. Se não buscamos ouvir essa palavra última, pode acontecer que nos ocupemos com o próximo para nos amar a nós mesmos (amor pegajoso, interesseiro, sufocante etc.)

Como cristão, conhecendo “Deus” como Pai de Jesus Cristo e como a fonte do amor que este nos manifestou, devemos perguntar sempre se nossa prática de solidariedade é realmente orientada pelo absoluto, por Deus, aquele que Jesus chama de Pai. Senão, vamos conceber nosso amor de acordo com a nossa medida, que é sempre pequena demais…

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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               Reflexão: franciscanos.org.br  Banners 1 e 2: vaticannews.va. / Fábio M. Vasconcelos

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