sexta-feira, 20 de outubro de 2023

29º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão
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1ª Leitura: Is 45,1.4-6

Leitura do livro do Profeta Isaías:

Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu Ungido: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha, e para não deixar trancar os portões.

Por causa de meu servo Jacó, e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome; reservei-te, e não me reconheceste. Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus. Armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro”.

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Responsório: Sl 95

- Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória!

- Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória!

- Cantai ao Senhor Deus um canto novo,/ cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!/ Manifestai a sua glória entre as nações,/ e entre os povos do universo seus prodígios!

- Pois Deus é grande e muito digno de louvor,/ é mais terrível e maior que os outros deuses,/ porque um nada são os deuses dos pagãos./ Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.

- Ó família das nações, dai ao Senhor,/ ó nações, dai ao Senhor poder e glória,/ dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!/ Oferecei um sacrifício nos seus átrios.

- Adorai-o no esplendor da santidade,/ terra inteira, estremecei diante dele!/ Publicai entre as nações: “Reina o Senhor! ”,/ pois os povos ele julga com justiça.

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2ª Leitura: 1Ts 1,1-5b 
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses:

Paulo, Silvano e Timóteo, à Igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz! Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações. Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo.

Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos. Porque o nosso Evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso, com toda a abundância.

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Evangelho: Mt 22,15-21

Proclamação do Evangelho de São Mateus:

Então os fariseus se retiraram, e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Mandaram os seus discípulos, junto com alguns partidários de Herodes, para dizerem a Jesus:

«Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e que ensinas de fato o caminho de Deus. Tu não dás preferência a ninguém, porque não levas em conta as aparências. Dize-nos, então, o que pensas: É lícito ou não é pagar imposto a César?»

Jesus percebeu a maldade deles, e disse: «Hipócritas! Por que vocês me tentam? Mostrem-me a moeda do imposto.»

Levaram então a ele a moeda. E Jesus perguntou: «De quem é a figura e inscrição nesta moeda?»

Eles responderam: «É de César».

Então Jesus disse: «Pois deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.»

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Reflexão do padre Johan Konings:

O Reino de Deus e a Política

“Devolvei a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”. Esta frase do evangelho (Mt 22,15-21) será uma declaração política? De fato, tem peso político, mas talvez de outro modo do que se pensa. Qual é o fato? Os judeus pagavam dízimo ao templo, com prazer, pois era “para Deus”. Mas além disso, a potência estrangeira que ocupava o país, o Império Romano, cobrava dos judeus um imposto pessoal, em troca de um estatuto protegido no seio do Império. Em vista disso, os especialistas da Lei judaica perguntam a opinião de Jesus, querendo obrigá-lo a escolher entre os judeus e César, o imperador romano. Pensavam que sua pergunta fosse “queimar” Jesus de um ou de outro lado. Jesus deu a resposta que conhecemos. É como se dissesse: “Se vocês negociam com César em troca desse imposto, paguem-no, já que vocês aceitam o estatuto especial que ele lhes dá em compensação. Mas não esqueçam que também a Deus estão devendo, e não pouca coisa, já que lhes deu tudo!”

Deus não recusa a mediação política para o seu projeto. Serve-se até de um rei estrangeiro para libertar Israel do exílio, e ainda o chama de “meu ungido” (o rei persa, Ciro, na 1ª leitura, Is 45, 1.4-6). Mas esse rei é um “servo” de Deus: ele tem quem está acima dele. Deus confia aos seres humanos as responsabilidades humanas. As questões políticas devem ser tratadas em nível político, isto é, com vistas ao “bem comum”do povo. Um governo é bom se governa, o melhor que pode, para todos. Então, ele é bom para Deus também. Senão, que o povo se livre desse governo… Mas existe também o nível de Deus, que é o “fim último”, o nível da vocação humana a ser filho de Deus e a realizar semelhança com Deus (cf. Gn 1,26). A política, aos olhos dos fiéis, sempre será uma mediação para chegar a esse projeto de Deus, embora ela tenha suas regras específicas. Sem Deus, um governante poderia proclamar que o “bem comum” está sendo atendido quando os “inadaptados” são eliminados da sociedade. Quem , porém, quer “dar a Deus o que é de Deus” nunca poderá dizer isso.

“A Igreja não deve fazer política!”. Se essa frase significa que a hierarquia da Igreja não deve se colocar no lugar da administração civil, está certa. Mas não pode significar que os cristãos não devem, como qualquer cidadão, assumir sua responsabilidade política. Cristo ensinou a realizar a fraternidade humana. Ora, esta se encarna num projeto político, numa determinada maneira de entender o bem comum. Por isso, os cristãos, como cidadãos inspirados por Cristo, mexem com reforma agrária, levam os politicamente marginalizados a se organizarem, propõem alternativas para a política econômica etc. Tudo isso é retribuir a Deus o que é de Deus, a saber, os dons que Deus deu a todos… mesmo quando para isso é preciso tirar de César o que não é dele.

Enquanto, pois, se exerce a responsabilidade civil, deve-se pensar em dar a Deus o tributo devido, que é: reconhecê-lo como aquele que indica a norma última, o amor a Deus e ao próximo (ensinado por Jesus logo depois, em Mt 23,34-40).

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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               Reflexão: franciscanos.org.br  Banners 1 e 2: vaticannews.va. / Fábio M. Vasconcelos

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