A severidade virou estilo de pregação
Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||
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Aprendi com o otimismo de João XXIII, na
faculdade de Teologia, anos 63-67. Eu estudava nos EEUU.
Logo nos inícios do Vaticano II, 11-10-
1962, ao anunciar o Concílio , disse o Papa João XXIII.
“Temos o dever de discordar desses
profetas da miséria , que só anunciam infortúnios, como se estivéssemos no fim
do mundo
Marquei com grifos a longa frase:
“A Igreja, no passado ,sempre se opôs aos
erros e os condenou com grande severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo
prefere recorrer ao remédio da misericórdia a usar as armas do castigo. Em
face das necessidades atuais, julga mais conveniente elucidar melhor sua
doutrina do que condenar os que dela se afastam!”
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Para mim, com 21 anos, ficou claro que eu
seria um catequista sereno e otimista e aberto ao diálogo. Até porque na minha
família havia membros de outras igrejas. E meu cunhado era um metodista
temente a Deus e cheio de respeito pelos católicos. Oravam pela minha vocação
de futuro padre católico!
Eu tentaria viver a fraternidade com menos
severidade. Isto não significava ceder na doutrina mas, sim, amenizar o clima
entre as igrejas. Eu vivia isto na minha família. A gente nunca brigou por
causa de Igreja. Tivemos bons padres e bons pastores , e todos eles muito
fraternos e bem educados.
Hoje vejo, na internet, recrudescerem os
debates entre católicos, evangélicos e pentecostais a se agredir verbalmente, a
deturpar os fatos históricos, e a caluniar-se mutuamente. Era tudo o que o
Concílio não queria e é o contrário daquilo Jesus sonhava: QUE SEJAM UM.
Vejo o tom de severidade e os gritos de
alguns pregadores de mídia. Gritam como se estivessem possessos. Não
entenderam ou não querem entender os evangelhos, o Concílio e o Catecismo CIC)?
É como dizia São João XXIII no início dos
trabalhos, “está faltado o remédio da misericórdia”.
São Joao Paulo II escreveu em 30.11.1980
uma encíclica inteira, a DIVES IN MISERICÓRDIA, sobre o Deus rico em
misericórdia.
Estes atuais pregadores irados e
boanérgicos não devem ter lido o Concílio , nem estes Papas. Se leram, não
fizeram caso. O tom deles é irado, isto: da parte de gente que fala para
milhões de ouvidos. Não é estranho vê-los anunciar irados e até com dedos em
riste, um Jesus manso e humilde de coração?
Seria o caso de se rever esse tipo de
discurso! Mas duvido que aceitem mudar. Depois de tantos pregando a severidade
da fé e não a serenidade da fé, para eles virou marca registrada! Não leram e
muitos jamais lerão João XXIII. Até porque alguns aprenderam a ignorar e até
boicotar estes 60 anos de mudança na nossa Igreja!… Escrevo, repito e assino
em baixo! Pz
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