sexta-feira, 6 de outubro de 2023

27º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão
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1ª Leitura: Is 5,1-7

Leitura do livro do Profeta Isaías:

Vou cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu: Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens.

Agora, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá, julgai a minha situação e a de minha vinha. O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz? Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens?

Pois agora vou mostrar-vos o que farei com minha vinha: vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. Vou deixá-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela. Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça — e eis a injustiça; esperava obras de bondade — e eis a iniquidade.

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Responsório: Sl 79

— A vinha do Senhor é a casa de Israel.

— A vinha do Senhor é a casa de Israel!

— Arrancastes do Egito esta videira,/ e expulsastes as nações para plantá-la;/ até o mar se estenderam seus sarmentos,/ até o rio os seus rebentos se espalharam.

— Por que razão vós destruístes sua cerca,/ para que todos os passantes a vindimem,/ o javali da mata virgem a devaste,/ e os animais do descampado nela pastem?

— Voltai-vos para nós, Deus do universo!/ Olhai dos altos céus e observai./ Visitai a vossa vinha e protegei-a!

— Foi a vossa mão direita que a plantou;/ protegei-a, e ao rebento que firmastes!

— E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!/ Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!/ Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo,/ e sobre nós iluminai a vossa face!/ Se voltardes para nós, seremos salvos!ó Senhor!

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2ª Leitura: Fl 4,6-9 
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses:

Irmãos: Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor.

Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim, o Deus da paz estará convosco.

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Evangelho: Mt 21,33-43

Proclamação do Evangelho de São Mateus:

«Escutem essa outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, cercou-a, fez um tanque para pisar a uva, e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha para alguns agricultores, e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos agricultores para receber os frutos. Os agricultores, porém, agarraram os empregados, bateram num, mataram outro, e apedrejaram o terceiro. O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Eles vão respeitar o meu filho’. Os agricultores, porém, ao verem o filho, pensaram: ‘Esse é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e tomar posse da sua herança’. Então agarraram o filho, o jogaram para fora da vinha, e o mataram. Pois bem: quando o dono da vinha voltar, o que irá fazer com esses agricultores?» Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: «É claro que mandará matar de modo violento esses perversos, e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.» Então Jesus disse a eles: «Vocês nunca leram na Escritura: ‘A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’? Por isso eu lhes afirmo: o Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos.

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Reflexão do padre Johan Konings:

Deus rejeitou o povo que elegera?

As leituras de hoje suscitam uma pergunta: se Deus escolheu Israel como povo eleito, por que mudou de ideia? Será que rejeitou os judeus? No evangelho, Jesus narra uma parábola a respeito disso. No Antigo Testamento, o povo de Israel é a “vinha de Deus”. O profeta Isaías denuncia que ela não produz frutos (1ª leitura). Jesus, no evangelho, diz que são os arrendatários – os chefes de Israel – que não querem pagar sua parte ao “Senhor da vinha”. Mais: quando este manda seu filho, matam-no, querendo apoderar-se de sua herança… Mas a vinha lhes é tirada e dada a “outro povo”, que entregará seus frutos no devido tempo.

Jesus se refere à sua própria missão e também ao nascimento do novo povo de Deus, a Igreja, a partir da ressurreição de Cristo, “pedra rejeitada pelos construtores, mas que se tornou pedra angular”. Os líderes do antigo povo de Deus não queriam produzir frutos para Deus. Queriam a vinha para si. É como os opressores de hoje, que querem o poder pelo poder e pelo proveito, e não como liderança responsável para, junto com o povo, produzir “frutos de justiça”. Jesus e seus fiéis constituem uma denúncia viva contra tais usurpadores. E, como na parábola, também hoje acontece que os enviados do “senhor da vinha” são rechaçados e mortos. Porém, como Deus fundou seu novo povo sobre seu enviado e “mártir” (testemunha) por excelência, que é Jesus Cristo, assim também o sangue dos mártires da América Latina hoje será embasamento do povo de Deus.

Os opressores matam os enviados, os profetas. Mas os que sentem arder em si a voz profética de Deus devem reclamar da sociedade humana “frutos de justiça”. Por outro lado, os que são constituídos no poder (os arrendatários) devem considerar o poder como um serviço, a fim de produzir com o povo a justiça que Deus espera. O povo não é sua propriedade. O único senhor do povo é Deus.

Deus não “rejeitou os judeus”, mas rechaça os líderes que dominam o povo para proveito próprio e não estão a serviço da justiça e do amor. Israel recebeu a missão de ser o povo-testemunha de Deus; mas quando seus líderes rejeitaram Jesus, que veio inaugurar o reinado de Deus, este reuniu em torno do seu Cristo o novo povo-testemunha, constituído de todas as nações: a Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus.

Por outro lado, também nesta Igreja existe o perigo de querer guardar os frutos para si. O evangelista João diz expressamente que a glória do Pai se manifesta nos frutos do amor fraterno produzido por aqueles que estão unidos à videira que é Cristo (Jô 15, 1-8). E os que se separarem da videira e não produzirem esse fruto serão cortados fora. Fique, pois, claro; que ser a vinha de Deus não é um privilégio irrevogável, mas uma missão para produzir fruto, e isso vale tanto para o povo no tempo de Jesus como para sua Igreja hoje.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella:

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               Reflexão: franciscanos.org.br  Banners 1 e 2: vaticannews.va. Fábio M. Vasconcelos  

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