domingo, 23 de janeiro de 2022

Papa Francisco na missa deste Domingo da Palavra de Deus:

Apaixonemo-nos
pela Sagrada Escritura, nos leva a Deus e aos irmãos

No Domingo da Palavra de Deus, a homilia do Papa foi repleta de questionamentos sobre a Igreja que somos e que queremos ser. E fez um apelo: "Apaixonemo-nos pela Sagrada Escritura", que nos leva a Deus e aos outros. Durante a celebração, Francisco instituiu leitores e catequistas.

Ouvir, rezar e colocar em prática as Sagradas Escrituras: é o que nos pede o Papa Francisco neste Domingo da Palavra de Deus.

Para a ocasião, o Pontífice presidiu à celebração eucarística na Basílica de São Pedro, em que pela primeira vez foram instituídos leitores e catequistas, entre eles dois brasileiros: Regina de Sousa Silva e Wanderson Saavedra Correia, ambos da Diocese de Luziânia, no Estado de Goiás.

Regina de Sousa Silva (no centro) e Wanderson Saavedra Correia (à direita)


No centro da nossa vida está Deus e sua Palavra

Em sua homilia, o Pontífice comentou a primeira Leitura e o Evangelho deste III Domingo do Tempo Comum, que têm como protagonista a Sagrada Escritura. Primeiro, o sacerdote Esdras coloca em lugar elevado o livro da lei de Deus, abre-o e proclama-o diante de todo o povo. Depois, Jesus lê na frente de todos uma passagem do profeta Isaías.

“Estas duas cenas comunicam-nos uma realidade fundamental: no centro da vida do povo santo de Deus e do caminho da fé, não estamos nós com as nossas palavras; no centro, está Deus com a sua Palavra”, observou o Papa.

A Palavra consola 

Jesus encerra a leitura com algo inédito: "Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura" (Lc 4, 21).

A Palavra de Deus já não é uma promessa, explicou o Papa, mas se realizou. Em Jesus, fez-Se carne. Mantendo os olhos fixos em Cristo, Francisco convidou os fiéis a meditar sobre dois aspectos: a Palavra desvenda Deus e a Palavra leva-nos ao homem. Isto é, ao mesmo tempo consola e provoca.

A Palavra nos consola porque Jesus desvenda o verdadeiro rosto de Deus, que veio para libertar os pobres e oprimidos. Deus é misericórdia, é pai e não patrão, não é neutro nem indiferente, mas se compromete com a nossa dor, “sempre está presente ali”. “Está próximo e quer cuidar de nós. Esta é a sua característica: proximidade.”

O Papa então convida os fiéis a se interrogarem: trazemos no coração esta imagem libertadora de Deus, compassivo e terno ou O imaginamos como um juiz rigoroso, um rígido guarda alfandegário da nossa vida? Ou ainda: Qual é o rosto de Deus que anunciamos na Igreja: o Salvador que liberta e cura, ou o Temível que esmaga avivando os sentimentos de culpa?

Para nos convertermos ao verdadeiro Deus, Jesus indica por onde começar: pela Palavra. Esta nos liberta dos medos e preconceitos sobre Ele, derruba os ídolos falsos e no traz de volta ao seu rosto verdadeiro, à sua misericórdia.

“A Palavra de Deus alimenta e renova a fé: voltemos a colocá-la no centro da oração e da vida espiritual!”

A Palavra provoca

A Palavra, acrescentou Francisco, nos impele a sair de nós mesmos caminhando ao encontro dos irmãos, como revela Jesus na sinagoga de Nazaré: Ele é enviado para ir ao encontro dos pobres (que somos todos nós!) e libertá-los. Jesus revela ainda o culto mais agradável a Deus: cuidar do próximo. "Devemos voltar a isso. No momento, há na Igreja as tentações da rigidez, que é uma perversão. Acredita-se que encontrar Deus é se tornar mais rígido, com mais normas... Não é assim. Quando vemos propostas rígidas, de rigidez, pensemos logo: este é um ídolo, não é Deus. O nosso Deus não é assim."

“Irmãs e irmãos, a Palavra de Deus nos transforma, não a rigidez: esta nos esconde. E a Palavra de Deus nos transforma penetrando na alma como uma espada.”

 Se por um lado consola, por outro provoca. Pois não podemos viver tranquilos quando o preço a pagar por esta tranquilidade é um mundo dilacerado pela injustiça. Francisco citou a condição de milhares de migrantes, rejeitados nas fronteiras inclusive por quem faz política “em nome de Deus”. “Não há nada a fazer” ou “que posso fazer eu?” não são mais justificativas. Exige que não sejamos indiferentes, mas diligentes, criativos, proféticos.

A Sagrada Escritura, disse ainda o Papa, não foi dada para nos entreter, mas para sair ao encontro dos outros e debruçar-nos sobre as suas feridas.

“A Palavra que Se fez carne quer tornar-Se carne em nós.” E o quer no tempo que vivemos, não num futuro ideal. Francisco propôs então mais um questionamento: queremos imitar Jesus, tornando-nos ministros de libertação e consolação para os outros?

Vamos nos apaixonar pela Sagrada Escritura

Por fim, um pensamento aos leitores e catequistas que foram instituídos nesta celebração, chamados à tarefa de servir o Evangelho, anunciá-lo para que a sua consolação chegue a todos.

Esta, aliás, é também a missão de cada um de nós: ser arautos críveis, profetas da Palavra no mundo.

“Por isso, apaixonemo-nos pela Sagrada Escritura, deixemo-nos interpelar profundamente pela Palavra, que desvenda a novidade de Deus e leva-nos a amar incansavelmente os outros. Voltemos a colocar a Palavra de Deus no centro da pastoral e da vida da Igreja! Vamos ouvi-la, rezá-la e colocá-la em prática.”

                                                                                                    Bianca Fraccalvieri













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Assista:


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Papa no Angelus:

A homilia deve despertar e não adormecer a alma

No Domingo da Palavra de Deus, Francisco da importância do "hoje" de Deus e se dirigiu de modo especial aos pregadores, que devem apresentar o Evangelho sem moralismos e conceitos abstratos.

O Angelus deste domingo ensolarado e frio em Roma foi marcado por uma proposta do Papa Francisco: ler todos os dias um pequeno trecho do Evangelho de Lucas.

Aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice comentou o Evangelho da Liturgia de hoje, quando Jesus inaugura a sua pregação.

O "hoje" de Deus

Ele vai até Nazaré, onde cresceu, e participa da oração na sinagoga, lendo um trecho do livro do profeta Isaías. E Jesus assim começa: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura”.

O Papa concentrou sua reflexão sobre a palavra hoje, que indica todas as épocas e permanece sempre válido. A profecia de Isaías remontava a séculos antes, mas Jesus "com a potência do Espírito" a torna atual e, sobretudo, a leva a termo.

Os conterrâneos de Jesus ficaram impressionados com a sua palavra, intuem que Nele há “algo a mais”, que é a unção do Espírito Santo.

“Às vezes, acontece que as nossas pregações e os nossos ensinamentos permaneçam genéricos, abstratos, não tocam a alma e a vida das pessoas. Por quê? Porque não tem a força deste hoje, aquele que Jesus “preenche de sentido” com a potência do Espírito.”

As homilias: momentos para despertar, não adormecer

A pregação corre este risco: “Às vezes, as homilias adormecem a alma ao invés de despertá-la”, constatou o Papa, com os fiéis que começam a olhar o relógio. Sem a unção do Espírito, acrescentou Francisco, empobrece a Palavra de Deus, escorrega no moralismo e em conceitos abstratos; apresenta o Evangelho como distante, como se estivesse fora do tempo, longe da realidade.

“Mas uma palavra em que não pulsa a força do hoje não é digna de Jesus e não ajuda a vida das pessoas. Por isso, quem prega é o primeiro que deve experimentar o hoje de Jesus, de modo que possa comunica-lo no hoje dos outros.”

Uma proposta: a leitura diária do Evangelho de Lucas

Neste Domingo da Palavra de Deus, o Papa fez um agradecimento a todos os pregadores e os anunciadores do Evangelho, fazendo os votos de que vivam o hoje de Jesus.

“Lembremo-nos: a Palavra transforma um dia qualquer no hoje em que Deus nos fala”, disse ainda Francisco, convidando a ler diariamente o Evangelho, pois assim descobrimos que as palavras ali contidas foram feitas propositadamente para nós. E o Papa fez então uma proposta:

“Nos domingos deste ano litúrgico é proclamado o Evangelho de Lucas, o Evangelho da misericórdia. Por que não lê-lo, mesmo individualmente, um pequeno trecho todos os dias? Vamos nos familiarizar com o Evangelho, nos trará a novidade e a alegria de Deus!”

É a Palavra também que guiará o percurso sinodal que a Igreja há pouco empreendeu, disse Francisco, dando ressalto à palavra "discernimento". Que Nossa Senhora, concluiu, nos obtenha a constância para nos nutrir todos os dias do Evangelho.

                                                                                                         Bianca Fraccalvieri

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Assista:

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