sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

4º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão
1ª Leitura:  Jr 1,4-5.17-19

Leitura do Livro do Profeta Jeremias:

Nos dias de Josias, rei de Judá, foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações.

Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles.

Com efeito, eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra todo o mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra; eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”, diz o Senhor.

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Responsório: Sl 70
- Minha boca anunciará todos os dias/ vossas graças incontáveis, ó Senhor!
- Minha boca anunciará todos os dias/ vossas graças incontáveis, ó Senhor!

- Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor:/ que eu não seja envergonhado para sempre!/ Porque sois justo, defendei-me e libertai-me!/ Escutai a minha    voz, vinde salvar-me

- Sede uma rocha protetora para mim,/ um abrigo bem seguro que me salve!/ Porque sois a minha força e meu amparo,/ o meu refúgio, proteção e segurança! / Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.

- Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança,/ em vós confio desde a minha juventude!/ Sois meu apoio desde antes que eu nascesse,/ desde o seio maternal, o meu amparo.

- Minha boca anunciará todos os dias/ vossa justiça e vossas graças incontáveis./ Vós me ensinastes desde a minha juventude,/ e até hoje canto as vossas maravilhas.

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2ª Leitura: 1Cor 12,31-13,13

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:

Irmãos: Aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior.

Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine.

Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não tivesse caridade, eu não seria nada.

Se eu gastasse todos os meus bens para sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse caridade, isso de nada me serviria.

A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo.

A caridade não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá.

Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito.

Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança.

Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face. Agora conheço apenas de modo imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido.

Atualmente, permanecem estas três coisas: fé, esperança e caridade, Mas a maior delas é a caridade.

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Evangelho: Lc 4,21-30

Proclamação do Evangelho de São Lucas:

Naquele tempo, estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.

Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?”

Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”.

E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.

De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.

E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”.

Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

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Reflexão do Pe. Johan Konings:

A Boa Nova para todos e o profeta rejeitado

Depois de todos os esforços para integrarmos em nossas comunidades ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres, constatamos que as discriminações, as panelinhas, os particularismos continuam. Quem mora mais perto da igreja matriz deve ser melhor atendido … Quem tem algum primo padre tem direito a cerimônias melhores… Muitos pensam que Deus está ai só para eles! A Igreja é realmente para todos, ou somente para gente de bem, “gente da casa”?

Os antigos israelitas achavam que a aliança de Deus pertencia exclusivamente a eles. Também achavam que bastava ser israelita para ter a salvação garantida. Não aguentavam que os seus profetas os criticassem. Por isso, quando Deus manda o profeta Jeremias, já o prepara desde o início para enfrentar a resistência de seu povo (1ª leitura). Semelhante resistência também a encontra Jesus, especialmente na sua própria terra, Nazaré. Ele anuncia que o Reino de Deus e a libertação se destinam também aos pagãos, e mesmo com prioridade (evangelho). Aos que ciosamente esperam dele milagres para sua própria cidadezinha, Jesus lembra que os milagres de Elias e Eliseu favoreceram estrangeiros. Por isso, seus conterrâneos querem precipitá-lo da colina de sua cidade. Mas Deus o toma firme e inabalável – como o tinha prometido a Jeremias. Com autoridade assombrosa, Jesus atravessa o corredor polonês formado pelos que ameaçam sua vida.

A Igreja, corpo e presença de Cristo, deve anunciar ao mundo a salvação para todos, sem discriminação ou privilégio. Ser “gente da casa” (católico de tradição) não tem peso algum. A boa-nova é para todos quantos quiserem converter-se. A primeira exigência do ser cristão é não ser egoísta, não querer as coisas só para si – nem as materiais, nem as espirituais. O evangelho é privilégio nenhum. Excluir quem quer que seja, por pertencer a outra classe, ideologia ou ambiente, está em contradição direta com o evangelho e a prática de Jesus. O evangelho é para todos. Se alguém, por força de sua cabeça fechada, tapa os ouvidos, problema dele. Portanto, que “os da casa” não rejeitem o profeta que se dirige a outros …

Para anunciar a boa-nova a todos, a Igreja “toda profética” não deve ser escrava de privilégios e influências alheias. Deve falar com a desinibição que caracteriza os profetas. Os que nela possuem o carisma profético devem destacar-se por sua autenticidade, sua coragem de: mártir, sua simplicidade, que deixa transparecer o Reino de Deus em sua vida.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella:

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                                  Reflexões e ilustração: franciscanos.org.br         Banner: cnbb.org.br

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