quarta-feira, 7 de abril de 2021

Dia Mundial da Saúde:

Superar a pandemia,
construir um mundo mais justo e mais saudável

Neste dia 7 de abril comemora-se o Dia Mundial da Saúde, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), criada na mesma data em 1948. Para a data, a entidade promove a campanha “Construindo um mundo mais justo e saudável” e também há destaque durante todo 2021 como o “Ano dos Trabalhadores da Saúde e Cuidados”. Em artigo, o bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferreria Paz, reforça a necessidade de colocar em prática a chamada da OMS na construção de um mundo mais justo e saudável, para superar a pandemia.

“Este ano, como vimos na titulação, olhando para além da Pandemia, afirmamos que, para superá-la, é necessário construir um mundo mais justo e mais saudável. Que significa incluir e distribuir, de forma equitativa e solidária, os recursos da saúde: tratamentos, remédios, vacinas, e vida saudável; o que nos leva a trazer para a reflexão o acesso à água tratada, saneamento básico, alimentação e nutrição equilibrada, agricultura orgânica, moradia, e trabalho digno e decente. Trata-se de ter uma visão holística e integrada da saúde, que transcende a busca de qualidade de vida para os poucos que podem desfrutar dela, mas garantir um direito fundamental para toda a população, pois a vida e saúde devem estar sempre em primeiro lugar”. (Dom Roberto Ferreria Paz)

Para o bispo, ao refletir sobre os trabalhadores da saúde, “importa dar voz, participação e incorporá-los no planejamento da saúde, que tem sido inexistente e, muitas vezes, bloqueado por medidas contraditórias e ineficazes”. Dom Roberto também relaciona essa necessidade com a Campanha de Defesa do SUS, a Vacinação universal e imediata, o Auxílio emergencial continuado, subsídio à agricultura familiar e orgânica, segurança alimentar e preservação das florestas e biomas: “Pois, para curar-nos da Pandemia, devemos curar a Terra, e curar também nossa convivência social, injusta, desigual e intolerante. Nossa Senhora da Saúde, Rogai por Nós!”.

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Construir um mundo mais justo e saudável


Na campanha do Dia Mundial da Saúde, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), vinculada à OMS, pede aos líderes que garantam que a equidade na saúde seja a peça central na recuperação da COVID-19. “Isso resultará em uma região onde todos têm condições de vida e de trabalho propícias a uma boa saúde, os sistemas de informação em saúde se configuram para identificar populações em situação de vulnerabilidade e a sociedade civil e os indivíduos são parceiros na busca de soluções onde as desigualdades ocorrem e onde todos têm acesso a cuidados de saúde e médicos sem sofrer discriminação”, segundo a organização. Ao mesmo tempo, é solicitado aos líderes que monitorem as iniquidades em saúde e garantam que todas as pessoas tenham acesso a serviços de saúde de qualidade quando e onde precisarem.

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Conheça as pastorais que desenvolvem
trabalhos voltados à promoção da saúde humana

O cuidado com os doentes, sofredores, pobres e excluídos é uma marca do trabalho pastoral da ação social da Igreja no Brasil. Especialmente neste Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, o portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destaca a atuação de algumas pastorais vinculadas à entidade e que atuam desenvolvendo trabalhos, com foco direto ou indireto, ligados à saúde.

Pastoral da Aids – acolhimento e solidariedade àquele que está doente

Há mais de 30 anos, a Pastoral da Aids desenvolve um trabalho com foco no tratamento direto das pessoas que vivem e convivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), causador da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Diante do avanço da doença, em 1986, a Igreja atendeu à solicitação de um grupo de pessoas portadoras do vírus HIV e então surgiu a Pastoral da Aids. De lá para cá, foram muitos avanços no tratamento e no controle da doença.

A coordenação nacional da pastoral, em diversas ocasiões, já havia destacado o trabalho que vem sendo feito ao longo dos anos em quase metade das dioceses brasileiras. “Essa pastoral procura levar vida. A exemplo de Jesus que disse ‘Eu vim para que todos tenham vida em abundância’. Por isso, é muito importante fazer o teste precoce. Quanto mais rápido a pessoa sabe que contraiu o vírus HIV mais fácil é o tratamento. É possível viver bem com o HIV, diz.

Segundo a coordenação, a pastoral trabalha em duas frentes: o acompanhamento dos soropositivos e campanhas de prevenção.

“A gente sabe que quem se infecta, normalmente quando percebe, quando toma  conhecimento disso, passa por uma crise muito forte de desespero. Então, procuramos acompanhar os soropositivos mostrando que é possível viver e ter uma vida digna mesmo vivendo com o vírus HIV.  O segundo ponto é trabalhar para que esse vírus não se espalhe, através de atitudes responsáveis, de uma vida digna  e procurando levar, então, esperança e vida em lugar de morte e desespero”, destacou.


Ainda conforme a coordenação nacional da Pastoral, o serviço dos agentes é fundamental no acompanhamento de pessoas e famílias que vivem e convivem com HIV/Aids, manifestando a presença misericordiosa de Deus, promovendo acesso aos direitos e cumprimentos das próprias responsabilidades, em vista da melhoria da qualidade de vida.

“São feitas visitas domiciliares, hospitalares, acolhimento em centros de convivência, acompanhamento na adesão aos medicamentos, orientação para a defesa dos direitos das pessoas que vivem com HIV e Aids, promovendo os Direitos Humanos e a superação do estigma e do preconceito”, destaca.

O cuidado e o incentivo ao diagnóstico precoce são ações da Pastoral que têm sido desenvolvidas cada vez mais com o intuito de levar informação e tirar dúvidas. Além disso, os agentes são formados para atuarem nas instâncias de controle social e nos espaços de articulação da ação social da Igreja.

“A pastoral para o portador do HIV é um grande apoio para esclarecimento de dúvidas quando necessárias, apoio emocional e muitas vezes apoio material, além de parceria com profissionais de saúde expandindo o atendimento que eles necessitamdiz a coordenação.

O calendário de atividades da Pastoral, por exemplo, compreende o Dia Estadual do Diagnóstico Precoce, que ocorre em alguns estados, a vigília pelos mortos da Aids, quando se faz memória aos falecidos ela doença, Seminários de Incidência Política e de prevenção, além da participação na mobilização do Dia Mundial de Luta contra a Aids.

Pastoral da Saúde – presença samaritana da Igreja junto aos enfermos

A Pastoral da Saúde é organizada em três dimensões de atuação: solidária, comunitária e político-institucional. Sua atuação acontece em todos os lugares que estão, direta ou indiretamente, ligados à saúde: unidades hospitalares, domicílios, asilos, creches, escolas, associações de bairro, sindicatos e conselhos de saúde.

O portal da Conferência por diversas vezes já conversou com o bispo de Campos e referencial da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz, para saber como a Pastoral lida com o cuidado emocional dos profissionais e dos enfermos, principalmente nestes tempos de Covid-19.


Segundo dom Roberto, a Pastoral da Saúde considera que é necessário resgatar a “inteireza da pessoa”. “Toda cura é integral e curar os pastores ou pastorear os pastores sempre é uma tarefa de fazer descobrir o profissional da saúde que também deve ser curado, que também deve estar aberto à cura e que também, por conseguinte, deve sempre cuidar da sua pessoa como um todo nessa inteireza, nessa visão global de pessoa, especialmente dentro do que nós consideramos antropologia cristã e também dentro do conceito de saúde”, explica o bispo.

Dom Roberto salienta a necessidade de se fazer superar o estresse, a fragmentação e o cansaço que levam a uma diminuição da imunidade. “A primeira tarefa da Pastoral da Saúde será certamente rezar, interceder por aqueles que estão à frente, para que eles possam se manter focalizados justamente em curar”, afirma.

O segundo ponto de atuação da Pastoral da Saúde citado por dom Roberto para motivar os profissionais de saúde é a realização de lives, para despertar o aspecto emocional, mantê-los sempre na perspectiva do cuidado, tanto dos outros como de si mesmos. “Além, claro, do cuidado corporal, evitando o desgaste, o estresse emocional que minam e também os tornam vulneráveis”, salienta.

 O aspecto interpessoal também foi considerado por dom Roberto, que tem se comunicado com frequência com todos os profissionais da área de saúde para alertá-los sobre o quanto são importantes e lembrá-los que eles não estão sozinhos. “Mostrar que no final das contas ele é uma pessoa humana, precisa ser amado, apoiado e ter esses vínculos que são importantíssimos para manter uma pessoa que está submetida à inúmeras questões, a uma estafa quase que permanente”, destaca.

E ainda dom Roberto citou que a Pastoral da Saúde está presente nos hospitais, para momentos de espiritualidade. “Já fizemos inclusive orações em hospitais, levamos o Santíssimo Sacramento, fizemos momentos de intercessão, momentos de espiritualidade e isso tem sido de muito proveito, edificante pelas respostas”, afirma.

O bispo lembra que todo o trabalho da Pastoral é alicerçado por Deus, o Bom Pastor. “Nunca podemos esquecer que somos instrumentos de cura nas mãos de Deus, mas que quem cura através de nós é o próprio Deus. A Pastoral da Saúde é a Pastoral do Bom Pastor que está sempre indo ao encontro do doente e carregando-o em seu coração”, finalizou.

Pastoral da Criança – exemplo de gratuidade humana

No Brasil, um exemplo de “bom samaritano” é o dos “líderes voluntários” capacitados pela Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que tem por missão promover o desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, do ventre materno aos seis anos de idade. Os líderes voluntários, como são chamados pelo Estatuto do Organismo, assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias em ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania.

São eles os responsáveis por dar assistência a gestantes e até 15 crianças de famílias próximas à sua casa, realizando visitas domiciliares, com o objetivo de acompanhar a situação de vida e as necessidades reais das famílias para poder ajudá-las. Os líderes voluntários são a grande força que move a Pastoral.

Mensalmente, os líderes voluntários também realizam o Dia da Celebração da Vida, que é quando as gestantes, crianças e suas famílias se reúnem para conversar e reforçar laços de fraternidade entre todos. Outra atividade realizada por eles é a reunião para reflexão e avaliação. Nela, os líderes avaliam os seus trabalhos e levantam pontos de atenção que são discutidos e mostram situações que envolvam a criança como a falta de aleitamento, baixo peso, mortalidade, obesidade, desnutrição, entre outros problemas.

“A Pastoral da Criança está sempre aberta para receber voluntários nas comunidades que querem se unir à nós em oração e ação para levar Vida em Abundância para todas as crianças e gestantes pobres da Brasil e dos mais de 10 países que atuamos”.

Atualmente, para se tornar líder é preciso fazer um curso oferecido pela Pastoral da Criança sobre saúde e desenvolvimento da criança. Existem também voluntários para outras ações como capacitadores, conselheiros, articuladores, brinquedistas, colaboradores das hortas domésticas e comunicadores populares. “O voluntariado é, sim, a base do trabalho realizado pela Pastoral. Os voluntários propagam diariamente fé e vida entre as crianças, famílias e gestantes acompanhadas em milhares de comunidades em todo o Brasil”.

Saiba mais sobre essa Pastoral no site: https://www.pastoraldacrianca.org.br/

Imagem de capa: pixabay

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