Páscoa: renovação e alegria
A Igreja se alegra
pela Páscoa do Senhor. Jesus ressuscitou, a nossa esperança renovou. Após o
tempo da Quaresma, onde a Igreja nos exortou à penitência, à conversão, à
pratica do jejum, da esmola e da oração, como sinais de conversão, agora ela
nos introduz no tempo Pascal, tempo de alegria, de ação de graças e de
renovação de nossa fé. Tempo de confiança na vitória de Cristo. Ele venceu a
morte, vencerá tudo o que traz treva e tristeza para os homens e as mulheres.
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Dom Jaime |
A Páscoa, em
hebraico “Pesach”, significa passagem, saída de uma situação. Originalmente, na
experiência do povo eleito de Deus, Israel, era a festa de comemoração
libertação da escravidão, simbolizada já no ato de Deus livrar seu povo da
passagem do anjo exterminador dos primogênitos dos egípcios (cf. Ex 12,1-28).
Trata-se da última advertência de Deus ao Faraó, na intenção de fazer o seu povo
sair da escravidão do Egito. A partir daquele momento o povo de Israel
comemorará essa festa com atenção e desvelo. Também Jesus ia todos os anos a
Jerusalém, ainda mesmo como criança (cf. Lc 2,41). No Evangelho de São João
encontramos relatos de que, enquanto realizava sua missão de pregador do Reino
de Deus, Jesus foi a Jerusalém em várias ocasiões (cf. Jo 2,13 – episódio do
gesto profético no templo; Jo 5,1s – cura do paralitico; Jo 7, 1-14.37; Jo
10,22s; Jo 11,55; 12,12 – a última páscoa). Entre essas ocasiões estava a festa
da Páscoa. Na última Páscoa, Jesus celebra com seus discípulos, e realiza a
mudança de sentido: agora, não se trata de um “anjo exterminador” que passa,
mas o Filho que vem para salvar. Sua passagem não condena ninguém, mas redime.
E mais, não será pelo sangue de animais, ao contrário, será o seu próprio
sangue, que também não será mais exposto nos portais de nossas casas, mas será
alimento, bebida de salvação (cf. Mt 26,26-29; Mc 14,2325; Lc 22,14-23; ver
também 1Cor 11,23-26).
Ao celebrar a
festa da Páscoa, memorial da passagem de Jesus Cristo, da morte para a vida, a
Igreja se revigora e se rejuvenesce. Ela encontra, na Ressurreição do Senhor, a
força para seguir anunciando o seu Evangelho, boa nova para todos os homens e
mulheres. Sim, o Cristo que foi crucificado, derramou seu sangue, morto
injustamente; é a revelação do amor gratuito de Deus por cada homem e cada
mulher. Ele se sacrificou por nós, entregou sua vida por nós (cf. Jo 3,16; Gl
2,20; Lc 23,46). A revelação de Jesus alcança seu cume, pois por ela deu a
vida. Ele mesmo tinha afirmado: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a
própria vida por seus amigos” (Jo 15,13). A revelação de Deus, realizada por
Jesus levou a isso. Sua morte se torna redentora porque o amor de Deus é
redentor, renova, transforma. Ele não se furta a esse sacrifício, mas ama até o
fim. Destrói o pecado naquilo que parecia ser a consequência mais funesta da
ingratidão dos homens e das mulheres em relação ao amor recebido: a morte, e
morte de Cruz, isto é, como rejeição de um inocente, de alguém que passou a
vida fazendo o bem.
Pelas suas chagas
fomos curados (Is 53,5). Eis que estamos renovados, envolvidos pelo poder da
Ressurreição. Deixemo-nos guiar por Ele, o Senhor vitorioso e vivente,
ressuscitado não morre mais, e nele, nós temos a verdadeira vida. Celebremos a
Páscoa, e tenhamos confiança: Ele venceu e nos deu essa vitória. Boa Páscoa.
Que sejamos felizes!
Dom Jaime Vieira
Rocha - Arcebispo de Natal (RN)
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