da Vida Pastoral
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), reunida em Assembleia Geral, de 12 a 16 de abril, no formato on-line,
discutiu o tema: “Animação bíblica da Pastoral a partir das Comunidades
Eclesiais Missionárias”. O tema reflete o já posto pilar da Palavra, visto como
urgência desde as Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil
de 2011-2015 e continuado no período 2015-2019 e, a partir das atuais
Diretrizes 2019-2023, como um dos quatro pilares da ação evangelizadora.
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Dom Jaime Vieira Rocha |
Seguindo as orientações do Documento de
Aparecida e da Exortação apostólica pós-sinodal do Papa Bento XVI, Verbum
Domini e ensinamentos do p apa Francisco, especialmente a partir da
Exortação Apostólica Evangelii gaudium, a Igreja no Brasil reconhece a
urgência de ver a Igreja como “casa da animação bíblica da vida e da pastoral”.
Para que a Igreja viva a animação bíblica de toda pastoral é necessário que ela
se deixe fecundar constantemente pela Palavra, através da escuta, do
ensinamento e, sobretudo, do reconhecimento de que a Palavra se faz carne ou se
torna Pessoa em Jesus Cristo, que veio habitar entre nós.
De fato, precisamos sair de um contato
momentâneo com a Palavra de Deus, fruto do atual momento da história. Faz-se
urgente uma renovada atitude de colocar a Palavra de Deus como condição
indispensável para encontrar a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo e aderir ao
Reino de Deus. Para isso, é necessário que haja a superação de alguns
mal-entendidos acerca da Bíblia Sagrada. Primeiro, considerá-la um livro do
passado, escrito por personagens que estariam recebendo oráculos diretamente de
Deus, em forma de ditados, como se Deus aparecesse aos escritores e falasse com
eles; segundo, tratar a Palavra como se fosse um livro de adivinhação ou um livro
de profecias ocultas: os escritores teriam colocado por escrito o que vai
acontecendo hoje, na história da humanidade ou ajudam-nos, hoje, a reconhecer o
que acontece como predito por Deus; ainda, como livro-reportagem ou livro de
receitas: o mundo bíblico seria, como está, de fato, escrito, e é preciso
rejeitar a evolução e o que a ciência diz a respeito do universo e da vida
humana; outra, ainda, que considera a Bíblia um amuleto, que nos protege dos
perigos ou que tem uma palavra explicativa sobre minha situação particular;
geralmente essa é uma interpretação individualista e fundamentalista.
A Bíblia é a Palavra de Deus. Essa é a afirmação fundamental. Toda a Escritura é inspirada por Deus, diz a Segunda Carta a Timóteo (cf. 2Tm 3,16). Ela tem o poder de comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé no Cristo Jesus. Foi sob o impulso do Espirito Santo que pessoas humanas falaram da parte de Deus (2Pd 1,21b). O que o Espírito Santo impulsiona é o seguimento a Jesus, a comunhão com o Pai, a participação da natureza divina (cf. DV 2). Ele nos impulsiona ao reconhecimento de que Deus, que “outrora falou aos nossos pais, pelos profetas, muitas vezes e de muitos modos, nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (Hb 1,1-2). Ele, Jesus Cristo, é a Palavra encarnada. É a Palavra que se fez carne e habitou entre nós, armou sua tenda em nosso meio, é a Palavra de Vida, que se tornou visível para nós (cf. Jo 1,14; 1Jo 1,1-2). A Palavra de Deus nos revela a verdade central sobre o homem e sobre Deus mesmo: Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, isto é, o homem é criado capaz de escutar sua Palavra, é um ouvinte da Palavra, é um ser de referência ao Mistério santo, que é Deus. Isso, porque Deus vem ao encontro do homem. Deus cria um ser para comunicar-se a ele. Para que esse ser (o homem) pudesse acolhê-lo Deus o faz capaz d’Ele. Toda a Escritura revela esse movimento de Deus: antes de irmos ao encontro de Deus, é Ele que vem ao nosso encontro. É essa atitude divina, que é totalmente gratuita, que significa a Revelação: Deus vem revelar-se ao homem.
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