Chegamos à
mãe de todas as Vigílias. Dentro do Tríduo Pascal, a Vigília Pascal é o ponto
máximo da celebração.
O papa
Francisco nos ajuda a meditar esta noite santa:
"É a
noite do silêncio do discípulo que se sente enrijecido e paralisado, sem saber
para onde ir diante de tantas situações dolorosas que o oprimem e envolvem. É o
discípulo de hoje, emudecido diante duma realidade que se lhe impõe fazendo-lhe
sentir e – pior ainda – crer que nada se pode fazer para vencer tantas
injustiças que vivem na sua carne muitos dos nossos irmãos.
É o discípulo
perplexo porque imerso numa rotina avassaladora que o priva da memória, faz
calar a esperança e habitua-o ao «fez-se sempre assim». É o discípulo emudecido
e ofuscado que acaba por se habituar e considerar normal a frase de Caifás:
«Não vos dais conta de que vos convém que morra um só homem pelo povo, e não
pereça a nação inteira» (Jo 11, 50).
E no meio dos
nossos silêncios, quando calamos de modo tão oprimente, então começam a gritar
as pedras (cf. Lc 19, 40: «Digo-vos que, se eles se calarem, gritarão as
pedras») dando lugar ao maior anúncio que alguma vez a história tenha podido
conter dentro de si: «Não está aqui, pois ressuscitou» (Mt 28, 6). A pedra do
sepulcro gritou e, com o seu grito, anunciou a todos um novo caminho. Foi a
criação a primeira a fazer ecoar o triunfo da Vida sobre todas as realidades
que procuraram silenciar e amordaçar a alegria do evangelho. Foi a pedra do
sepulcro a primeira a saltar e, à sua maneira, a entoar um cântico de louvor e
entusiasmo, de júbilo e esperança no qual todos somos convidados a participar.
O túmulo
vazio quer desafiar, mover, interpelar, mas sobretudo quer encorajar-nos a crer
e confiar que Deus «Se faz presente» em qualquer situação, em qualquer pessoa,
e que a sua luz pode chegar até aos ângulos mais imprevisíveis e fechados da
existência. Ressuscitou da morte, ressuscitou do lugar donde ninguém esperava
nada e espera-nos – como esperava as mulheres – para nos tornar participantes
da sua obra de salvação.
Esta é a base
e a força que temos, como cristãos, para gastar a nossa vida e o nosso ardor,
inteligência, afetos e vontade na busca e, especialmente, na criação de
caminhos de dignidade. «Não está aqui... Ressuscitou!» (28, 6). É o anúncio que
sustenta a nossa esperança e a transforma em gestos concretos de caridade. Como
precisamos de deixar que a nossa fragilidade seja ungida por esta experiência!
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