Papa Francisco:
"O catequista guarda a memória de Deus e a desperta nos outros, sem pensar no prestígio"
Cidade do
Vaticano (RV) – Às 10h30, horário de Roma, o Papa Francisco entrou em
procissão na Praça São Pedro para presidir, do adro da Basílica vaticana, a
missa do Dia dos Catequistas, convocado no âmbito do Ano da Fé. A Praça São
Pedro estava completamente lotada. Com o Pontífice, vestido com paramentos
verdes, concelebraram a liturgia 600 sacerdotes.
Francisco
começou a homilia com uma citação do Profeta Amós: “Ai dos que vivem
comodamente em Sião e dos que vivem tranquilos, deitados em leitos de marfim,
comem, bebem, cantam, divertem-se e não se preocupam com os problemas dos
outros”.
“Estas duras
palavras nos advertem para um perigo que todos corremos: o risco da comodidade,
da mundanidade na vida e no coração, de ter como centro o nosso bem-estar”,
lembrou o Papa.
Francisco
repassou a experiência do rico do Evangelho, que vestia roupas de luxo e cada
dia se banqueteava lautamente; o importante para ele era isto. E o pobre que
jazia à sua porta e não tinha com que matar a fome não era com ele, não lhe
dizia respeito.
“Se as
coisas, o dinheiro, a mundanidade se tornam o centro da vida, apoderam-se de
nós, dominam-nos e perdemos a nossa identidade de homens”.
Ele explicou
que “isto acontece quando perdemos a memória de Deus. Se falta a memória de
Deus, tudo se nivela pelo ‘eu’, pelo meu bem-estar. A vida, o mundo, os outros
perdem consistência, não contam para nada, tudo se reduz a uma única dimensão:
o ter. Se perdemos a memória de Deus, também nós mesmos perdemos consistência,
também nós nos esvaziamos, perdemos o nosso rosto, como o rico do Evangelho!
Quem corre atrás do nada, torna-se ele próprio nulidade – diz outro grande
profeta, Jeremias. Somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não das coisas,
nem dos ídolos”.
Continuando,
respondeu à questão: “Quem é o catequista?”.
“É aquele que
guarda e alimenta a memória de Deus; guarda-a em si mesmo e sabe despertá-la
nos outros. Como a Virgem Maria, não pensa nas honras, no prestígio, nas
riquezas, não se fecha em si mesmo. O catequista é precisamente um cristão que
põe a memória ao serviço do anúncio; não para se exibir, nem para falar de si,
mas para falar de Deus, do seu amor, da sua fidelidade”.
Em seguida,
Francisco mencionou a segunda leitura, em que São Paulo dá algumas indicações a
Timóteo que podem caracterizar também o caminho do catequista: procurar a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão:
"O
catequista é pessoa da memória de Deus quando tem uma relação constante, vital
com Ele e com o próximo; se é pessoa de fé, que confia verdadeiramente em Deus
e põe Nele a sua segurança; se é pessoa de caridade, de amor, que vê a todos
como irmãos; se é pessoa de paciência e perseverança, que sabe enfrentar as
dificuldades, as provas e os insucessos com serenidade e esperança no Senhor;
se é pessoa gentil, capaz de compreensão e de misericórdia”, concluiu o
Pontífice.
Antes de
encerrar a celebração, Francisco cumprimentou todos e agradeceu a participação
dos catequistas provenientes de todas as partes do mundo.
Dentre várias
saudações, um pensamento especial foi dirigido a Sua Beatitude Youhanna X,
Patriarca greco-ortodoxo de Antioqua e de todo o Oriente. Durante a celebração,
o Papa trocou um abraço com o Patriarca, no momento do ‘gesto de paz’. Youhanna
é irmão de um dos bispos ortodoxos sequestrados na Síria há cinco meses.
“Sua presença
é um convite para rezarmos mais uma vez pela paz na Síria e no Oriente Médio”,
disse às quase cem mil pessoas presentes na Praça.
Com elas, o
Papa rezou a oração do Angelus e concedeu a todos a sua benção apostólica. (CM)
Fonte: www.radiovaticana.va Banners: www.news.va
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