Na Solenidade de Cristo Rei, que encerra o
ano litúrgico, a Igreja celebra em nível diocesano a Jornada Mundial da
Juventude. E aos jovens, Francisco dedicou sua homilia para encorajá-los rumo à
única meta que conta: Jesus e a gratuidade do amor.
Por ocasião da Jornada Mundial da Juventude
em nível diocesano, o Papa celebrou à santa missa na Basílica de São Pedro e
dedicou sua homilia aos jovens.
A reflexão do Pontífice foi inspirada na
Solenidade de Cristo Rei do Universo, que conclui o ano litúrgico.
O Evangelho de hoje convida a olhar para
Jesus, o Senhor, origem e realização de todas as coisas, cujo “reino jamais
será destruído”. Pode parecer difícil manter-se confiante, sobretudo quando ao
nosso redor constatam-se guerras, violência, precariedade e desastres
ecológicos.
Não se embriagar com as ilusões
À luz da Palavra de Deus, Francisco abordou
três aspectos que podem ajudar a avançar com coragem. São eles: as acusações,
os consensos e a verdade.
O Evangelho de hoje apresenta Jesus na pele
do acusado. Quem o interroga é Pilatos, preocupado com o poder que Cristo
exerce sobre as pessoas. Também os jovens de hoje podem se sentir
"acusados" de seguir Jesus, por serem fiéis ao Evangelho e aos seus
valores. Mas não se preocupem, tranquiliza o Papa, as críticas cedo ou tarde
caem por terra e os valores superficiais que as sustentam são revelados
pelo que são, ilusões.
"Queridas jovens e queridos jovens, cuidado para não os deixar embriagar pelas ilusões. Por favor, sejam concretos. A realidade é concreta. Cuidado com as ilusões."
O que fica, como ensina Cristo, é outra coisa: são as obras de amor. “É isso que fica e que torna a vida bela! O resto não conta. O amor concreto nas obras. Por isso, repito: não tenham medo das “condenações” do mundo. Continuem a amar! Mas amar à luz do Senhor, a dar a vida para ajudar os outros.”
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Momento da missa na Solenidade de Cristo Rei |
Brilhar no céu de Deus!
Quanto aos consensos, Francisco recorda que
Jesus é livre, rejeita toda a lógica do poder. O mesmo devem fazer os jovens,
que não devem deixar-se contagiar pela ânsia de serem vistos, aprovados e
elogiados. "Por favor, cuidado com isto. A dignidade de vocês não está à
venda. Não se vende! Cuidado!"
Deus nos ama como somos. Os sonhos e boas
intenções valem mais do que o sucesso e a fama. "Sejam livres, mas livres
em harmonia com a sua dignidade", disse ainda Francisco, contando como
ficou impressionado com uma bela jovem que conheceu na Argentina e que, para
aparecer, se maquiou demasiadamente para ir a uma festa. "Eu pensei:
depois da maquiagem, o que fica? Não maquiem a alma, não maquiem o coração,
sejam como são, sinceros e transparentes. Não se contentem em ser ‘estrelas por
um dia’ nas redes sociais ou em qualquer outro contexto! O céu em que são
chamados a brilhar é maior: é o céu do amor, é o céu de Deus!”.
Este é o verdadeiro firmamento no qual
brilhar como estrelas no mundo, acrescentou Francisco. Não são os consensos que
salvam o mundo, nem tornam as pessoas felizes, mas a gratuidade do amor.
Cuidado com a doença do "eu"
Por fim, o terceiro ponto: a verdade.
Cristo veio ao mundo para dar testemunho da verdade e o faz ensinando a amar a
Deus e aos irmãos. Caso contrário, permanecemos prisioneiros de uma grande
mentira: a do “eu” que se basta a si mesmo, raiz de toda a injustiça e
infelicidade.
"O 'eu' que se dirige a si mesmo: eu, mim, comigo, sempre 'eu' e não tem a capacidade de olhar para os outros, de interloquir com os outros. Cuidado com esta doença do 'eu' dirigido a si mesmo."
O Papa citou o Beato Pier Giorgio Frassati,
que será canonizado no Jubileu dos Jovens em 2025, que dizia que sem o amor não
vivemos mais, mas “vamos vivendo”. “Queremos viver, não apenas ir vivendo.”
“Irmãs e irmãos, não é verdade, como alguns pensam, que os acontecimentos mundiais tenham ‘escapado’ das mãos de Deus. Quem destrói, que faz guerra, quem gasta tanto dinheiro com a vaidade, com que coragem se apresentarão diante do Senhor?, questionou o Pontífice. "Ele deixa-nos livres, mas não nos deixa sós.”
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A passagem dos ícones da JMJ
No final da Eucaristia, os jovens
portugueses entregaram aos jovens coreanos os símbolos da Jornada Mundial da
Juventude: a Cruz e o Ícone de Maria Salus Popoli Romani. Seul acolherá a
próxima edição da JMJ em 2027.
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Passagem dos ícones da JMJ |
"Vocês jovens coreanos receberão a Cruz, o Senhor, a Cruz da vida, o sinal da vitória, e o receberão com a mãe. É Maria que nos acompanha sempre rumo a Jesus; é Mara que nos momentos difíceis está ao lado da Cruz para nos ajudar, porque Ela é mãe. É a nossa mãe. Pensem em Maria."
Eis a exortação final de Francisco:
"Vamos avante, felizes de ser para todos, de ser no amor e ser testemunhas
da verdade. E, por favor, não perder a alegria!"
Jesus é o meu Rei ou tenho outros
"reis"? Foi a pergunta que Francisco fez aos fiéis reunidos na Praça
São Pedro para o Angelus na Solenidade de Cristo Rei do Universo.
Já com a árvore de Natal na Praça São
Pedro, o Papa rezou com os fiéis o Angelus dominical na Solenidade de Cristo
Rei, que encerra o ano litúrgico. Em sua alocução, Francisco comentou o trecho
do Evangelho narrado em João (18,33-37), que apresenta Jesus diante de Pôncio
Pilatos. Entre os dois, tem início um breve diálogo e o Pontífice se deteve em
duas palavras que, entre as perguntas e respostas, adquirem um novo
significado: “rei” e “mundo”.
Num primeiro momento, Pilatos pergunta a
Jesus: “És tu o rei dos judeus?”. Raciocinando como funcionário do império,
quer perceber se o homem que tem diante de si constitui uma ameaça, e um rei
para ele é a autoridade que governa todos os seus súbditos. Em resposta, Jesus
afirma que é rei, sim, mas de uma forma muito diferente! Jesus é rei porque é
testemunha: é Aquele que diz a verdade. O poder real de Jesus, Verbo encarnado,
reside na sua palavra verdadeira e eficaz, que transforma o mundo.
Mundo: eis o segundo momento. O
“mundo” de Pôncio Pilatos é aquele onde o forte triunfa sobre o fraco, o rico
sobre o pobre, o violento sobre o manso. "Um mundo que, infelizmente,
conhecemos bem", constantou Francisco. Jesus é Rei, mas o seu reino não é
deste mundo. De fato, o mundo de Jesus é o mundo novo, o mundo eterno, que Deus
prepara para todos, dando a sua vida para a nossa salvação. É o reino dos céus,
que Cristo traz à terra, derramando graça e verdade.
“O mundo do qual Jesus é Rei redime a criação arruinada pelo mal com a força do amor divino, que liberta e perdoa, que doa paz e justiça.”
“Mas é verdade isto, padre?”. Sim, como é a
sua alma? Há algo de pesado ali dentro? Alguma culpa antiga? Jesus perdoa
sempre. Jesus não se cansa de perdoar. Este é o Reino de Jesus. Se há algo ruim
dentro de você, peça perdão. E Ele perdoa sempre.
O diálogo entre eles, prosseguiu o Papa,
não se transforma em entendimento, Pilatos não se abre à verdade, apesar de
estar perante ela. Manda crucificar Jesus e ordena que se escreva na cruz: “O
Rei dos Judeus”, mas sem compreender o significado dessas palavras. No entanto,
Cristo veio ao mundo, a este nosso mundo: quem é da verdade, ouve a sua voz. É
a voz do Rei do universo, que se fez servo de todos. Francisco então se dirigiu
aos fiéis com as seguintes perguntas:
"Posso dizer que Jesus é o meu “rei”? Ou dentro do coração tenho outros 'reis'? Em que sentido? A sua Palavra é o meu guia, a minha certeza? Vejo Nele a face misericordiosa de Deus que sempre perdoa, que está nos esperando para nos dar o perdão? Rezemos juntos a Maria, serva do Senhor, enquanto esperamos com esperança o Reino de Deus."
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