um convite à esperança e à preparação
O Advento marca o início de um novo Ano
Litúrgico na Igreja, um tempo especial de preparação para a celebração do
Natal. É um período de quatro semanas em que os cristãos são chamados a
refletir, vigiar e renovar a esperança na vinda do Senhor. Mais do que uma
contagem regressiva para o Natal, o Advento nos convida a olhar para três
dimensões da vinda de Cristo: Sua encarnação há mais de dois mil anos, Sua
presença constante no meio de nós e Sua segunda vinda, no final dos
tempos.
A palavra “Advento” vem do latim adventus,
que significa “chegada” ou “vinda”. Esse tempo litúrgico está profundamente
ligado à espera ativa e confiante no cumprimento das promessas de Deus. Ele nos
recorda que o Senhor, que já veio ao mundo em humildade na manjedoura, virá
novamente em glória.
As leituras bíblicas do Advento reforçam
essa dupla perspectiva. Nos primeiros domingos, a ênfase recai sobre a
vigilância e o chamado à conversão, preparando-nos para a segunda vinda de
Cristo. Nos últimos dias, o foco se volta para os acontecimentos que antecedem
o nascimento de Jesus, destacando Maria e João Batista como modelos de fé e
serviço.
Os símbolos litúrgicos do Advento também
são ricos em significado. A cor roxa usada nas vestes do sacerdote e na
decoração da igreja representa penitência e preparação, enquanto a coroa do
Advento, com suas quatro velas, simboliza a luz que cresce à medida que nos
aproximamos de Cristo, a verdadeira Luz do mundo.
Cada vela da coroa tem um significado
especial:
1. Primeira vela – a vela da esperança, nos
lembra da promessa do Messias.
2. Segunda vela – a vela da paz, nos convida
a preparar os caminhos do Senhor.
3. Terceira vela – a vela da alegria, marca
o Domingo Gaudete, quando a alegria do Senhor se torna mais palpável.
4. Quarta vela – a vela do amor, celebra a proximidade do nascimento de Cristo.
Um Chamado à Conversão e Vigilância
O Advento é um convite à conversão pessoal.
Assim como João Batista pregou no deserto: “Preparai o caminho do Senhor,
endireitai suas veredas” (Lc 3,4), também somos chamados a preparar o nosso
coração para acolher Jesus. Esse tempo não é apenas uma preparação externa, com
decorações e festas, mas, sobretudo, uma transformação interior.
Além disso, o Advento nos exorta à
vigilância. Jesus nos alerta: “Vigiai, pois não sabeis quando virá o dono da
casa” (Mc 13,35). Esse chamado nos lembra que nossa vida deve ser vivida como
uma espera constante e atenta pela vinda do Senhor.
Maria, Modelo de Esperança e Serviço
Maria, a Mãe de Jesus, é a figura central
do Advento. Ela nos ensina como esperar o Senhor com fé e humildade. Sua
resposta ao chamado de Deus – “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra” (Lc 1,38) – é um modelo de abertura e confiança. Assim
como Maria, somos convidados a abrir nosso coração para que Cristo nasça em
nossa vida.
Vivendo o Advento Hoje
Como podemos viver esse tempo de maneira
concreta?
Na oração: Reservar momentos diários
de oração para meditar sobre as promessas de Deus e renovar nosso compromisso
com Ele.
Na caridade: Praticar gestos de
solidariedade, ajudando aqueles que mais necessitam e sendo instrumentos da paz
de Cristo.
Na reconciliação: Buscar o sacramento
da confissão, reconhecendo nossas falhas e recebendo o perdão que renova a
alma.
O Advento nos recorda que a verdadeira
preparação para o Natal não está apenas nos presentes ou nas festas, mas na
abertura do coração para acolher Jesus. É tempo de vigiar, de esperar e de nos
alegrarmos na certeza de que Deus é fiel às Suas promessas.
Que este Advento seja um tempo de graça e
renovação para todos nós. Assim como a luz das velas da coroa aumenta a cada
semana, que também cresça em nossos corações a esperança, a paz, a alegria e o
amor que vêm de Cristo. E que, ao celebrarmos o Natal, possamos dizer com
alegria: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Vinde, Senhor Jesus!
Dom Anuar Battisti - Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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