profeta da Amazônia
O presidente da Repam, Dom Evaristo Spengler, visitou o Vatican News na manhã desta terça-feira e concedeu uma entrevista em que ressalta a “profecia” de Dom Cláudio, revelando que o Papa Francisco falou de seu amigo durante a audiência realizada uma semana atrás por ocasião da visita ad Limina dos bispos dos regionais Norte 2 e 3 da CNBB. O Pontífice disse que Dom Cláudio estava chegando ao seu fim e que havia enviado um telegrama a ele, garantindo suas orações.
“Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal, da qual nenhum homem vivente pode escapar.”
Com esta frase de São Francisco de Assis, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) expressa seu pesar, mas ao mesmo tempo gratidão pela celebração da páscoa do Cardeal Dom Claudio Hummes, OFM.
“Agradecemos ao Senhor a vida, a vocação e o serviço de Dom Claudio vividos e dedicados em favor do Reino de Deus. (...) Convencido de que “o Cristo aponta para a Amazônia” não mediu esforços em abrir caminhos que para uma Igreja com rosto amazônico, encarnada e comprometida com os povos, a cultura e o meio ambiente da Amazônia.”
A direção da Repam recorda a trajetória de Dom Cláudio, afirmando que deixa um legado que inspirará a evangelização na Amazônia. “Nossa gratidão a Deus. Agora o ofertamos de volta ao Pai.”
O presidente da Repam, Dom Evaristo Spengler, visitou o Vatican News na manhã desta terça-feira e concedeu uma entrevista em que ressalta a “profecia” de Dom Cláudio, revelando que o Papa Francisco falou de Dom Cláudio durante a audiência realizada uma semana atrás por ocasião da visita ad Limina dos bispos dos regionais Norte 2 e 3 da CNBB.
O Pontífice disse que Dom Cláudio estava chegando ao seu fim e que havia enviado um telegrama a ele, garantindo suas orações.
“Mas ele parte em paz: foi a palavra do Papa. Quando ele disse para nós que Dom Cláudio parte em paz eu entendi assim: Dom Cláudio cumpriu a sua missão, aquilo que ele necessitaria fazer na sua vida ele fez, foi tão profeta que completou o seu percurso. Deixou o exemplo e caminhos abertos para nós agora trilharmos.”
Bianca Fraccalvieri
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Dom Angelo recorda o cardeal Hummes:
morreu como um verdadeiro franciscano
Nestes últimos 4 meses, o bispo auxiliar da
Arquidiocese de São Paulo, dom Angelo Ademir Mezzari, foi agraciado em conviver
diariamente com dom Claudio Hummes. Mesmo com o agravamento do câncer,
"sempre às 7h30 da manhã lá estava ele, devagarinho: muita fé, muita fé!
Uma oração intermitente, uma veneração à Eucaristia e à plena comunhão".
Dom Angelo conta sobre a espera da "irmã morte" na fé, na certeza que
Cristo estava junto, e que aconteceu em casa: "um verdadeiro
franciscano!".
"Recebo com muita tristeza, mas também
na esperança da vida da Ressurreição a notícia da morte do cardeal dom Claudio
Hummes", afirmou em declaração ao Vatican News o bispo auxiliar
da Arquidiocese de São Paulo, dom Angelo Ademir Mezzari. Ele está na Itália
desde a semana passada por ocasião do XIII Capítulo Geral da Congregação dos
Rogacionistas do Coração de Jesus, da qual já foi superior geral
(2010-2016).
Dom Angelo conta que recebeu de dom
Odilo Scherer no início de março "a responsabilidade de organizar
e coordenar a celebração das missas com dom Claudio sempre às 7h30",
porque ele já não se sentia mais em condições de presidir sozinho as
Eucaristias. Foram cerca de 4 meses de comunhão fraterna na casa de dom
Claudio, que inclusive ficava na mesma região episcopal de dom Angelo, e onde
na manhã desta segunda-feira (4) o arcebispo emérito de São Paulo e prefeito
emérito da Congregação para o Clero faleceu aos 87 anos. Era ali na residência
na zona sul de São Paulo que dom Claudio recebia cuidados paliativos após um
quadro irreversível de câncer.
A graça do encontro diário com dom Cláudio
Um período de grande aprendizado para o
bispo auxiliar de São Paulo que nunca tinha tido "a graça de partilhar a
vida dele em vários momentos". Foram 4 meses para se aprender a viver com
o sofrimento natural de uma doença "a luz da fé, do amor e da
esperança", como também um tempo para se celebrar com dom Claudio e
conhecer a fundo as suas mais diferentes missões:
"Estes momentos pessoais, quando a
doença estava se agravando, foram para mim de grande sinal e grande testemunho.
Tínhamos a graça também, pelo menos nos primeiros tempos, logo depois da missa,
de tomar café com ele e, claro, também recebia outros bispos e sacerdotes que
vinham."
Como é o caso de dom Odilo Scherer que, com
preocupação e cuidado com dom Claudio, sempre "teve uma atitude de
pai" auxiliando nas necessidades mais pontuais da doença. Uma condição
física, disse dom Angelo, que nunca o impediu de demonstrar o seu "amor à
Eucaristia":
"Mesmo nos últimos tempos, quando
devido o avançamento do câncer, com as dificuldades no pulmão, também de
respiração, teve alguns dias no hospital; o momento da Consagração era muito
sagrado e ele fazia um esforço enorme - sobretudo nos últimos tempos - para
rezar em voz alta também o momento da Consagração do pão e do vinho. Mas era
sagrada missa, então, desde o começo até nesses últimos 4 meses, 7h30 da manhã,
lá estava ele, devagarinho, os últimos tempos ainda caminhando - até caminhou
nos outros dias: muita fé, muita fé! Uma oração intermitente, uma veneração à
Eucaristia e à plena comunhão."
Dom Claudio esperou 'a irmã morte'
O grande testemunho de amor à Igreja era
demonstrado pelo amor à Eucaristia, a Jesus Cristo, ao Papa Francisco, à
Arquidiocese de São Paulo e, sobretudo, lembrou dom Angelo, à Amazônia através
de um legado de muita alegria e também despojamento, já que "ele foi se
despojando de tudo, com muita liberdade, deixando tudo que tinha vivido e que
tinha passado, e se colocando nas mãos de Deus. Ele sabia que a sua hora iria
chegar". Um aspecto que o bispo auxiliar considera fundamental e de
ensinamento para todos, assim como a sua espiritualidade franciscana:
"Ele esperou a irmã morte. Nos
últimos tempos não queria se submeter ao tratamento de saúde que poderia deixar
de viver a dor e o sofrimento. E ele viveu a dor, o sofrimento e a perda das
forças com espírito de fé e aquele espírito de alguém que estava chegando. Eu
ainda celebrei com ele antes de vir para Roma, foi no dia 26 de junho, e ainda
tomei um cafezinho com ele. Ele estava bem debilitado, ainda tive a
oportunidade de ajudá-lo a sentar e se levantar."
“Mas, que testemunho! Estava bem tranquilo,
claro, respirando com dificuldade, mas ele esperou na fé, no amor, na certeza
de que Cristo estava com ele; a irmã morte que chegava. Um verdadeiro
franciscano!”
Um homem que todos já conheciam como
"muito sereno, altivo, se colocava diante das coisas com equilíbrio e
naturalidade", mesmo tendo vivido uma história tão significativa como
religioso, bispo e cardeal".
"Eu tive a graça, uma graça que é de
poucos, de poder estar acompanhando ele diariamente, porque nesses últimos
meses ele se recolheu nesse silêncio, nessa oração, nesse dia a dia com muita
fé. E aguardava. E esperou e, como ele tanto pediu, ele morreu em casa, onde
residiu nesses últimos anos, onde exerceu o seu ministério, onde foi chamado
pelo Papa em relação a Repam e depois também a Ceama."
“Tu és pó e ao pó retornarás”
Segundo informações da Arquidiocese de São
Paulo, o velório e os ritos fúnebres serão realizados na Catedral Metropolitana
de São Paulo, com início ainda nesta segunda-feira (4). O sepultamento será na
Cripta da Catedral, conforme desejo do cardeal Hummes:
"Lá na Catedral da Sé ele pediu para
ser sepultado na terra. Então, lá na cripta, eles encontraram um modo lá, não
nas laterais, mas no chão. Aquele espírito mesmo da vida eterna 'do pó tu és, e
ao pó retornarás'. Então foi encontrado, diante de algumas dificuldades, no
solo da cripta, o modo de ele ser sepultado em contato com a terra."
Andressa Collet
.................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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