domingo, 24 de julho de 2022

Papa partiu para o Canadá:

com as populações indígenas, em busca da reconciliação

Teve início a 37ª Viagem Apostólica e definida pelo próprio Pontífice como "peregrinação penitencial", para prosseguir o "caminho de cura e reconciliação" dos povos autóctones com a Igreja Católica que, tendo-se adequado à mentalidade colonial e às políticas governamentais de assimilação dos séculos passados, provocou profundas feridas nas comunidades nativas, com abusos e crueldades. Edmonton, Maskwacis, Québec e Iqaluit são as etapas de Francisco.

O Papa Francisco saiu pouco depois das 8h da manhã deste domingo, 24, da Casa Santa Marta, em direção ao aeroporto de Fiumicino, de onde o Airbus A330 da Ita Airways, com jornalistas a bordo, decolou às 9h16 em direção ao Canadá.

Pouco antes da decolagem, sua mensagem no Twitter: "Queridos irmãos e irmãs do #Canadá, vou entre vocês para encontrar os povos indígenas. Espero que, com a graça de Deus, minha peregrinação penitencial possa contribuir para o caminho de reconciliação já empreendido. Por favor, me acompanhem com a #oração." 

O Pontífice realiza sua 37ª Viagem Apostólica e a nação norte-americana é o 56º país que visita. Uma viagem muito desejada "no centro da qual haverá um abraço com os povos indígenas e a Igreja local", explicou o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin ao Vatican News.

Os seis dias que Francisco passará no Canadá, de 24 a 29 julho - o regresso à Itália está previsto para a madrugada do dia 30 - será uma "peregrinação penitencial", como ele mesmo afirmou no Angelus de domingo passado. O Papa, "em nome de Jesus", quer "encontrar e abraçar os povos indígenas", expressar sua proximidade concreta naquele "caminho de cura e reconciliação" empreendido pela Igreja Católica, porque "muitos cristãos, incluindo alguns membros de institutos religiosos, contribuíram para as políticas de assimilação cultural que, no passado, prejudicaram gravemente, de várias maneiras, as comunidades nativas”. Por isso, as palavras-chave desta viagem ao Canadá são: proximidade, perdão, reconciliação, fraternidade, esperança.

O desejo de Francisco de celebrar Santa Ana em território canadense

Convidado pelos bispos em outubro do ano passado, Francisco confirmou que queria viajar ao Canadá em abril, tendo recebido invés disso no Vaticano alguns representantes dos povos indígenas - Métis, Inuit, First Nations - em três encontros privados. Naquela ocasião, o Pontífice expressou "dor e vergonha" pelos abusos e desrespeito à sua identidade, sua cultura e seus valores espirituais, também por parte de vários católicos que se adaptaram à mentalidade e às políticas de assimilação cultural dos séculos passados.

E recordando a particular devoção das populações autóctones a Santa Ana, o Papa manifestou o desejo de celebrar a sua memória litúrgica precisamente em território canadense. O anúncio oficial da viagem veio então em maio, enquanto o programa foi anunciado em 23 de junho. A “peregrinação” do Pontífice se distingue por um logotipo que reproduz os símbolos estilizados das comunidades e território canadense, enquanto o lema é "Caminhar juntos” e indica precisamente o percurso assumido com as comunidades indígenas canadenses no caminho da reconciliação e da cura.

Em Maskwacis o primeiro encontro

Francisco com a delegação - que entre outros tem dois membros da Cúria Romana originários do Canadá, os cardeais Marc Ouellet, prefeito do Dicastério para os Bispos, e Michael Czerny, prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral - chegará a Edmonton após 10 horas e 20 minutos de voo, às 11h20 no fuso horário canadense. Não haverá nenhum compromisso após a recepção oficial no aeroporto, de onde o Papa se dirige ao Seminário São José para descansar.

Seus dias serão marcados, em sua maioria, por encontros com povos autóctones, mas não haverá programações ao longo de todo o dia devido aos problemas na perna direita que obrigaram Francisco a desistir da viagem ao Congo e ao Sudão do Sul, prevista de 2 a 7 de julho.

O Papa se deslocará para lugares muito distantes uns dos outros, para visitar as comunidades indígenas lá onde vivem, com a devida cautela por sua condição física. Na segunda-feira a primeira parada será em Maskwacis, onde às 10 horas ele estará com os povos indígenas Primeiras Nações, Métis e Inuit. À tarde será a vez de outro grupo na Igreja do Sagrado Coração, onde então abençoará uma estátua de Santa Kateri Tekakwitha, a primeira nativa da América do Norte reconhecida como santa pela Igreja Católica.

Na terça-feira, festa dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus, Francisco celebrará a Missa no Estádio da Commonwealth, em Edmonton. Após o almoço, às 16h, momento muito esperado e fortemente desejado pelo Papa: a participação na tradicional peregrinação ao Lago Ste. Anne, onde durante séculos, na semana de 26 de julho, milhares de devotos de Santa Ana se reuniram para rezar e obter curas no corpo e no espírito banhando-se em suas águas. Lá os fiéis participarão, com o Pontífice, de uma Liturgia da Palavra. Em seguida, o Papa retornará ao Seminário São José.

Encontro com as autoridades civis e a Igreja local em Quebec

O Santo Padre se deslocará de avião em duas oportunidades durante sua visita ao Canadá. No dia 27 de julho, às 6h30, horário local, de Edmonton a Québec, onde, após pouco mais de quatro horas de voo, ele se encontrará com a governadora-geral do Canadá Mary May Simon, o primeiro-ministro Justin Trudeau, autoridades civis, representantes dos povos indígenas e o corpo diplomático. O dia do Papa terminará no arcebispado, na Rue Port-Dauphin, onde ficará duas noites.

No dia 28 de julho os encontros com Francisco são, às 10h, na Basílica de Santa Ana de Beaupreé, onde será celebrada a Missa, e às 17h15, na Catedral de Notre-Dame, para as Vésperas com os bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e agentes pastorais. No dia seguinte, antes de partir novamente de avião, às 12h45, em direção a Iqaluit, o Pontífice terá dois encontros no arcebispado: o primeiro, em privado, com alguns membros da Companhia de Jesus, o segundo com uma delegação de indígenas presente em Quebec.

Nos confins do Círculo Polar Ártico para abraçar outras comunidades indígenas

A chegada a Iqaluit, perto do Círculo Polar Ártico, está prevista para as 15h50, cerca de meia hora depois do encontro privado com alguns alunos das antigas escolas residenciais que, confiadas às Igrejas cristãs, incluindo a Católica, eram reservadas às crianças das comunidades indígenas, na maioria das vezes retiradas à força de suas casas, para que aprendessem a cultura ocidental. Nessas instalações, os alunos eram proibidos de falar em sua língua nativa e seguir sua fé religiosa. Os alunos também sofreram abusos, viviam em locais superlotados, com falta de saneamento básico e sem assistência médica.

Por fim, jovens e idosos encontrarão Francisco antes de seu retorno para a Itália às 18h45. O Papa chegará a Roma na manhã de 30 de julho para então voltar ao Vaticano.

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Pedido do Papa aos jornalistas:

Recordar de modo especial dos avós

Neste Dia Mundial dos Avós, o Papa pediu aos jornalista presentes no voo que o leva ao Canadá para recordarem-se de forma especial dos avós. Ademais, pediu que os religiosos e religiosas idosos, os avós da vida consagrada, não sejam escondidos, pois "são a sabedoria de uma família religiosa". "Que os novos religiosos e religiosas, os noviços, as noviças tenham contato com eles: eles nos darão toda a experiência de vida que nos ajudará a seguir em frente."

Como costuma fazer logo no início da suas Viagens Apostólicas, o Papa saudou os cerca de oitenta jornalistas de mais de 10 países a bordo do voo que o leva ao Canadá. Em particular, recordou do Dia Mundial dos Avós e dirigiu-se à jornalista mexicana Valentina Alazraki, que desde 1979 acompanha os voos papais, e que esteve ausente nas últimas viagens.

"Bom domingo a todos, sejam bem-vindos; obrigado por este serviço e também pela companhia: vivo-a como uma companhia… Obrigado pelo vosso trabalho. Gostaria de saudá-los, como sempre: acho que conseguirei me mover, podemos ir", disse Francisco logo após a introdução feita pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, acresentando: "Estejamos atentos nesta jornada: como [Matteo] disse, é uma jornada penitencial, vamos fazê-la com este espírito. Saúdo também a decana [a jornalista Valentina Alazraki]: ela está de volta, depois de algumas viagens ausente. Está lá no fundo. Bom domingo".

O Papa então, pediu que todos recordassem hoje de modo especial de seus avôs e avós, vivos ou falecidos, pois "deles recebemos tantas coisas, antes de tudo a história":

Eu gostaria que hoje... não há Angelus, mas vamos fazer aqui, o Angelus... É o dia dos avós: os avôs, as avós, que são aqueles que transmitiram a história, as tradições, os costumes e tantas coisas, não? Hoje é preciso voltar aos avós - direi isso como um leitmotiv - no sentido de que os jovens devem ter contato com os avós, pegar deles, retomar as raízes, não para ficar ali, não, mas para levá-los em frente, como a árvore que tira força das raízes e a leva adiante nas flores nos frutos. Sempre me lembro daquele poema de [Francisco Luis] Bernárdez: tudo o que a árvore tem de flor vem do que ela tem de enterrado, que são os avós. E gostaria também de recordar, como religioso, os religiosos e religiosas idosos, os avós da vida consagrada: por favor, não os escondam, são a sabedoria de uma família religiosa; e que os novos religiosos e religiosas, os noviços, as noviças tenham contato com eles: eles nos darão toda a experiência de vida que nos ajudará muito a seguir em frente... Por isso, cada um de nós temos avôs, avós, alguns já se foram, outros estão vivos, mas lembremo-nos deles hoje de uma forma especial: recebemos tantas coisas deles, em primeiro lugar a história. Obrigado.

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Os telegramas do Papa
aos Chefes de Estado dos países sobrevoados

A cada Chefe de Estado dos países sobrevoados pelo voo papal, foi endereçada uma mensagem de Francisco.

Antes de chegar ao Canadá às 11h20 (horário em Edmonton), o  voo Airbus A330 da Ita Airways com o Papa a bordo terá sobrevoado Itália, Suíça, França, Reino Unido, Islândia, Dinamarca/Groelândia. Aos respectivos Chefes de Estado de cada Nação, o Pontífice enviou as seguintes mensagens.

Itália

Ao Presidente da República Italiana, Sua Excelência Sergio Mattarella:

No momento em que estou prestes a realizar uma Viagem Apostólica ao Canadá, movido sobretudo pelo vivo desejo de encontrar as populações indígenas locais, dirijo ao senhor presidente minha respeitosa saudação, acompanhada com fervorosas orações pelo povo italiano.

Suíça

Ao Presidente da Confederação Suíça, Sua Excelência Ignazio Cassis:

Enquanto voo sobre a Suíça a caminho do Canadá, envio cordiais saudações a V. Excelência e aos cidadãos suíços, junto com minhas orações para que o Deus Todo-Poderoso abençoe a todos com unidade e paz.

França

A Sua Excelência Emmanuel Macron, Presidente da República da França:

Enquanto viajo para o Canadá, envio meus melhores votos a Sua Excelência e a toda população da França. Assegurando a todos minha recordação orante, invoco sobre a nação as bênção de  Deus de serenidade e alegria.

Reino Unido

A Sua Majestade Rainha Elizabeth II:

Enquanto sobrevoo o Reino Unido a caminho do Canadá, envio os melhores votos a Sua Majestade, aos membros da família real e a todas as pessoas do Reino Unido, Rezo para que o Deus-Todo-Poderoso os abençoe com seus dons de força, alegria e paz.

Islândia

A Sua Excelência Guðni Thorlacius Jóhannesson, Presidente da República da Islândia:

Envio minhas saudações e os melhores votos a Sua Excelência e a seus cidadãos, enquanto sobrevoo a Islândia com destino ao Canadá, acompanhados por orações para que Deus abençoe a todos com seus dons de serenidade e alegria.

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