antídoto contra a política do ódio e do inimigo
Tem-se dito que a realidade da crise sanitária, mais que uma pandemia, é uma sindemia, um conjunto de pandemias, que leva ou desencadeia uma crise civilizatória abrangente e profunda. Um dos aspectos é o surgimento da polarização, do que Carl Smith chamava de política do inimigo, que substitui a negociação e o diálogo pelo conflito radical.
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Dom Roberto |
Embora, no Brasil, no passado não muito longínquo, vivêssemos uma cultura cordial, ou cordata, de assimilação e respeito pelas diferenças, hoje, nos deparamos com a intolerância e o ódio escancarados, nas redes sociais e no campo da política. Certamente, que estas tendências, de progressiva violência, e destempero, fazem ruir a Democracia e colapsar as instituições do Estado de Direito.
Pois, se aderimos à tese do autoritarismo,
de que há somente um líder para uma nação, se substitui o povo, o debate
democrático e deliberativo, a participação nas decisões e a busca de consensos
que visem o bem comum. No nº 194, da Encíclica Fratelli Tutti, o Papa
Francisco se pergunta se na política não haveria lugar para amar com ternura.
Em que consiste? No amor, que se torna próximo e concreto.
É um movimento que brota do coração e chega
aos olhos, aos ouvidos e às mãos. No meio da atividade política, “os mais
pequeninos, frágeis e pobres devem enternecer-nos: eles têm o “direito” de
arrebatar a nossa alma, o nosso coração”. A ternura política é optar por
promover a cultura da paz, e não violência, afirmar a vida, o cuidado, e a
proteção para com todas as pessoas, as criaturas e a Casa Comum.
Torna-se um estilo de vida, uma
antropologia centrada num humanismo integral que almeja um novo paradigma
civilizatório, que faça desabrochar a esperança, a bondade e a partilha e
condivisão dos bens. Basta de ódio, de intimidação, ou fake News na
política, por um futuro de paz onde caibam todos(as), pela sociedade do bem
viver e do bem conviver. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo
de Campos (RJ)
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