sábado, 2 de novembro de 2019

Papa celebra missa de Finados

nas Catacumbas de Priscila, em Roma
Neste dia de Finados, o Papa Francisco irá rezar pelos falecidos nas Catacumbas de Priscila, ao presidir a Santa Missa com transmissão ao vivo do Vatican News.
Em 2017, o Papa visitou e celebrou missa no cemitério de Netuno, na diocese de Albano
Andressa Collet - Cidade do Vaticano - O Papa Francisco, ao saudar os peregrinos provenientes da Polônia na Audiência Geral a última quarta-feira (30), havia recordado a proximidade da Solenidade de Todos os Santos e o Dia de Finados, em memória aos fiéis defuntos. O Pontífice usou as palavras do Papa polonês para indicar como devemos viver este período.
“Como dizia São João Paulo II, estes dias ‘nos convidam a dirigir o olhar ao Céu, destino da nossa peregrinação terrena. Lá nos espera a festiva comunidade dos Santos. Lá nos reencontraremos com os nossos queridos defuntos’, pelos quais agora se eleva a nossa oração. Vivemos o mistério da comunhão dos santos com a esperança que brota da ressurreição do Senhor, nosso Jesus Cristo.”
Transmissões ao vivo do Vatican News
No sábado (2), Dia de Finados, haverá transmissão ao vivo será direto das Catacumbas de Priscila, no bairro Trieste, em Roma, onde estão enterrados dois Pontífices: o Papa Marcelino e o Papa Marcelo I. A celebração da Santa Missa em comemoração aos fiéis defuntos será presidida pelo Papa Francisco a partir das 16h, hora italiana, 12h no horário de Brasília.
Já na segunda-feira, dia 4 de novembro, o Pontífice vai celebrar a missa pelos cardeais e bispos falecidos no decorrer do último ano. A transmissão ao vivo, com comentários em português, direito da Basílica de São Pedro, começa às 11h30, hora italiana, 7h30 no horário de Brasília.
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Nas catacumbas, Papa recorda dos cristãos perseguidos
 “mais do que nos primeiros séculos”
Na celebração no dia de Finados, Santo Padre também chamou a atenção mais uma vez de que as Bem-Aventuranças e o Grande Protocolo (Mateus 25) são nossa identidade de cristãos, "sem isso, não há identidade", e que "o lugar do cristão está nas mãos de Deus, chagadas de amor."
Capela onde Papa celebrou a Missa no Dia de Finados
Cidade do Vaticano - Em 2018, a escolha do Santo Padre para a celebração dos Fiéis Defuntos recaiu sobre o Cemitério Laurentino, uma área de 27 hectares na zona rural de Roma, onde se deteve diante dos túmulos de crianças falecidas prematuramente por doenças, acidentes ou nunca nascidas, o chamado “Jardim dos Anjos”.
Desta vez, o Papa quis presidir a celebração Eucarística nas Catacumbas de Priscila, a “regina catacumbarum” como era denominado por todos os documentos topográficos e litúrgicos antigos o  cemitério dos mártires localizado na Vila Salária, em Roma.
O Papa Francisco não levou consigo nenhum texto preparado, tendo pronunciado sua homilia de forma espontânea:
Papa percorre as Catacumbas
“A celebração da festa de todos os falecidos em uma catacumba - para mim é a primeira vez na vida que entro em uma catacumba - é uma surpresa; e também nos diz muitas coisas. Podemos pensar na vida dessas pessoas, que tinham que se esconder, que tinham essa cultura de sepultar os mortos e celebrar a Eucaristia aqui ... é um momento da história difícil, mas que não foi superado: também hoje existem. Existem tantas. Tantas catacumbas em outros países onde até mesmo devem fingir fazer festa ou um aniversário para celebrar a Eucaristia, porque naquele lugar é proibido fazê-lo: também hoje existem cristãos perseguidos, mais do que nos primeiros séculos. Mais! Isso - as catacumbas, a perseguição, os cristãos - e essas leituras me fazem pensar em três palavras: a identidade, o lugar e a esperança.
Papa perante uma grande inscrição
A identidade dessas pessoas que se reuniam aqui para celebrar a Eucaristia e para louvar ao Senhor é a mesma de nossos irmãos hoje em tantos, tantos países onde ser cristão é um crime, é proibido: eles não têm o direito. A mesma coisa. Esta é a identidade que ouvimos: são as Bem-Aventuranças. A identidade do cristão é esta: as Bem-Aventuranças. Não há outra. Se você faz isso, se você vive assim, você é um cristão. "Não, mas, veja, eu pertenço a essa associação, àquela outra ... e pertenço a esse movimento ...": sim, sim, sim, todas coisas belas. Mas essas são fantasias diante dessa realidade. A sua carteira de identidade é essa e, se você não a tiver, serão inúteis os movimentos ou outras pertenças. Ou você vive assim ou não é cristão. Simplesmente: o Senhor disse isso. "Sim, mas não é fácil, não sei como viver assim ...": mas há outra passagem do Evangelho que nos ajuda a entender melhor isso, e também essa passagem do Evangelho será o "Grande Protocolo" com [segundo] o qual seremos julgados. É Mateus 25. Com essas duas passagens do Evangelho, as Bem-Aventuranças e o Grande Protocolo, nós mostraremos, vivendo isso, nossa identidade de cristãos. Sem isso, não há identidade. Há uma pretensão de ser cristão, mas não uma identidade.
Essa é a identidade do cristão. A segunda palavra: o lugar. Essas pessoas que vinham aqui para se esconder, para estarem seguras, também para sepultar os mortos, aqui; aquelas pessoas que celebram hoje a Eucaristia em segredo, naqueles países onde é proibido - penso naquela freira da Albânia que estava em um campo de reeducação, na época do comunismo, e era proibido aos sacerdotes darem os Sacramentos, e esta freira, ali, batizava em segredo. As pessoas, os cristãos, sabiam que essa freira batizava e as mães se aproximavam com a criança; mas ela não tinha um copo, algo para colocar água ... Com os sapatos, tirava água do rio e batizava com sapatos. O lugar do cristão está em todo lugar: nós não temos um lugar privilegiado na vida. Alguns querem tê-lo -  são cristãos qualificados. Mas eles correm o risco de permanecer com o "qualificados" e abandonar o "cristão". Os cristãos, qual é o lugar deles? "As almas dos justos estão nas mãos de Deus": o lugar do cristão está nas mãos de Deus, onde Ele quer. As mãos de Deus que são chagadas, que são as mãos de seu Filho que quis levar consigo as feridas para mostrá-las ao Pai e interceder por nós. O lugar do cristão é na intercessão de Jesus diante do Pai: nas mãos de Deus, e ali estamos seguros. Aconteça o que acontecer, mesmo a Cruz: mesmo, a nossa identidade diz que daremos graças se nos perseguirem, tudo o que disserem contra nós; mas se estivermos nas mãos de Deus chagadas de amor, estaremos seguros. Este é o nosso lugar.
Em outro local das Catacumbas
E hoje podemos nos perguntar: mas eu, onde me sinto mais seguro? Nas mãos de Deus ou com outras coisas, com outras seguranças que nós "alugamos", mas que no final caem, que não têm consistência? Esses cristãos com essa carteira de identidade que viviam e vivem nas mãos de Deus, são homens e mulheres de esperança: e esta é a terceira palavra que me ocorre hoje: esperança.
Ouvimos na segunda leitura: aquela visão final onde tudo é feito novamente, tudo é recriado, aquela Pátria para onde todos nós iremos. E para entrar lá, não servem coisas estranhas, não servem atitudes sofisticadas: somente é necessário mostrar a carteira de identidade. Está tudo certo, vá em frente. A nossa esperança está no céu, a nossa esperança está ancorada lá e nós, com a corda em mãos, nos sustentamos olhando aquela margem do rio que devemos atravessar.
Identidade: das Bem-Aventuranças e Mateus 25; lugar, o lugar mais seguro: nas mãos de Deus, chagadas de amor; esperança, o futuro: a âncora, ali, na outra margem, mas eu bem seguro à corda: isso é importante. Sempre agarrado à corda. Tantas vezes veremos apenas a corda, nem mesmo a âncora, nem mesmo a outra margem. Mas você, segure a corda que chegará em segurança.”
Ao final da celebração, o Papa Francisco retorna ao Vaticano, onde irá às Grutas da Basílica de São Pedro onde estão sepultados diversos Pontífices, para um momento de oração silenciosa.
Testemunha da fé primitiva
As Catacumbas de Priscila são o testemunho da fé primitiva, com toda a sua beleza de decorações e símbolos. Escavada na rocha já entre o segundo e o quinto séculos - em ambientes preexistentes ocupados pelos túmulos da família dos Acili Glabrioni, à qual pertencia a nobre senhora Priscila, doadora do terreno -  a catacumba veio à luz no século XVI.
Papa em oração
Estendendo-se por cerca de 13 km de galerias, tem vários níveis de profundidade, dos quais o mais antigo é o primeiro. Nele encontramos nichos e cubículos, isto é, túmulos de famílias ricas ou de mártires, e outro tipo nobre de túmulo, frequentemente decorado com pinturas com temas religiosos.
De fato, são muitas as representações valiosas inspiradas nas histórias bíblicas do Antigo e do Novo Testamento, que expressam a fé na salvação e na ressurreição prometida por Jesus.
Sobre as lápides dos túmulos, são frequentes os símbolos de grande importância para os cristãos dentre os quais, o mais conhecido é o peixe, que encerra em si as cinco palavras "Jesus Cristo, filho de Deus Salvador", por meio das iniciais das cinco letras gregas que compõem a palavra "ICTUS", peixe.
De particular valor artístico é a "Capela Grega" e o nicho que contém a mais antiga imagem da Virgem Maria, com o Menino nos joelhos, e ao lado um profeta, que segura um pergaminho na mão esquerda e aponta para uma estrela com a mão direita, provavelmente representando a profecia de Balaão: "uma estrela nasce de Jacó e um cetro nasce de Israel" (Nm 24,15-17). A presença do profeta indica no Menino o Messias esperado por séculos.
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Assista:
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Veja outras fotos:





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