sábado, 23 de novembro de 2019

O Papa Francisco

já se encontra no Japão
Ao chegar ao Japão, Francisco iniciou este sábado (23/11) a segunda etapa desta sua viagem apostólica internacional, após ter visitado a Tailândia. No primeiro e último compromisso do dia, o encontro com os bispos da Conferência Episcopal do País do Sol Nascente.
Cidade do Vaticano - O Papa Francisco chegou ao aeroporto de Tóquio às 17h32 locais (5h32 de Brasília) deste sábado (23/11), proveniente da Tailândia, dando início à segunda e última etapa desta sua 32ª viagem apostólica internacional.
O Santo Padre foi acolhido pelo vice-primeiro-ministro japonês, por bispos e clero e por cerca de cem estudantes das escolas católicas com uma mensagem em espanhol de boas-vindas ao ilustre visitante. Logo em seguida manteve um rápido encontro privado na Sala Vip 3 do aeroporto com o vice-primeiro-ministro nipônico.
Do aeroporto o Pontífice transferiu-se para a nunciatura apostólica, situada no bairro Shiyoda da capital japonesa, onde tem lugar um encontro com os bispos da Conferência Episcopal do País do Sol Nascente, que reúne os prelados das três arquidioceses metropolitanas e das 13 dioceses sufragâneas do Japão. O lema da visita é ”Proteger toda a vida”.
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Papa Francisco:
"Eis o que a Ásia pode dar ao Ocidente"
O diálogo de Francisco com os bispos japoneses: após ter feito o discurso preparado, respondeu às perguntas deles.
“A dimensão de transcendência que se vive na Ásia faz bem aos países ocidentais. Precisamos dela.” Após ter pronunciado seu discurso aos bispos do Japão reunidos numa sala da nunciatura apostólica de Tóquio, o Papa Francisco pediu que lhe fizessem perguntas e se deteve por meia hora em diálogo com eles.
A primeira pergunta foi concernente ao sonho do jovem padre Bergoglio que tanto tinha querido ser missionário no Japão. “Eu desejava vir como missionário quando estudava filosofia. Atraia-me muito... não sei porque o Japão me atraía. Era um lugar de missão, que talvez pela beleza, eu desejava. Sucessivamente, durante os três anos de magistério fiz um pedido formal ao Geral que tinha sido eleito há pouco tempo, o padre Arrupe. Mas como me havia sido tirada uma parte do pulmão, ele respondeu: não, a tua saúde não te permite. E acrescentou que eu deveria canalizar o zelo apostólico em outra direção. De certo modo me fez pensar que viveria ainda poucos anos. Mas tive a minha desforra e quando me tornei Provincial, fiz a minha revanche mandando cinco jovens para o Japão. Foi assim que se deu.”
Outro bispo perguntou ao Papa onde encontrou a fotografia do menino de Nagasaki que aguarda para colocar no forno crematório o irmãozinho morto pelas  radiações da bomba atômica. Francisco mandou imprimir a foto em milhares de cópias e a distribuiu em todos os lugares. “Não me recordo bem. Mas já era Papa. Alguém me enviou a foto, creio que fosse um jornalista e quando a vi, me tocou o coração. Rezei muito olhando aquela foto, e me veio em mente publicá-la e usá-la como um cartãozinho a ser distribuído... Acrescentei apenas um título: ‘O fruto da guerra’. E a distribuí em todos os lugares. Toda vez que podemos a distribuímos e faz um grande bem.”
Em seguida foi perguntado a Francisco qual é a mensagem principal que pretende trazer durante estes dias no Japão. “A primeira mensagem já trouxe aos jovens no aeroporto. Eram numerosos e um deles me disse: ‘Dai-nos uma mensagem para os jovens!’ Olhei para ele e lhe disse: ‘Caminhai, caminhai sempre e, talvez, venhais a cair, mas desse modo aprendereis a levantar-vos e a progredir na vida’. Depois entendi que o inconsciente tinha me traído porque era uma mensagem contra o perfeccionismo e o desencorajamento dos jovens quando não conseguem aquilo que querem e há muitas depressões, suicídios e problemas que conheceis.”
Francisco acrescentou que outra palavra-chave de suas mensagens no Japão será “proximidade”: “Para as famílias, e sobretudo para os sacerdotes e os consagrados, homens, mulheres, catequistas que não devem se desencorajar, que sejam próximos do povo de Deus para que a mensagem chegue”. O Papa antecipou que durante as visitas a Nagasaki e Hiroshima condenará o uso das armas nucleares.
Respondendo a quem lhe perguntou qual contribuição esperava da Igreja asiática para a Igreja universal, após as viagens a vários países da Ásia, Francisco disse: “A primeira coisa que me toca é a transcendência. A Igreja asiática é uma Igreja com uma dimensão de transcendência, porque na cultura destes países há uma indicação de que nem tudo acaba aqui na terra. Essa dimensão da transcendência faz bem aos países ocidentais. Precisamos dela”.
Depois o Papa repetiu uma observação já feita precedentemente sobre o papel das governantas filipinas ao transmitir a fé às crianças de pais cristãos que não conseguem mais comunicá-la aos filhos: “Desse modo, buscam governantas filipinas porque falam inglês e as crianças o aprendam. Mas essas governantas não se limitam a ensinar inglês, transmitem a fé. E ensinam às crianças o sinal da cruz que não tinham aprendido de seus pais”.
O bispo de Hiroshima doou ao Pontífice uma camisa de jogador de futebol com o número 86, em recordação à data (6 de agosto) da explosão atômica que devastou a cidade. Foi também presenteado a Francisco um “bilboquê”, brinquedo que consiste em uma bola de madeira com um furo, ligada por um cordão a um bastão no qual se procura encaixá-la. Jorge Mario Bergoglio o usava quando garoto. O Papa contou que gostava de jogar futebol, uma grande paixão sua, mas com poucos resultados: “Chamavam-me ‘pata dura’, perna de pau, e me colocavam no gol”. Na conclusão do encontro Francisco convidou os bispos a reler o número 80 da Exortação apostólica Evangelii nuntiandi de São Paulo VI, sobre aquilo que distingue o bom evangelizador do mau evangelizador.
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Papa aos bispos do Japão:
Defender toda vida como dom precioso do Senhor
Em seu primeiro discurso em terras nipônicas este sábado (23/11), o Papa Francisco, falando aos bispos, convidou-os a prestar atenção especial aos jovens e às suas necessidades, procurando “criar espaços onde a cultura da eficiência, do rendimento e do sucesso possa abrir-se à cultura dum amor gratuito e altruísta, capaz de oferecer a todos – e não só aos mais prendados – possibilidade duma vida feliz e realizada”.
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano - “Não tenhamos medo de realizar sempre, aqui e em todo o mundo, a missão de levantar a voz e defender toda a vida como dom precioso do Senhor. Por isso vos encorajo nos vossos esforços por garantir que a comunidade católica, no Japão, ofereça um testemunho claro do Evangelho no meio de toda a sociedade.”
No vosso meio como peregrino missionário
Foi a exortação do Papa no encontro com os bispos do Japão, em seu primeiro dia e primeiro discurso em terras nipônicas, este sábado (23/11), na nunciatura apostólica, na qual agradeceu ao Senhor ao fazer-se peregrino missionário no País do São Nascente, seguindo os passos de grandes testemunhas da fé. A visita constitui a segunda etapa desta 32ª viagem apostólica internacional, iniciada com a visita pastoral à Tailândia.
Falando a seus irmãos no episcopado, Francisco externou desde jovem sentir simpatia e estima por estas terras. “Passaram-se muitos anos desde aquele impulso missionário, cuja realização se fez esperar”, acrescentou.
Já no início de seu discurso, o Santo Padre quis estender seu abraço e suas orações a todos os japoneses, neste período marcado pela entronização do novo Imperador e o início da era Reiwa.
São Francisco Xavier, grande evangelizador do Japão
“Completam-se quatrocentos e setenta anos da chegada de São Francisco Xavier ao Japão, que marcou o início da propagação do cristianismo nesta terra. Recordando-o, quero unir-me convosco para dar graças ao Senhor por todos aqueles que, ao longo dos séculos, se dedicaram a semear o Evangelho e a servir o povo japonês com grande unção e amor; tal dedicação conferiu uma fisionomia muito particular à Igreja japonesa”, frisou o Pontífice recordando particularmente a figura eminente do jesuíta grande evangelizador do Japão.
O Papa recordou também os mártires São Paulo Miki e seus companheiros e o Beato Justo Takayama Ukon, que, no meio de muitas provações, deram testemunho até à morte.
“O DNA das vossas comunidades está marcado por este testemunho, antídoto contra todo o desespero, que nos indica a estrada para onde encaminhar-se. Sois uma Igreja que se manteve viva pronunciando o Nome do Senhor e contemplando como Ele vos guiava no meio da perseguição.”
Testemunho dos mártires
Francisco destacou que a sementeira confiante, o testemunho dos mártires e a espera paciente dos frutos, que o Senhor concede no devido tempo, “caracterizaram a modalidade apostólica com que soubestes acompanhar a cultura japonesa. Como resultado – disse –, plasmastes  ao longo dos anos um rosto eclesial, geralmente muito apreciado pela sociedade japonesa, graças às vossas variadas contribuições para o bem comum”.
Em seguida, lembrou aos bispos japoneses o lema desta da visita e a missão episcopal.
Proteger toda a vida
“Esta viagem apostólica decorre sob o lema «proteger toda a vida»; lema este, que pode facilmente simbolizar o nosso ministério episcopal. O bispo é uma pessoa que o Senhor chamou do meio do seu povo, para devolvê-lo a este como pastor capaz de proteger toda a vida; isto define, em certa medida, o alvo para onde devemos apontar.”
“Proteger toda a vida significa, em primeiro lugar, ter um olhar contemplativo capaz de amar a vida de todo o povo que vos está confiado, para reconhecerdes nele, antes de mais nada, um dom do Senhor”, disse ainda. Porque só o que se ama pode ser salvo. Só o que se abraça, pode ser transformado, acrescentou.
Proteger toda a vida e anunciar o Evangelho não são duas coisas separadas nem contrapostas, mas uma reclama e exige a outra, observou o Santo Padre. “Ambas significam estar atentos e vigilantes relativamente a tudo aquilo que hoje possa impedir, nestas terras, o desenvolvimento integral das pessoas confiadas à luz do Evangelho de Jesus”.
Testemunho humilde, diário, aberto ao diálogo
“Sabemos que a Igreja, no Japão, é pequena, e os católicos são uma minoria; mas isto não deve desmerecer o vosso compromisso com a evangelização, pois, na vossa situação particular, a palavra mais forte e clara que se pode oferecer é a dum testemunho humilde, diário, aberto ao diálogo com as outras tradições religiosas.”
Francisco ressaltou aos bispos que a hospitalidade e o cuidado prestados aos numerosos trabalhadores estrangeiros, que constituem mais de metade dos católicos do Japão, “servem não só como testemunho do Evangelho no meio da sociedade japonesa, mas atestam também a universalidade da Igreja, demonstrando que a nossa união com Cristo é mais forte do que qualquer outro vínculo ou identidade e é capaz de atingir e envolver todas as realidades”.
Visita a Hiroshima e Nagasaki
Uma Igreja de mártires pode falar com maior liberdade, especialmente quando aborda questões urgentes como a paz e a justiça no nosso mundo, disse o Pontífice, acrescentando:
“Em breve, visitarei Nagasaki e Hiroshima, onde rezarei pelas vítimas do catastrófico bombardeamento destas duas cidades e darei voz aos vossos próprios apelos proféticos em prol do desarmamento nuclear. Desejo encontrar aqueles que sofrem ainda as feridas daquele trágico episódio da história humana, bem como as vítimas do ‘tríplice desastre’.”
Flagelos que ameaçam a vida de algumas pessoas
Estamos cientes da existência de vários flagelos que ameaçam a vida de algumas pessoas das vossas comunidades, por várias razões atingidas pela solidão, o desespero e o isolamento, disse, antes de concluir.
“O aumento do número de suicídios nas vossas cidades, bem como o bullying e várias formas de consumo estão criando novos tipos de alienação e desorientação espiritual. E como tudo isto atinge especialmente os jovens!” – observou, convidando os bispos a prestar atenção especial a eles e às suas necessidades, procurando “criar espaços onde a cultura da eficiência, do rendimento e do sucesso possa abrir-se à cultura dum amor gratuito e altruísta, capaz de oferecer a todos – e não só aos mais prendados – possiblidade duma vida feliz e realizada”.
Evangelho da compaixão e da misericórdia
“Devemos alcançar a alma das cidades, dos lugares de trabalho, das universidades, para acompanhar com o Evangelho da compaixão e da misericórdia os fiéis que nos foram confiados”, concluiu Francisco exortando mais uma vez os bispos do Japão.
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Assista:
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