sábado, 18 de maio de 2019

Papa Francisco neste sábado:

“Descartar a comida é descartar as pessoas”
Em seu discurso aos membros e voluntários da Federação Europeia dos Bancos de Alimentos, o Papa expressou sua gratidão pelo seu trabalho de “dar de comer a quem tem fome”.
Cidade do Vaticano - O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado (18/5), no Vaticano, 200 membros da Federação Europeia dos Bancos de Alimentos, que se reuniram em Roma por ocasião dos 30 anos de sua fundação na Itália.
Estes Bancos são organizações ou entidades reconhecidas oficialmente, sem fins lucrativos, baseadas no voluntariado, que têm o objetivo de arrecadar doações de alimentos ou sobras de comidas para serem distribuídas aos mais necessitados. No Brasil, o Banco de Alimentos foi fundado em 1988.
É fácil falar, mas é difícil fazer
Em seu discurso aos membros e voluntários da Federação, o Papa expressou sua gratidão pelo seu trabalho de “dar de comer a quem tem fome”. Não se trata de assistencialismo, mas um gesto concreto e silencioso de solidariedade e caridade com os mais necessitados. E, reafirmando o ditado “é fácil falar, mas é difícil fazer”, Francisco disse:
“ Vocês se colocam em jogo, não com palavras, mas com fatos, combatendo o desperdício de comida e coletando suas sobras para serem distribuídas aos indigentes. Lutar contra a terrível chaga da fome é também combater o desperdício. Coletar para distribuir, não produzir para desperdiçar. Descartar a comida é descartar as pessoas. ”
No mundo complexo de hoje, frisou o Papa, é importante que “o bem seja bem feito”; não deve ser fruto de um mero assistencialismo, que não contribui para o desenvolvimento. E referindo-se aos componentes dos Bancos de Alimentos, Francisco disse:
“É belo ver pessoas de várias línguas, crenças, tradições e orientações diferentes que se encontram para compartilhar e promover a dignidade dos outros. Não se trata de uma busca de lucros pessoais, mas do futuro e do progresso dos últimos da sociedade”.
Economia mundial frenética
Aqui, o Pontífice expressou sua preocupação com a economia mundial frenética. “Precisamos – disse – de uma economia mais humana, que tenha alma e não espezinhe os mais frágeis, desprovidos de trabalho, de dignidade e de esperança; muitos são oprimidos pelos ritmos produtivos desumanos, que reduzem as relações pessoais e afetam a vida familiar”. E o Papa recordou:
“ A economia, que nasceu para cuidar da Casa Comum, perdeu sua personalidade: ao invés de servir ao homem, o escraviza por meio de mecanismos financeiros. Como podemos viver bem se as pessoas são reduzidas a números? ”
Diante de um contexto econômico doentio, - ponderou o Papa – “não se deve intervir, de modo brutal, para não correr o risco até de matar”. É preciso empreender caminhos saudáveis e solidários, mediante modelos de vida baseados na equidade social, na dignidade das pessoas, das famílias, do futuro dos jovens, do respeito pelo meio ambiente. E Francisco concluiu:
“Uma economia circular não pode ser mais adiada. O desperdício não pode ser a última palavra, deixada em herança pelos poucos ricos, enquanto a maior parte da humanidade se cala. Por isso, renovo-lhes minha gratidão e os encorajo a continuar a envolver, sobretudo os jovens, para que possam se unir a vocês na promoção do bem em benefício de todos”.

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Papa a membros da Associação da Imprensa Estrangeira na Itália:
Precisamos de jornalistas que estejam da parte dos excluídos
Aos membros da Associação da Imprensa Estrangeira na Itália, Francisco manifestou a sua estima pessoal e a de toda a Igreja pelo trabalho dos jornalistas.
Cidade do Vaticano - O jornalista humilde é um jornalista livre: a audiência do Papa Francisco aos membros da Associação da Imprensa Estrangeira na Itália foi a ocasião para o Pontífice falar mais uma vez dos desafios do comunicador contemporâneo.
Antes de tudo, o Papa manifestou a sua estima pessoal e a de toda a Igreja pela missão dos jornalistas, mesmo quando “colocam o dedo na ferida” e esta ferida se encontra na comunidade eclesial. “Este trabalho é precioso porque contribui para a busca da verdade e somente a verdade nos torna livres.”
Dar voz a quem não tem voz 
Para Francisco, o trabalho jornalístico tem um papel indispensável, mas requer grande responsabilidade ao escolher palavras, imagens e conteúdo a partilhar:
“ Eu os exorto a atuar segundo verdade e justiça, para que a comunicação seja realmente instrumento para construir e não destruir; para dialogar, não monologar; para orientar, não para desorientar; para caminhar em paz, não para semear ódio; para dar voz a quem não tem voz e não ser megafone de quem grita mais forte. ”
A busca pela verdade requer humildade
De todas as características necessárias para ser um comunicador – profissionalismo, competência, curiosidade, capacidade de escrever e de fazer perguntas oportunas -, o Papa destacou uma em especial, que pode representar uma mudança radical para o jornalista: a humildade.
“ A humildade de não saber tudo é o que move a apuração. A presunção de já saber tudo é o que a bloqueia. ”
Jornalistas humildes não são sinônimo de medíocres, esclareceu o Papa. Mas é estar ciente de que através de uma reportagem, de um tuíte, de um programa no rádio e na televisão pode se fazer o bem ou o mal ao próximo. Às vezes uma “errata” não é suficiente para restituir a dignidade a uma pessoa, sobretudo na era da internet.
A liberdade requer coragem
Ser humilde significa evitar estereótipos, dominar a pressa, apurar os fatos antes de contá-los e comentá-los. É preciso usar a palavra assim como um cirurgião usa o bisturi, disse o Papa citando o padroeiro dos jornalistas, São Francisco de Sales.
“ Num tempo de fake news, a humildade impede comercializar o alimento vencido da desinformação e oferece o pão saudável da verdade. O jornalista humilde é um jornalista livre. Livre dos condicionamentos. Livre dos preconceitos e, por isso, corajoso. A liberdade requer coragem. ”
Em seu discurso, o Papa citou também os muitos jornalistas que perdem a vida em serviço, enquanto exerciam a sua profissão em guerras e situações dramáticas que vivem tantas pessoas no mundo. “A liberdade de expressão é um índice importante do estado de saúde de um país”, afirmou Francisco, recordando que a primeira medida de uma ditadura é acabar com a liberdade da imprensa.
Da parte de quem é excluído
“Precisamos de jornalistas que estejam da parte das vítimas, da parte de quem é perseguido, da parte de quem é excluído, descartado, discriminado”, acrescentou o Papa, agradecendo mais uma vez pelo trabalho de não nos deixar esquecer das vidas sofridas deste mundo, das crianças-soldado, das crianças violadas, de quem foge de calamidades, guerras, terrorismo, fome e sede.
"Permito-me uma pergunta: quem hoje fala dos rohingya? Quem fala dos yazidi? Estão esquecidos e continuam sofrendo", disse ainda o Pontífice, pedindo que os comunicadores não se esqueçam da realidade, das guerras esquecidas da atualidade, do "Mediterrâneo que está se tornando um cemitério".
O convite final de Francisco aos jornalistas é que não deixem de contar também as boas notícias: “A realidade de quem não se rende à indiferença, de quem não foge diante da injustiça. Há um oceano submerso de bem que merece ser conhecido e que dá força à nossa esperança”.
O trabalho de jornalista, se vivido com espírito de serviço, se torna uma missão, concluiu o Papa, concedendo uma "bênção silenciosa" aos presentes, já que nem todos professam uma religião.
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