domingo, 26 de agosto de 2018

Papa Francisco no Ângelus em Knock:

Chega dos abusos que nos desafiam
à firmeza e decisão na busca da verdade e justiça
No Angelus, o Papa pediu a intercessão de Maria "pela cura de todas as pessoas que sofreram abusos de qualquer tipo" e para que confirmasse "cada membro da família cristã no decidido propósito de nunca mais permitir que se verifiquem tais situações", assegurando também sua “estima e proximidade na oração” à população da Irlanda do Norte.
Cidade do Vaticano - “Esta chaga aberta nos desafia a sermos firmes e decididos na busca da verdade e da justiça. Imploro o perdão do Senhor para estes pecados, para o escândalo e a traição sentidos por muitos na família de Deus”.
No Angelus no Santuário mariano em Knock, o Papa Francisco voltou a deplorar o escândalo dos abusos ocorridos na Irlanda e agradeceu pelos “progressos ecumênicos e pelo significativo crescimento de amizade e colaboração entre as comunidades cristãs” no país.
Chovia e fazia 12ºC neste domingo, 26, em Knock, distante 178 km de Dublin. Apesar da curta distância, por questões de segurança descartou-se o deslocamento do Papa em helicóptero. Assim, após 40 minuto de voo a bordo de um A321 da Aer Lingus, o Santo Padre chegou ao aeroporto da cidade no Condado de Mayo.
O Santuário
Após as aparições no século XIX, Knock tonou-se um dos maiores santuários marianos da Europa, ao lado de Fátima e Lourdes. A cada ano atrai cerca de um milhão e meio de peregrinos. Em 1979, São João Paulo II visitou o local para comemorar o centenário das aparições. Em 1993, também Santa Madre Teresa de Calcutá rezou no Santuário. 
Próximo à cidadezinha está um lugar sagrado para os irlandeses, o monte Croagh Patrick, local onde São Patrício expulsou todas as serpentes da ilha e jejuou, no ano 441, durante os 40 dias da Quaresma. No último domingo de julho, no “Reek Sunday”, milhares de fiéis peregrinam ao local, muitos descalços.
Antes de chegar ao Santuário, o Papa Francisco trocou de veículo e passou de papamóvel entre os fiéis, sendo então acolhido pelo arcebispo de Tuam, Dom Neary, por 4 bispos da Província Eclesiástica e por autoridades. Estavam presentes algumas crianças.
Ao chegar à Capela das Aparições, onde estavam reunidos 200 fiéis, o Papa foi recebido pelo Reitor do Santuário, Padre Gibbons. Francisco saudou alguns fiéis, depositou flores ao pés da imagem da Virgem e acendeu uma vela. Então, um momento de oração silenciosa. O Papa ofereceu um Terço de ouro no local, abençoou alguns doentes, transferindo-se então à Esplanada do Santuário para rezar os Angelus.
Tradição do terço em família
"Good morning!", começou o Papa saudando os fiéis em inglês. "Estou feliz de estar aqui com vocês, na Casa da Mãe!"
“Na Capela da Aparição, confiei à amorosa intercessão de Nossa Senhora todas as famílias do mundo e, de modo especial, as vossas famílias, as famílias irlandesas”, disse Francisco, acrescentando:
“Como recordação da minha visita, trouxe o dom dum terço de ouro. Sei como é importante, neste país, a tradição do terço em família. Não abandonem esta tradição. Quantos corações de pais, mães e filhos, no decorrer dos anos, tiraram consolação e força da meditação sobre a participação de Nossa Senhora nos mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos da vida de Cristo!”
O Papa pediu, que por intercessão de Maria, as famílias sejam, “no meio dos ventos e tempestades que enfuriam nos nossos tempos, baluartes de fé e bondade que, segundo as melhores tradições da nação, resistem a tudo o que pretenda diminuir a dignidade do homem e da mulher, criados à imagem de Deus e chamados ao destino sublime da vida eterna”.
“Que Nossa Senhora olhe com misericórdia para todos os membros atribulados na família do seu Filho”
Nunca mais abusos
Ao rezar diante da imagem na capelinha das aparições – explicou Francisco -  apresentei a Maria “de modo particular todos os sobreviventes, vítimas de abusos por membros da Igreja na Irlanda”: 
“Nenhum de nós pode deixar de se comover perante as histórias de menores que sofreram abusos, foram despojados da sua inocência ou que foram afastados das mães e abandonados à deformação de dolorosas recordações. Esta chaga aberta nos desafia a sermos firmes e decididos na busca da verdade e da justiça. Imploro o perdão do Senhor para estes pecados, para o escândalo e a traição sentidos por muitos na família de Deus. Peço à nossa Bem-aventurada Mãe que interceda por todas as pessoas sobrevividas aos abusos de qualquer tipo e confirme cada membro da família cristã no decidido propósito de nunca mais permitir que se verifiquem tais situações. E também de interceder por todos nós, para que possamos proceder sempre com justiça e reparar, no que depender de nós, tanta violência”
Irlanda do Norte
Assegurando sua “estima e proximidade na oração” à população da Irlanda do Norte - que não esteve incluída nesta viagem visto o objetivo ser a participação no Encontro Mundial das Famílias – o Pontífice pediu a Nossa Senhora “que sustente todos os membros da família irlandesa para que perseverem, como irmãos e irmãs, na obra de reconciliação”.
Francisco também agradeceu pelos “progressos ecumênicos e pelo significativo crescimento de amizade e colaboração entre as comunidades cristãs”.
“Rezo para que todos os discípulos de Cristo continuem com perseverança os esforços por fazer avançar o processo de paz e construir uma sociedade harmoniosa e justa para os filhos de hoje, sejam cristãos, sejam muçulmano, sejam judeus, sejam de qualquer fé: filhos da Irlanda".
Depois de recitar o Angelus, o Papa dirigiu uma saudação especial “aos homens e mulheres reclusos neste país", e de modo particular, agradeceu a quantos escreveram a ele ao saberem de sua ida à Irlanda.
“A vós e aos vossos familiares, asseguro a minha proximidade e a minha oração. Que Maria, Mãe de Misericórdia, vele por vós e vos fortaleça na fé e na esperança”.
O Papa foi presenteado ao final com um quadro com uma imagem de Nossa Senhora de Knock e deixou um Cálice para as celebrações no Santuário. Após, retornou para Dublin.
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Assista:
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Papa na missa de encerramento:
Família, promessa de um novo Pentecostes. 
Roma próxima sede em 2021
O Papa Francisco encerrou o Encontro Mundial das Famílias de Dublin e fez um novo pedido de perdão pelos abusos cometidos na Igreja irlandesa.
Cidade do Vaticano - A missa no Phoenix Park de Dublin encerrou o Encontro Mundial das Famílias, motivo da visita do Papa Francisco à Irlanda.
No ato penitencial, o Papa Francisco voltou a pedir perdão por todos os tipos de abusos cometidos por “membros qualificados” da Igreja em instituições administradas por religiosos e religiosas e por membros da hierarquia que permaneceram em silêncio. O pedido é fruto do encontro que o Pontífice realizou no sábado com oito vítimas irlandesas.
O Papa citou os menores e adultos vulneráveis vítimas de moléstias, crianças e adolescentes explorados para fins laborais e mulheres que tiveram seus filhos subtraídos por autoridades eclesiásticas porque solteiras. Maternidade negada por se tratar de “pecado mortal”. “Isso não é pecado mortal, é o quarto mandamento [honrar pai e mãe, ndr]!”, disse Francisco.
”Que o Senhor mantenha e faça crescer este estado de vergonha e arrependimento e nos dê a força para nos comprometer a trabalhar para que nunca mais aconteçam e se faça justiça.”
Espírito e vida
Já a homilia foi inspirada no Evangelho deste domingo: «Tu tens palavras de vida eterna!» (Jo 6, 68).
Os discípulos estavam perplexos, confusos e até irados, hesitando se aceitar ou não as suas «palavras duras», tão contrárias à sabedoria deste mundo. Em resposta, o Senhor lhes diz: “As palavras que vos disse são espírito e são vida”.
Novo Pentecostes
“Cada dia novo na vida das nossas famílias e cada nova geração trazem consigo a promessa de um novo Pentecostes, um Pentecostes doméstico”, disse o Papa, fazendo votos de que as famílias se tornem fonte de encorajamento para os outros, para partilhar “as palavras de vida eterna” de Jesus.
O Filho de Deus, afirmou ainda Francisco, se encarnou neste mundo por meio de uma família, e em cada geração, através do testemunho das famílias cristãs, tem o poder de romper todas as barreiras para reconciliar o mundo com Deus e fazer de nós aquilo que desde sempre estamos destinados a ser: uma única família humana.
Perdão difícil
Todavia, reconheceu o Pontífice, a tarefa de dar testemunho desta Boa Nova não é fácil e sempre haverá pessoas que se oporão à ela.
Mas podemos seguir o exemplo de São Columbano e de seus companheiros irlandeses e jamais nos deixar “influenciar ou desanimar pelo olhar gelado da indiferença ou pelos ventos borrascosos da hostilidade”.
“Como permanece difícil perdoar àqueles que nos magoam! Que grande desafio continua a ser o acolhimento do migrante e do estrangeiro! Como é doloroso suportar a desilusão, a rejeição ou a traição! Como é incómodo proteger os direitos dos mais frágeis, dos nascituros ou dos mais idosos, que parecem estorvar o nosso sentido de liberdade!”
Vocação missionária
Missão árdua, mas possível, pois podemos contar com a força do Espírito e a presença do Senhor sempre ao nosso lado.
Ressaltando a natureza missionária do cristão, Francisco recorda que a Igreja é chamada a "sair" para levar as palavras de vida eterna às periferias do mundo.
“Que a nossa celebração de hoje confirme cada um de vocês – pais e avós, crianças e jovens, homens e mulheres, frades e freiras, contemplativos e missionários, diáconos e sacerdotes – na partilha da alegria do Evangelho! Possam partilhar o Evangelho da família como alegria para o mundo.”
Orações
No final da Celebração Eucarística, o Pontífice fez um agradecimento a todos os que contribuíram para a realização da viagem.
“Um ‘obrigado’ muito sentido quero ainda expressar a todas as pessoas que rezaram por este Encontro: idosos, crianças, religiosos e religiosas, doentes, reclusos... Estou certo de que o sucesso da iniciativa se deve às orações, simples e perseverantes, de todos eles. Obrigado a todos. Que o Senhor os recompense!”
Roma 2021
O Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Card. Kevin Farrell, anunciou no final da missa que a cidade de Roma será sede do próximo Encontro Mundial da Família em 2021.
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Assista:
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Papa exorta bispos
a perseverarem nestes "momentos tão desafiadores"
"Como São João da Cruz nos ensina, é na noite escura que a luz da fé brilha mais pura nos nossos corações. E essa luz mostrará o caminho para a renovação da vida cristã na Irlanda nos anos futuros", recordou o Papa aos prelados.

Cidade do VaticanoO último compromisso do Papa Francisco em terras irlandesas foi o encontro com o episcopado no Convento das Irmãs Dominicanas. O Pontífice presenteou as religiosas com um quadro com uma cerâmica retratando a “Madonna com il Bambino”. 
Estavam presentes os bispos das quatro Arquidioceses Metropolitanas e 22 Dioceses do Eire e da Irlanda do Norte, e seus quatro auxiliares. O atual presidente é Dom Eamon Martin, arcebispo de Armagh e Primaz de toda a Irlanda.
“Todos nós, como bispos, estamos cientes da nossa responsabilidade de ser pais para o santo povo fiel de Deus” disse Francisco, retomando o diálogo iniciado na visita ad limina Apostolorum, “no espírito do Encontro Mundial das Famílias”:
“Como bons pais, pretendemos encorajar e inspirar, reconciliar e unir, e sobretudo preservar todo o bem transmitido de geração em geração nesta grande família que é a Igreja na Irlanda”
Neste sentido, como mesmo diz, sua intenção é encorajar os esforços dos bispos “em momentos tão desafiadores", de perseverar no ministério "de arautos do Evangelho e pastores do rebanho de Cristo”.
O Papa agradece a solicitude dos bispos pelos pobres, excluídos e necessitados, assim como a ajuda aos sacerdotes, “cuja tristeza e desânimo por causa dos recentes escândalos são muitas vezes ignorados”.
“A necessidade que tem a Igreja de reconhecer e remediar, com honestidade evangélica e coragem, os erros do passado relativos à proteção das crianças e adultos vulneráveis”, foi um tema presente nesta viagem, sublinhou o Santo Padre, reconhecendo que nos últimos anos, como “corpo episcopal”, foram seguidos “percursos de purificação e reconciliação com as vítimas dos abusos”, mas também fixando, “com a ajuda do National Board para a tutela das crianças na Igreja na Irlanda, um conjunto rigoroso de normas tendentes a garantir a segurança dos jovens”:
“Nestes anos, todos nós tivemos de abrir os olhos para a gravidade e a extensão do abuso sexual em diferentes contextos sociais. Na Irlanda, como noutros lugares, a honestidade e a integridade com que a Igreja decide enfrentar este capítulo doloroso da sua história pode oferecer um exemplo e um apelo a toda a sociedade”.
O Papa recorda que a rápida evolução da sociedade representa um significativo desafio para  “a transmissão da fé na sua integridade e beleza”. Neste sentido, “o Encontro Mundial das Famílias deu-nos grande esperança e encorajamento sobre o fato de que as famílias se vão tornando cada vez mais conscientes do seu papel insubstituível na transmissão da fé”.
“Ao mesmo tempo, as escolas católicas e os programas de instrução religiosa continuam a desempenhar uma função indispensável para se criar uma cultura de fé e um sentido de discipulado missionário”
Este fato “representa motivo de cuidado pastoral para todos vós”, pois “a formação religiosa genuína requer professores fiéis e alegres, capazes de formar não só as mentes, mas também os corações para o amor de Cristo e a prática da oração”.
Para tal objetivo, “a preparação de tais professores e a divulgação de programas da formação permanente são essenciais para o futuro da comunidade cristã, na qual um laicado comprometido se sinta cada vez mais chamado a levar a sabedoria e os valores da sua fé aos diversos setores do seu empenho na vida social, política e cultural do país”.
Francisco recorda que por um lado “os transtornos dos últimos anos puseram à prova a fé tradicionalmente forte do povo irlandês”, mas por outro “proporcionaram também a oportunidade para uma renovação interior da Igreja neste país e indicaram novas formas de imaginar a sua vida e missão”.
Que vocês possam com humildade e confiança na graça de Deus – foi sua exortação – “empreender novos caminhos para estes tempos novos”, o que poderá ser feito também inspirando-se no “forte sentido missionário enraizado na alma do vosso povo”. Isso permitirá descobrir caminhos criativos “para testemunhar a verdade do Evangelho e fazer crescer a comunidade dos crentes no amor de Cristo e no zelo pelo crescimento do seu Reino”.
“Sempre que  vós e o vosso povo, vos sentirdes um pequeno rebanho exposto à desafios e dificuldades, não desanimeis”, disse Francisco, recordando o ensinamento de São João da Cruz  de que “é na noite escura que a luz da fé brilha mais pura nos nossos corações. E essa luz mostrará o caminho para a renovação da vida cristã na Irlanda nos anos futuros”.
O Papa por fim, pede que o episcopado continue a “fomentar unidade e fraternidade entre vós e, juntamente com os líderes doutras comunidades cristãs, a trabalhar e rezar fervorosamente pela reconciliação e a paz entre todos os membros da família irlandesa”.
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Papa Francisco despede-se da Irlanda
Papa despediu-se da Irlanda no final da tarde deste domingo, após presidir a Missa conclusiva do IX Encontro Mundial das Famílias e encontrar os bispos irlandeses.

Cidade do VaticanoNo final da tarde deste domingo, o Papa Francisco despediu-se da Irlanda, concluindo a 24ª Viagem Apostólica de seu Pontificado. O voo A321 da Aer Lingus (St Aidan) decolou do Aeroporto Internacional de Dublin às 18h46, devendo aterrissar no Aeroporto Ciampino, em Roma às 23 horas, horário italiano. Não houve discursos ou cerimônias oficiais no aeroporto, estando presente no entanto o primeiro ministro irlandês Leo Varadkar e esposa, além de autoridades religiosas.
O último compromisso de Francisco foi o encontro com o episcopado irlandês no Convento das Irmãs Dominicanas, após presidir a Missa conclusiva do IX Encontro Mundial das Famílias no Phoenix Park, quando foi anunciado o local do próximo encontro: Roma, em 2021.
O Papa chegou à Irlanda na manhã de sábado, sendo o segundo Pontífice a visitar a “Ilha de Esmeralda”. O último foi São João Paulo II em 1979. Francisco fez cinco discursos, em uma viagem marcada pela complexidade da questão dos abusos cometidos no país contra menores por sacerdotes e religiosos em décadas passadas, assim como a trágica questão da  separação dos filhos das jovens mães, internas em institutos religiosos.
Estes temas delicados e dolorosos foram abordados por Francisco em praticamente todos os pronunciamentos. Não faltaram pedidos de perdão e a garantia do compromisso em não medir esforços para curar as feridas e evitar que estes males nunca mais ocorram.
Os irlandeses apreciaram a sinceridade e a clareza do Papa, sobretudo a sua vontade e disponibilidade em encontrar um grupo de vítimas na Nunciatura Apostólica em Dublin.
O Santo Padre, por outro lado, lançou uma mensagem de esperança, encorajando o clero e os leigos irlandeses a comprometerem-se na renovação da sua fé e no compromisso com o Evangelho.
Durante o voo de volta, o Papa encontra os jornalistas para a tradicional coletiva de imprensa.
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Papa aos jornalistas:
A fé dos irlandeses mais forte do que a chaga dos abusos
Francisco encontra jornalistas no voo papal de retorno a Roma: responde a sete perguntas.
Cidade do VaticanoO espaço para dizer o que neste momento carrega no coração - oferecer um pensamento sobre a viagem que acaba de terminar - Francisco tira para si mesmo no final, depois de mais de 40 minutos dedicados a temas ditados pela crônica do dia e pelo interesse de seus interlocutores. A sua não é uma verdadeira resposta, porque tecnicamente não havia dúvida, mas é todavia a convicção que o Papa traz consigo depois de dois dias intensos. "Eu encontrei muita fé na Irlanda", disse aos jornalistas no voo de Dublin a Roma. Os irlandeses sofreram muito por causa dos escândalos, mas sabem distinguir, disse, "a verdade das meias-verdades", como lhe disse algumas horas antes um bispo. E se no "processo de cura em andamento" há coisas que parecem afastar da fé, essa fé permanece sólida.
"Não direi uma palavra"
As sete perguntas que precedem a resposta não solicitada de Francisco são como planetas que giram em torno do sol trágico dos abusos. O que chama a atenção dos ouvidos e faz escrever mais freneticamente no teclado do computador é a resposta que o Papa dá ao caso do dia. O segundo dia em Dublin começou com o documento do ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, o arcebispo Carlo Maria Viganò, que chama em causa o Papa no episódio do Card. McCarrick, acusado de assédio sexual contra jovens seminaristas. Francisco é breve e convida os jornalistas a tirarem suas próprias conclusões. "Eu sinceramente digo isto: leiam com cuidado e façam o seu próprio julgamento. Não vou dizer uma palavra sobre isso. Creio que o documento fala por si ".
Um júri para cada caso
Em vez disso, fala e explica outros aspectos delicados e complexos, como a modalidade de levar ao tribunal um bispo acusado de abuso. Rejeita com delicadeza o desejo de Marie Collins - ex-membro da Pontifícia Comissão instituída para combater o fenômeno e vítima ela mesma de violências por um padre irlandês - de criar um tribunal especial, conforme indicado no Motu proprio "Como uma mãe amorosa". Na realidade, temos visto, disse Francisco, que mais do que um júri, é mais eficaz a criação de um colégio “ad hoc” para cada caso. "Funciona melhor assim", assegura o Papa, que recorda como o último a ser submetido ao tribunal foi o arcebispo de Guam e que outro procedimento está em andamento.
Falar imediatamente, nunca julgamentos sumários
Uma pergunta sobre o que "o povo de Deus" pode e deve fazer diante de atos tão perversos praticados pelos sacerdotes. Também aqui o Papa suprime a reticência e indica nas famílias feridas o primeiro obstáculo, muitas vezes, à transparência. "Quando se vê algo – afirma com força – é preciso falar imediatamente". Muitas vezes são os pais a encobrirem o abuso de um padre porque não acreditam no filho ou na filha". Por outro lado, no entanto, critica as ações dos meios de comunicação que iniciam julgamentos de rua antes que uma responsabilidade seja apurada. Francisco cita o caso do grupo de sacerdotes de Granada, cerca de dez, acusado de pedofilia por um jovem empregado em um colégio, que escrevera ao Papa que tinha sido vítima de violências. Bem, o cadafalso da humilhação sofrido por alguns desses padres se revelou a injustiça mais cruel porque depois a justiça comum os considerou inocentes. Assim, é o convite do Papa aos jornalistas, "seu trabalho é delicado", vocês devem dizer as coisas "mas sempre com a presunção de inocência e não com a presunção de culpa".
Quem ignora não é um verdadeiro pai
Palavras de grande estima Francisco reserva à ministra irlandesa que lhe falou sobre o dramático caso do orfanato de religiosas irlandesas em Tuam. Objeto de uma investigação pelas autoridades que configura o orfanato como local de abusos e horrores repetidos nas décadas passadas, o Papa disse que aguarda o resultado final da atividade de investigação também para verificar as responsabilidades da Igreja. De qualquer forma, o apreço do Papa é todo pelo "equilíbrio" e pela "dignidade" com que a representante do governo irlandês lhe informou sobre o assunto. Ainda sobre o assunto da Irlanda, uma pergunta a Francisco sobre o que ele diria a um pai cujos filhos se confessem ser homossexuais. “Eu diria a ele: rezar, não condenar, dialogar, entender, abrir espaço ao filho à filha", porque "ignorar é uma falta de" paternidade e maternidade.
O caso do navio "Diciotti"
Uma das primeiras questões a serem abordadas na coletiva de imprensa foi a da imigração. A pergunta teve início com a feliz conclusão do episódio do navio italiano " Diciotti", que desembarcou em Messina  mais de cem migrantes após cerca de dez dias sem a possibilidade de atracar. "Há sua mão neste caso?", pergunta ao Papa o jornalista, e Francisco responde que não, ele diretamente não, mas é obra do "bom padre Aldo Buonaiuto, da Fundação João XXIII, mas também da CEI, (Conferência Episcopal Italiana) com o cardeal Bassetti. Recorda o critério de prudência que deve guiar um país no acolhimento dos imigrantes, mas acima de tudo Francisco chama a atenção para o valor da integração. Pode mudar uma vida, disse, como a da estudante que ele trouxe da ilha de Lesbo e recentemente encontrada na Universidade. Isso para  arrancar dos traficantes o comércio de carne humana e dar dignidade àqueles que buscam uma nova vida.
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O melhor da viagem do Papa visto pelas câmeras do Vatican Media
Um breve vídeo resume os momentos mais significativos da Viagem Apostólica do Papa Francisco por ocasião do IX Encontro Mundial das Famílias.
Cidade do VaticanoConcluiu-se a 24ª Viagem Apostólica do Papa Francisco que o levou à Irlanda. Uma experiência curta, mas muito intensa, marcada por momentos de festa, mas também de oração, testemunho e reflexão. Iniciada sábado de manhã com a chegada ao aeroporto de Dublin, a viagem terminou nesta noite de domingo, quando o Pontífice, após o encontro com os representantes da Conferência Episcopal Irlandesa e depois da cerimônia de despedida no aeroporto de Dublin, tomou o avião em direção de Roma.
Ocasião da Viagem, o IX Encontro Mundial das Famílias: em primeiro plano, de fato, os desafios que as famílias enfrentam todos os dias para encarnar um amor fiel, para transmitir a fé e ser fermento de uma sociedade renovada.
Percorremos a viagem de Francisco com as imagens mais bonitas e significativas das câmaras do Vatican Media: da chegada no aeroporto de Dublin à cerimônia de despedida, passando pela Festa no Croke Park Stadium e a Santa Missa no Phoenix Parque.
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Assista:
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