domingo, 2 de abril de 2017

Papa em Carpi (Itália) neste domingo:

Não nos deixemos aprisionar pelos escombros da vida

Carpi (RV) – Na manhã deste domingo o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na localidade de Carpi, atingida por um terremoto em 2012 e que provocou 28 mortes e grandes danos materiais. Setenta mil fiéis participaram da celebração.
O Papa partiu de helicóptero do Vaticano às 8h15min, tendo aterrissado cerca de 1h30min mais tarde no campo de rugny “Dorando Pietri”. Eis a sua homilia na íntegra:
“As leituras de hoje nos falam do Deus da vida, que vence a morte. Concentremo-nos, em particular, no último dos sinais milagrosos que Jesus realiza antes de sua Páscoa, no sepulcro de seu amigo Lázaro.
Ali parece que tudo acabou: o túmulo está fechado por uma grande pedra; ao redor, somente choro e desolação. Também Jesus está abalado pelo mistério dramático da perda de uma pessoa querida: “Comoveu-se profundamente” e ficou “muito perturbado”. Depois “chorou” e dirigiu-se ao sepulcro, diz o Evangelho, “mais uma vez profundamente comovido”. É este o coração de Deus: afastado do mal mas próximo de quem sofre; não faz desaparecer o mal magicamente, mas compartilha o sofrimento, o assume e o transforma habitando-o.
Diante dos grandes “porquês” da vida
podemos ficar olhando melancolicamente os sepulcros
de ontem e de hoje ou aproximar Jesus de nossos sepulcros
Observemos porém que, em meio à desolação geral pela morte de Lázaro, Jesus não se deixa tomar pelo desconforto. Mesmo sofrendo Ele mesmo, pede que se creia firmemente; não se fecha no choro, mas comovido, coloca-se a caminho em direção ao sepulcro. Não se deixa dominar pelo ambiente emotivo resignado que o circunda, mas reza com confiança e diz: “Pai, eu te dou graças”. Assim, no mistério do sofrimento, diante do qual o pensamento e o progresso se quebram como moscas no vidro, Jesus nos dá o exemplo de como nos comportar: não foge do sofrimento, que pertence a esta vida, mas não se deixa aprisionar pelo pessimismo.
Em volta daquele sepulcro, acontece assim um grande encontro-choque. De um lado, existe a grande desilusão, a precariedade da nossa vida mortal que, atravessada pela angústia pela morte, experimenta frequentemente a derrota, uma obscuridade interior que parece intransponível. A nossa alma, criada para a vida, sofre sentindo que a sua sede de eterno bem é oprimida por um mal antigo e obscuro. Por um lado existe esta derrota do sepulcro.
Mas por outro lado há a esperança que vence a morte e o mal que tem um nome: a esperança se chama Jesus. Ele não traz um pouco de bem estar ou algum remédio para prolongar a vida, mas proclama: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”. Por isto decididamente diz: “Tirai a pedra!” e a Lázaro grita em alta voz: “Vem para fora!”.
Queridos irmãos e irmãs, também nós somos convidados a decidir de que parte estar. Se pode estar do lado do sepulcro ou do lado de Jesus. Há também quem se deixe fechar na tristeza e quem se abre à esperança. Há quem permanece preso nos escombros da vida e que, como vocês, com a ajuda de Deus, levanta os escombros e reconstrói com paciente esperança.
Diante dos grandes “porquês” da vida temos dois caminhos: ficar a olhar melancolicamente os sepulcros de ontem e de hoje ou aproximar Jesus de nossos sepulcros. Sim, porque cada um de nós já tem um pequeno sepulcro, alguma zona um pouco morta dentro do coração; uma ferida, uma injustiça sofrida ou cometida, um rancor que não dá trégua, um remorso que vai e volta, um pecado que não se consegue superar.
Identifiquemos hoje estes nossos pequenos sepulcros que temos dentro e convidemos Jesus para ir lá. É estranho, mas seguidamente preferimos estar sozinhos nas grutas obscuras que temos dentro, antes que convidar Jesus para estar lá; somos tentados em buscar sempre nós mesmos, remoendo e nos afundando na angústia, lambendo as chagas, antes que ir até Ele, que diz: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.
Não deixemo-nos aprisionar pelas tentações de permanecer sozinhos e desconfiados, chorando por aquilo que nos acontece; não cedamos à lógica inútil e inconclusiva do medo, do repetir resignado de que vai tudo mal e nada é mais como antes. Esta é a atmosfera do sepulcro; o Senhor deseja ao invés disto, abrir o caminho da vida, o do encontro com Ele, da confiança nele, da ressurreição do coração, o caminho do “Levanta-te! Levanta-te, saia!”. É isto que nos pede o Senhor, e Ele está ao lado de nós para fazer isto.
Ouçamos então como dirigidas a cada um de nós as palavras de Jesus a Lázaro: “Vem para fora!”; vem para fora do emaranhado da tristeza sem esperança; desata as vendas do medo que criam obstáculo no caminho; os laços das fraquezas e das inquietações que te bloqueiam, repete que Deus desata os nós. Seguindo Jesus aprendemos a não amarrar a nossa vida nos problemas que se apresentam; sempre existirão problemas, sempre, e quando resolvemos um, pontualmente chega outro. Podemos porém encontrar uma nova estabilidade, e esta estabilidade é precisamente Jesus, esta estabilidade se chama Jesus, que é a ressurreição e a vida: com ele a alegria habita o coração, a esperança renasce, a dor se transforma em paz, o temor em confiança, a prova em oferta de amor. E mesmo que não faltem os pesos, haverá a sempre a sua mão que nos levanta novamente, a sua Palavra que nos encoraja e diz a todos nós, a cada um de nós: “Venha para fora! Venha para mim!”. Diz a todos nós: “Não tenham medo!”.
Também a nós hoje, como então, Jesus diz: “Tirai e pedra!”. Por mais pesado que seja o passado, grande o pecado, forte a vergonha, não barremos a entrada do Senhor. Tiremos diante d’Ele a pedra que lhe impede de entrar: é este o tempo favorável para remover o nosso pecado, o nosso apego às vaidades mundanas, o orgulho que nos bloqueia a alma, tantas inimizades entre nós, nas famílias... esta é o momento favorável para remover todas estas coisas.
Visitados e libertados por Jesus, peçamos a graça de ser testemunhas de vida neste mundo que tem sede dele, testemunhas que suscitam e ressuscitam a esperança de deus nos corações cansados e pesados pela tristeza. O nosso anúncio é a alegria do Senhor vivo, que ainda hoje diz, como a Ezequiel: “Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu”.
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Assista:
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Francisco reza pelo Congo, Colômbia, Venezuela e Paraguai

Carpi (RV) - O Papa Francisco, antes de rezar a Oração mariana do Angelus, em Carpi, expressou o seu pesar pela tragédia causada por um enorme deslizamento de terra na cidade de Mocoa, na Colômbia, na província de Putumayo. Falando de improviso, assegurou suas orações pelas vítimas e pelas famílias.
“Estou profundamente entristecido pela tragédia que atingiu a Colômbia, onde um gigante deslizamento de terra, causado por chuvas torrenciais, atingiu a cidade de Mocoa, causando numerosos mortos e feridos. Rezo pelas vítimas e asseguro a minha proximidade e a de vocês àqueles que choram a morte de seus entes queridos, e agradeço a todos aqueles que estão trabalhando para prestar socorro".
Papa Francisco em Carpi
O balanço, no momento, é de 250 mortos e centenas de feridos e desaparecidos.
Francisco dirigiu ainda o seu pensamento à dramática situação no Congo fazendo um premente apelo para que se chegue à paz.
“Continuam a chegar notícias não boas de sangrentos confrontos armados na região de Kasai, na República Democrática do Congo, confrontos que estão causando mortes e deslocamentos e que atingem também pessoas e propriedades da Igreja: igrejas, hospitais, escolas... Asseguro a minha proximidade a esta nação, e exorto todos a rezar pela paz para que os corações dos artífices de tais crimes não permaneçam escravos do ódio e da violência, o ódio e a violência sempre destroem”.
Além disso, - continuou o Papa - sigo com grande atenção o que está acontecendo na Venezuela e Paraguai. Rezo por aquelas populações a mim tão queridas, e convido todos a perseverarem incansavelmente, evitando todo tipo de violência, na busca de soluções políticas.
Antes de conceder a sua Bênção Apostólica, o Papa Francisco agradeceu os presentes e todos aqueles que trabalharam pela dupla maratona, domingo passado e este domingo, fazendo uma referência à cerimônia de reabertura da Catedral, presidida no domingo passado pelo Secretário de Estado, Cardeal Parolin.
“Gostaria de agradecer a vocês enfermos. Estão presentes aqui 4.500 enfermos, acrescentou o Papa. Obrigado a todos vocês, que com os seus sofrimentos ajudam a Igreja. Ajudam a carregar a Cruz de Cristo”. O Papa dirigiu em seguida o seu pensamento à Virgem Maria, que os habitantes de Carpi tanto veneram. “A Maria oferecemos as nossas alegrias, as nossas dores e as nossas esperanças. Pedimos a ela que dirija o seu olhar misericordioso sobre todos os que sofrem, particularmente sobre os enfermos, sobre os pobres e sobre quem não tem um trabalho digno”. (SP)
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