quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Papa a participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Dominicanos:

"Pregação só é crível quando há testemunho e caridade"

Cidade do Vaticano (RV) – Na manhã desta quinta-feira (04/08), no Vaticano, o Papa recebeu os participantes do Capítulo geral da Ordem dos Dominicanos.
Papa reza na capela da Porciúncula. Assis, 2013
O grupo de 70 frades, encabeçados pelo Mestre, Frei Bruno Cadoré, está reunido desde 17 de julho em Bolonha, neste ano em que se comemoram 8 séculos da confirmação da Ordem dos Pregadores pelo Papa Honório III.
Pregação, testemunho e caridade: estas três palavras são os alicerces que garantem o futuro da Ordem, segundo o Papa.
Em seu discurso, proferido em espanhol, lembrou que São Domingos, Pai Fundador, dizia: ‘Primeiro contemplar e depois ensinar’, pois “a pregação não tocará jamais o coração das pessoas se não houver uma forte união com Deus, em sua raiz”.
“Transmitir eficientemente a Palavra de Deus requer testemunho. O testemunho encarna o ensinamento, o faz tangível, acrescenta à verdade a alegria do Evangelho, de saber que somos amados por Deus e objeto de sua infinita misericórdia”.
Vivenciar o testemunho
Explicando o conceito, Francisco afirmou que “os fiéis não necessitam apenas receber a Palavra em sua integridade, mas também experimentar o testemunho de vida de quem a prega”.
Por último, o Papa frisou que o pregador e o testemunho são condicionados à caridade: “Olhando hoje ao nosso redor, constatamos que o homem e a mulher dos nossos dias estão sedentos de Deus. Eles são a carne viva de Cristo, que grita «tenho sede» de palavras autênticas e libertadoras, de gestos fraternos e de ternura. Este grito nos interpela e deve ser o cerne da missão e da vida de nossas estruturas e programas pastorais”.
Verdade anunciada por amor e misericórdia
Neste sentido, Francisco terminou pedindo que os dominicanos pensem nisso ao programar o organograma da Ordem, discernindo sobre a resposta a este grito de Deus: “Quanto mais tentarmos saciar a sede do próximo, mais seremos pregadores da verdade a verdade anunciada por amor e misericórdia”. (CM)
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Francisco em Assis:
Perdão, caminho para o Paraíso

Assis (RV) – “A via mestra para alcançar o tal lugar no Paraíso é, sem dúvida, a estrada do perdão. E aqui, na Porciúncula, tudo fala de perdão”.
No âmbito dos 800 anos da Festa do Perdão de Assis, Francisco dedicou a tarde desta quinta-feira (04/08) para rezar na Porciúncula, local que passou a ter um grande significado na vida de São Francisco e posteriormente considerada “cabeça e mãe dos Frades Menores”. 
”Uma peregrinação simples, mas muito significativa neste Ano da Misericórdia”, disse o Papa na Audiência de quarta-feira.
Antes de se pronunciar, Francisco deteve-se longamente em oração silenciosa dentro da Porciúncula, onde colocou flores no pequeno altar logo ao chegar.
Linhas mestras
Paraíso, arrependimento, perdão. Três linhas mestras que guiaram toda a reflexão do Santo Padre em Assis, que iniciou recordando as palavras do Santo de Assis pronunciadas ali mesmo, perante os bispos e o povo: «Quero mandar-vos todos para o paraíso». 
Papa reza na Porciúncula
“Que poderia o Pobrezinho de Assis pedir de mais belo do que o dom da salvação, da vida eterna com Deus e da alegria sem fim, que Jesus nos conquistou com a sua morte e ressurreição?”, pergunta o Papa. Aliás, que é o paraíso senão o mistério de amor que nos liga para sempre a Deus numa contemplação sem fim?”:
“Desde sempre a Igreja professa esta fé ao afirmar que acredita na comunhão dos santos. Na vivência da fé, nunca estamos sozinhos; fazem-nos companhia os Santos, os Beatos e também os nossos queridos que viveram com simplicidade e alegria a fé e a testemunharam na sua vida. Há um vínculo invisível – mas não por isso menos real – que, em virtude do único Batismo recebido, faz de nós «um só corpo» animados por «um só Espírito»”.


Indulgência
O Papa Francisco explica, que ao pedir ao Papa Honório III o dom da indulgência para quantos viessem à Porciúncula, talvez São Francisco tivesse em mente as palavras de Jesus aos seus discípulos, escritas no Evangelho de São João: «Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vou preparar-vos um lugar?”:
“A via mestra a seguir para alcançar o tal lugar no Paraíso é, sem dúvida, a estrada do perdão. E aqui, na Porciúncula, tudo fala de perdão. Que grande presente nos deu o Senhor ao ensinar-nos a perdoar, para tocar quase sensivelmente a misericórdia do Pai!”.
“Porque deveríamos perdoar a uma pessoa que nos fez mal?”, pergunta o Papa. “Porque antes fomos perdoados nós mesmo – responde - e infinitamente mais”. 
Francisco explica, que quando nos ajoelhamos aos pés do sacerdote no confessionário, repetimos o mesmo gesto do servo da parábola narrada em Mateus, que tem uma grande dívida para pagar e que nunca conseguiria fazê-lo. Dizemos: «Senhor, tem paciência comigo!»:
Perdão
“Na realidade, sabemos bem que estamos cheios de defeitos e muitas vezes recaímos nos mesmos pecados. E todavia Deus não se cansa de nos oferecer o seu perdão, sempre que o pedimos a Ele. É um perdão completo, total, dando-nos a certeza de que, não obstante podermos voltar a cair nos mesmos pecados, Ele tem piedade de nós e não cessa jamais de nos amar”. 
Como o senhor da parábola – explica o Papa -  Deus compadece-Se, isto é, experimenta um sentimento de piedade combinada com ternura: é uma expressão para indicar a sua misericórdia para conosco. 
Este, disse o Papa – é nosso Pai que sempre se compadece de nós quando estamos arrependidos, “mandando-nos voltar para casa de coração tranquilo e sereno dizendo que todas as coisas nos foram remidas e nos perdoou tudo”:
“O perdão de Deus não tem limites; ultrapassa toda a nossa imaginação e alcança toda e qualquer pessoa que, no íntimo do coração, reconheça ter errado e queira voltar para Ele. Deus vê o coração que pede para ser perdoado”.
Relações humanas
O problema surge, infelizmente – recordou Francisco - quando nos encontramos com um irmão que nos fez uma pequena ofensa. A reação que ouvimos na parábola é muito expressiva: «Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: “Paga o que me deves!”» (Mt 18, 28). Nesta cena – disse o Papa -  temos todo o drama das nossas relações humanas: 
“Quando estamos em dívida com os outros, pretendemos misericórdia; mas, quando são os outros em dívida conosco, invocamos justiça. Esta não é a reação do discípulo de Cristo, nem pode ser este o estilo de vida dos cristãos. Jesus ensina-nos a perdoar, e a fazê-lo sem limites: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete»”.
Se nos detivermos na nossa pretensão de justiça – alertou o Papa – não seríamos  reconhecidos como discípulos de Cristo, “que obtiveram misericórdia ao pé da Cruz apenas em virtude do amor do Filho de Deus”.
Perdão no coração
Francisco exorta, neste sentido, a não esquecermos “as palavras severas com que termina a parábola: «Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração»”.
O perdão de que São Francisco se fez canal na Porciúncula – afirmou o Pontífice – “continua ainda a «gerar paraíso» depois de oito séculos. Neste Ano Santo da Misericórdia, torna-se ainda mais evidente como a estrada do perdão pode, verdadeiramente, renovar a Igreja e o mundo. Oferecer o testemunho da misericórdia, no mundo atual, é uma tarefa a que nenhum de nós pode subtrair-se”: 
Humildade
“O mundo tem necessidade de perdão; demasiadas pessoas vivem fechadas no rancor e incubam ódio, porque incapazes de perdão, arruinando a vida própria e a dos outros, em vez de encontrar a alegria da serenidade e da paz. Peçamos a São Francisco que interceda por nós, para que nunca renunciemos a ser sinais humildes de perdão e instrumentos de misericórdia”.
Após a visita à Basílica Santa Maria dos Anjos e a oração na Porciúncula, o Santo Padre saudou os freis internados na Enfermaria do Convento, e por fim, do átrio da Basílica, saudou os fieis presentes na Praça.
Assista:
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                                                                       Fonte: radiovaticana.va   news.va

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