4º Domingo do Advento
A nossa
história é um encontro entre a ação de Deus e a ação humana. Deus quer vir ao
encontro do ser humano, quer realizar a profecia ouvida por Acaz, proclamada
pelo profeta (“Eis que uma virgem conceberá...”), mas espera uma resposta de
José e de Maria. O resultado é o encontro do Divino com o humano: o Emanuel é
“descendente de Davi segundo a carne, autenticado como filho de Deus com poder,
pelo Espírito...” (Rm 1,3-4). O Deus se fez humano porque encontrou eco na
resposta de um homem e de uma mulher, encontrou um sim à sua vontade. Ele não
arromba a porta, mas pede licença para hospedar-se em nossa casa e ali fazer a
sua morada
Quais são as
características deste sim que abriu as portas para o Salvador?
O Sim de José complementa o Sim de Maria |
Um sim de fé.
Um ar romântico envolve a narrativa da história que antecede o nascimento do
Emanuel, mas na verdade, a vida dos pais de Jesus foi uma vida normal, ou seja,
foi tão cheia de Deus, quanto cheia de dificuldades. Imaginemos Maria vendo-se
grávida, sem saber do futuro, sem saber como explicar aos pais, ao noivo e à
comunidade o acontecido. Imaginemos José, considerando-se traído por Maria, mas
mesmo assim a protegendo, arrumando formas de deixá-la longe das punições
prescritas para as adúlteras da época. Sem a fé, não haveria uma resposta
afirmativa. José é o exemplo do homem que supera as dúvidas e medos e abre-se
para Deus. José vive da esperança que nasce da fé, certo de que a promessa está
garantida: “o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceito, se levar a
uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande
que justifique a canseira do caminho” (Spe Salvi 1).
Um sim que
faz renúncias. José e Maria abriram mão de seus projetos pessoais, deixaram de
constituir uma família convencional, enfrentaram os desafios inerentes à
paternidade e à maternidade do Filho de Deus. Acolheram o pedido de Deus, sem
questionar ou reclamar...
Um sim aberto
aos sinais de Deus. José recebeu uma mensagem pelo sonho. O anjo, enviado como
comunicador da mensagem divina, revelou o significado do que estava
acontecendo. Poderia José interpretar os fatos com olhos puramente humanos, mas
lhe coube a graça de olhar com olhos divinos. Deus se serve de sinais, como
havia sido declarado a Acaz pelo profeta. Ainda hoje, continua realizando
sinais para que possamos nos abrir à sua vinda. Se esperarmos grandes milagres,
talvez fechemos os olhos aos sinais mais simples e preciosos. Nossa vida está
repleta deles: acontecimentos que indicam algo, que nos fazem tomar novo rumo,
que nos fazem calar e reverenciar a graça que não nos abandona.
Ao
prepararmos a árvore, os presentes, o presépio e a ceia, preparemos também o
coração. Que os sinais divinos deste final do ano, quando nos tornamos tão sensíveis,
sejam provocadores da fé e da esperança. E assim, caminhemos certos de que o
Deus Conosco está realmente ao nosso lado e não nos abandona.
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: blog.cancaonova.com
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