3º Domingo do Advento
No Evangelho de
hoje, Jesus responde aos discípulos de João Batista. Ao fazer isso, não realiza
um discurso teórico e abstrato. Jesus não é afeito às grandes elaborações
filosóficas, como fomos acostumados, para falar de Deus e de sua atividade. O
Senhor se define pelo que Ele realiza concretamente. Por isso, Deus fala de
suas ações libertadoras: os coxos andam, os cegos veem, os prisioneiros são
libertos... Portanto, para participarmos desta graça devemos nos abrir ao
Reino, do contrário seremos ainda escravos, cegos e mudos. Será necessário o
despojamento de João Batista, sua pobreza. Não há outro caminho, senão o do
desapego dos cárceres deste mundo, fundados no poder e no acúmulo dos bens.
Nossa libertação depende da aceitação da proposta de Jesus. Esta certeza não
elimina nossos limites, mas nos coloca na estrada da esperança do Reino.
As ações de Jesus falam por Ele |
A primeira
leitura fala, igualmente, de uma proposta concreta de salvação. O povo de Deus
no Antigo Testamento vivia na esperança de tempos melhores. Vivia escravo,
longe de seu país, na pior. Mas não perdeu a esperança, porque Deus prometeu a
restauração (Is 35). Nós também, como o povo da Bíblia, desejamos o mundo
prometido por Deus: reino de paz, justiça e amor. Ao mesmo tempo, também
vivemos momentos de escravidão: nossos medos, vazios, doenças, a saudade, a
morte... Também queremos que Deus venha e ponha fim ao mal, destrua o que nos
perturba.
A espera da
vitória de Deus proclamada pelo Profeta Isaías são um convite ao ânimo e a
alegria: “Alegre-se a terra que era deserta...” (Is 35,1). “Dizei as pessoas
deprimidas (os corações abatidos): Criai ânimo! Não tenhais medo!” O nosso
mundo está mergulhado no desânimo, na falta de sentido, na angústia e na
ansiedade... Talvez em nenhuma outra época, as palavras do profeta Isaías foram
tão atuais. Os homens e mulheres deste tempo precisam acolher esta palavra,
remédio contra os dramas psíquicos tão presentes. Para isso, será necessário
reavivar a confiança no Senhor que vem com amor.
Ele virá, Ele
vencerá. Mas, precisamos esperar como o agricultor, na paciência. A paciência
exige firmeza: “Firmai os joelhos debilitados...” (Is 35,3). “Ficai firmes e
fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima.” (Tg 5,8). O
sofrimento e a paciência são quase sinônimos. Seguir na esperança é seguir com
paciência e sem lamúrias, como insiste o Papa Francisco: “Uma das tentações
mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos
transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre.
Ninguém pode empreender uma luta, se de antemão não está plenamente confiado no
triunfo. Quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e
enterra os seus talentos. Embora com a dolorosa consciência das próprias
fraquezas, há que seguir em frente, sem se dar por vencido, e recordar o que
disse o Senhor a São Paulo: ‘Basta-te a minha graça, porque a força
manifesta-se na fraqueza’ (2Cor 12,9). O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas
cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura
batalhadora contra as investidas do mal. O mau espírito da derrota é irmão da
tentação de separar prematuramente o trigo do joio, resultado de uma
desconfiança ansiosa e egocêntrica” (Evangelii Gaudium 85).
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: capelansaparecida.blogspot.com.br
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