Donde vem a paz?
Glória
a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade! Foi este o anúncio
de Natal que ouvimos do Evangelho de Lucas (cap.1,14). Este anúncio natalino
preanuncia outro anúncio, feito por Jesus quando declara que são bem
aventurados os que constroem a paz, porque serão chamados filhos de Deus (Mt
5,9). No primeiro dia do ano é celebrado o dia da paz ou da “confraternização
universal”.
Dedicar um dia para comemorar a paz e a confraternização, é
dedicar um dia para comemorar o sonho de Deus. Sonho que coincide com o sonho e
os anseios mais íntimos do coração humano. Todos desejamos a paz e por ela
suspiramos ardentemente. Até mesmo os que fazem a guerra. Estes imaginam que a
melhor maneira de conseguir a paz é se prevenir através da guerra: guerra preventiva
como a chama a administração Busch.
A paz que os anjos anunciaram, a paz no conceito cristão não
designa simples ausência de conflito ou o fim de um estado de guerra. Para o
cristianismo a paz faz memória da criação, da harmonia primeira descrita na
Bíblia. No Paraíso havia a glória da convivência pacífica entre a Criação, as
Criaturas e o Criador. Paz é a inocência original, onde o homem vive em
harmonia consigo mesmo, com Deus, com os outros e com a natureza. Para o
cristianismo a paz não é um estado passageiro entre duas guerras.
Mas se todos querem a paz, por que temos guerra? Não nos
esqueçamos que toda violência, e estamos envoltos nela, é uma forma de guerra.
O novo século que estamos vivendo deveria ser mais pacífico que o século
passado, pois com a globalização, a guerra seria um suicídio, dado a eficiência
das armas. Porém, os motivos para a guerra não faltam. Estamos sempre em
guerra.
De
onde nos pode vir a paz? Esta é a pergunta que todos se fazem. Jesus certa vez
chorou sobre Jerusalém e disse: “Se reconhecesses aquele que pode te
conduzir à paz. Mas agora está oculto a teus olhos!” (Lc 19,42). É Jesus que
pode nos conduzir à paz. Ele é a nossa paz, como escreve o apóstolo Paulo aos
Efésios (2,14). Porém muitos ainda não o veem, não ouvem sua voz.
A liturgia da Igreja Católica celebra junto com o dia da paz universal,
Maria Mãe de Deus. Contemplamos a figura desta mulher que tem nos braços o
menino que nos traz a paz. Somos agradecidos a ela porque aceitou de Deus a
missão de dar a luz a este filho. Agradecemos porque acolheu a vida, embora o
nascimento de Jesus foi envolto em dificuldades para Maria e José. E concluímos
que a paz somente pode brotar do amor. Um amor que exige de nós a renúncia ao
egoísmo.
A mensagem central de Jesus é o Reino de Deus, Deus sendo Pai de
todos e todos vivendo como irmãos: fraternidade universal! Viver no amor é uma
decisão pessoal e um compromisso que cada um deve assumir. A pessoa que decidiu
fazer de sua vida um ato de amor, não busca primariamente o prazer ou o
aplauso. Seu desejo básico é se tornar um ser humano que ama e, portanto, um
ser humano realizado, potencializado para transmitir a paz.
Que a paz esteja conosco neste ano que se inicia e que nós
saibamos ser construtores de paz!
Dom Pedro Carlos Cipolin - Bispo de Amparo (SP)
Fonte: Site da CNBB
Ilustração: http://www.franciscanos.org.br
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