Religião pela metade
Um dos maiores
especialistas em linguagem portuguesa, na região onde eu morava, tinha um
enorme problema: prolação. Sabia tudo sobre gramática e como escrever o
português, mas não sabia falar de maneira inteligível, comia todos os finais
das palavras porque baixava demais a voz no encerramento da pronúncia. Assim, o
homem que sabia português a ponto de ensiná-lo, até mesmo a outros professores,
não sabia falar, pois um vício de linguagem deixava as palavras pela metade.
O que aconteceu
com este professor de português acontece com muitos de nós que sabemos tudo
sobre o catecismo, sobre teologia ou sobre liturgia, mas, na hora de viver o
que sabemos ou expressar aquilo que conhecemos, temos dificuldade. Um
cardiologista amigo meu não conseguia se livrar do cigarro e sofria do coração
e do pulmão. Um médico que conheci desaconselhava bebida a todos, mas ele mesmo
exagerava na dose. E pode acontecer e acontece que o pregador ensina para os
outros, mas ele mesmo não vive.
A expressão é de
Jesus: “médico, cura a ti mesmo.”, Ele a usou repetindo um adágio do seu tempo.
Temos, todos, a tendência de ensinar os outros a viver, mas, quanto toca a
nossa vez, vivemos apenas um pouco daquilo que cremos ou ensinamos, faz parte
da condição humana. Ensinar a perfeição é uma coisa, coerência é outra.
Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com
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