2º do Tempo Comum
O casamento é
uma imagem utilizada pela Bíblia para falar do amor de Deus. Deste modo,
expressa algo que é demasiadamente sublime de um modo concreto e simples. Deus
ama como um esposo fiel, com um amor ciumento, mas nem sempre conta com a
fidelidade de sua esposa. Ele realiza uma aliança de amor, que tantas vezes é
quebrada. Ao contrário do seu povo, Deus nunca desiste do seu amor. O Povo,
depois do exílio, sente-se escolhido e consolado por Deus; não é mais a
esposa abandona, mas a esposa querida, a terra que o
Senhor se agradou. No evangelho, Jesus está numa festa de
casamento, não apenas para fazer um milagre (chamado de sinal na
linguagem Joanina), mas para manifestar a sua glória, o seu plano
de amor.
As bodas revelam
outro casamento, que será realizado quando chegar a hora. A hora é
marcada pela exaltação do Senhor na cruz, quando Ele manifesta a sua entrega
por amor. Então, abre-se caminho para as bodas, para a união entre o humano e o
divino. A partir da Páscoa, pelo amor, todos nós podemos celebrar as bodas de
casamento, que será plena na glória. Somos o Povo escolhido para a festa de
matrimônio do Senhor.
As bodas de Caná
simbolizam a superação da antiga lei, representada pelas talhas de pedra, que
agora dão lugar ao vinho novo. As pedras e a água simbolizam a frieza da antiga
lei, que precisa ser superada. É preciso superar o ritualismo, o legalismo, o
azedume de um seguimento vazio. Hoje é comum perceber o retorno para fórmulas
que já deveriam ser superadas: religião da lei, dos preceitos (do pode e não
pode), do dever, das rubricas do missal, da importância das vestes e das
pompas, da fuga do mundo, da condenação das expressões culturais e da ciência,
do que nos é estranho, e talvez daquilo que desestabilize a nossa segurança. Os
cristãos, embebidos do vinho novo, não formam um gueto, uma seita que foge do
mundo, mas se unem para ser fermento de transformação a partir do testemunho.
Dialoga com tudo o que é mundano e humano e, por isso, também divino.
A água fria das
talhas representa tudo o que é velho, frio, opressor, cítrico, sem vida.
Transformar a água em vinho significa dar novo sentido à vida. É preciso
abandonar as pedras do enrijecimento, da dureza de coração, do julgamento, da
agressão, do velho, daquilo que aprisiona. Quais são nossas talhas de pedras,
hoje? Deixemos que elas sejam renovadas pelo vinho novo do Senhor.
Se as pedras com
água são sinais da tristeza, o vinho (bebida nobre) é o sacramento da festa e
da alegria. Quando o vinho acaba, termina a alegria, a festa fica sem sabor. Em
nossa vida, muitas vezes o vinho acaba... É o que acontece com as festas da
vida: os namoros, os casamentos, as consagrações, as profissões, as escolhas...
Começam bem, mas enfrentam crises naturais. O ser humano, um eterno
insatisfeito, experimenta sensações de falta de sentido. E aí, não é hora de
desistir, mas de transformar a água em vinho, pois o Esposo que nos ama não vai
deixar de fazer o sinal. Mas precisamos descobrir esta bebida, muitas vezes
escondida no interior de nossos relacionamentos, de nossas experiências, de
nossa mística. É preciso não perder a alegria, não perder os sonhos, não perder
os ideais. Aí se encontra o vinho novo dado por Jesus. O Senhor nos convida
para a embriaguez do vinho novo, para uma festa de vida em liberdade e no amor.
Maria é a
intercessora que, por sua ternura, viabiliza junto a Jesus que a festa não
perca a sua graça. A mãe de Jesus sempre está presente. A presença de Maria nos
torna mais dóceis, mas carinhosos, mais afetivos. Nossa experiência de Deus é
mediada pelo carinho de uma mãe. Não podemos deixar isso de lado. E o que ela
nos pede? “Fazei tudo o que ele vos disser!” A felicidade está na obediência da
Palavra do Esposo.
Quando chegará a
sua hora? A hora do Senhor é o momento da
manifestação do seu amor. Certamente já chegou a hora de Jesus em muitos
momentos de nossa vida. Talvez ignoremos algumas destas horas,
deixando de perceber os seus sinais divinos em nossa vida. Deixamos de
reconhecer que, em muitas ocasiões, Ele tomou nossas talhas de pedra,
tornando-as transbordantes do vinho da festa.
Sua hora foi a
cruz, manifestação do amor de Deus. Sua hora definitiva será na Glória, quando
haverá o encontro com o Ele: Então “o Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’ Possa
aquele que ouve dizer também: ‘Vem!’”(Ap 22,17a). A resposta do Esposo canta a
mesma canção: “Sim! Eu venho depressa!” (Ap 21,20). Por isso, “Felizes o
convidados para o Banquete Nupcial do Cordeiro!” Felizes todos aqueles que
participarão das núpcias eternas, aqueles que bebem do vinho novo da salvação
enquanto esperam a embriague da festa da Eternidade.
Pe. Roberto Nentwig
Fonte: http://www.catequeseebiblia.blogspot.com.br
Fonte: http://www.catequeseebiblia.blogspot.com.br
Ilustração: http://www.espacojames.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário