Theotókos: Mãe de Deus
A
palavra é grega. Só é usada em referência à Maria e está presente no
vocabulário cristão de todas as línguas. Significa: àquela que deu à luz, a
parturiente, a genitora de Deus. Theotókos - mãe de Deus - sintetiza a reflexão
teológica enraizada na Bíblia e na vivência da fé cristã. Está implícita
na frase de João, 1,14: O Verbo se fez carne e veio morar no meio de
nós. O mistério de
nossa comunhão com Cristo inclui a maternidade divina de Maria. Vê-la como a
mãe de Deus não é só um título devocional ou uma invocação mariana muito
antiga. É a primeira e a maior verdade da fé cristã sobre a mariologia. É
conceito bíblico-teológico fundamental quanto à função de Maria no mistério de
Cristo, ou seja, uma só pessoa em duas naturezas, a divina e a humana.
Coberta pela sombra do Espírito Santo Maria tornou-se “mãe de Deus” em sentido
próprio e verdadeiro: a mãe humana. O Filho que nascer de ti será chamado Filho do
Altíssimo.
(Lc.1,35). Mãe de Jesus nos Evangelhos. Isabel
acolheu e saudou-a como “a mãe do meu Senhor”! Senhor na Bíblia é só Deus!
Desde os primeiros séculos houve consenso na Tradição, nos escritores cristãos
e na vivência dos fiéis sobre o papel de Maria na Encarnação de Jesus. Quanto
mais evoluía a compreensão teológica sobre o mistério do Verbo, o Filho de
Deus, tanto mais se esclarecia a participação de Maria nele. E vice-versa:
quanto mais se percebia o significado dela no desígnio de Deus, tanto melhor se
compreendia a mensagem de Jesus. O fato áureo dessa mútua complementação na
evolução teológico-doutrinal foi o 3º Concílio da Igreja em Éfeso no ano 431. O
Concílio rejeitou a heresia que via em Cristo não só duas naturezas, mas também
duas pessoas: a humana e a divina. E proclamou a unidade da pessoa de Jesus.
Ela é distinta nas duas naturezas, a divina e a humana, mas não é divisível
nelas. Em Cristo a divindade e humanidade são inseparáveis. O Concílio ensinou:
“um só e mesmo é Aquele que é gerado pelo Pai desde a eternidade e Aquele que
nasceu de Maria como homem”. O Verbo eterno é o único sujeito pessoal da
divindade unida à humanidade em Jesus de Nazaré. Por isso, Maria pode e deve
ser chamada Theotókos (mãe de Deus). Ela não gerou a natureza divina, mas o seu
Filho não é um, e outro é o Filho eterno do Pai. Ela concebeu na carne o mesmo
Filho Unigênito do Pai. A paternidade de Deus e a maternidade de Maria unidas
num fim único. A geração eterna uniu-se à gravidez no tempo. O seio puríssimo
da mãe foi o lugar histórico onde aconteceu a plenitude do tempo (Gl.4,4). Aí Deus se fez carne: “Deus
conosco”. As características biológicas e psicológicas de Jesus de Nazaré foram
formadas no útero de Maria. Depois ela o alimentou, cuidou e educou como faz
toda mãe com um filho. Maria não é uma deusa. Tudo o que ela é, deve-se ao
Filho que é verdadeiro Deus e é verdadeiro homem. Mas, ela precisou dizer SIM.
Vemos nela o rosto materno de Deus. Com razão a invocamos: Santa Maria Mãe de
Deus, rogai por nós!
Pe. Antonio Clayton Sant’Anna -
C.Ss.R.
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