segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Mês Missionário 2024:

 tempo de viver uma Igreja em saída

Neste mês de outubro, as Pontifícias Obras Missionárias (POM) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dão início ao Mês Missionário, um período dedicado à reflexão e à ação missionária em todo o país. O lema que inspira a Campanha Missionária em 2024 foi escolhido pelo Papa Francisco: “Ide, convidai a todos para o banquete” (Mt, 22,9). O tema “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo” nos convida a estarmos em comunhão com a Igreja da América que se prepara para viver o 6º Congresso Missionário Americano, o CAM6, em novembro deste ano, em Porto Rico.

O Mês Missionário quer mobilizar comunidades católicas para o engajamento na evangelização e no apoio às populações mais necessitadas em todo o mundo. As atividades do mês incluem celebrações litúrgicas, experiências de missão nas Paróquias, formações e campanhas de arrecadação de alimentos e roupas, além de ações de conscientização sobre a importância da missão na vida das comunidades.

Acesse todos os materiais da Campanha Missionária 2024   (Hot site com arquivos)

Viver uma Igreja em saída

Cartaz do Mês Missionário

A Campanha Missionária é uma oportunidade para que os fiéis reflitam sobre seu papel na missão de Cristo e se envolvam em atividades que promovam a paz, a justiça e a dignidade humana. As POM e a CNBB incentivam todas as paróquias a organizarem eventos e ações que unam a comunidade em torno do compromisso missionário.

Segundo Dom Ricardo Hoepers, secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a vivência do mês missionário é um convite do próprio Cristo a cada um de nós. “Cristo nos convida para seu banquete! São os sinais do Reino de Deus no meio de nós! O mês missionário nos convida a partilharmos o que temos na mesa de nossas comunidades testemunhando como será o banquete no céu”, lembrou o secretário geral da CNBB.

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Fundo Mundial de Solidariedade

Este tempo vivido por toda a Igreja também enfatiza a solidariedade e a importância de se olhar para as realidades sociais e missionárias do Brasil e do mundo. No Dia Mundial das Missões, celebrado em todas as comunidades nos dias 19 e 20 de outubro, as doações arrecadadas durante a coleta missionária são enviadas para o Fundo Mundial de Solidariedade em Roma, forma concreta da Igreja colaborar com mais de 1.118 dioceses que necessitam de recursos financeiros para seus projetos de evangelização, educação, saúde, desenvolvimento comunitário e assistência social.

Em 2023, a contribuição da Igreja do Brasil para o Fundo Mundial de Solidariedade foi de quase 11 milhões de reais (valor exato de R$ 10.968.656,39). As ofertas doadas durante a coleta missionária em todas as comunidades do Brasil são encaminhadas pelas dioceses para as Pontifícias Obras Missionárias, em sua sede nacional em Brasília. Dessa coleta, 80% são destinados para apoiar as dioceses mais pobres do mundo, com projetos na África, Ásia, Oceania, América Latina e Caribe. Os outros 20% permanecem no Brasil para apoiar as ações missionárias no país., na cidade de Bogotá, Colômbia.

Com informações das POM

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Papa Francisco na intenção de oração de outubro:

“Somos todos responsáveis pela missão da Igreja”

Na intenção de oração de outubro divulgada através da Rede Mundial de Oração do Papa, Francisco nos pede para rezar para que, “como sinal da corresponsabilidade”, sejam promovidas a participação e a comunhão “entre sacerdotes, religiosos e leigos”.

"Por uma missão comum" é a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de outubro, divulgada nesta segunda-feira (30/09), um tema vinculado à assembleia geral do Sínodo que se aproxima.

O Santo Padre diz na mensagem de vídeo que "todos os cristãos somos responsáveis pela missão da Igreja. Todos os sacerdotes. Todos".

Percorrer juntos o caminho da sinodalidade

Em seu discurso pelo 50º aniversário do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco afirmou que “a sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milênio”. Este enfoque requer uma escuta mútua e uma colaboração estreita entre todos os membros da Igreja.

Os sacerdotes não somos os chefes dos leigos, somos seus pastores. Jesus nos chamou a uns e a outros. Não a uns acima dos outros, nem a uns de um lado e a outros de outro, mas sim em complementaridade. Somos comunidade. Por isso, devemos caminhar juntos percorrendo o caminho da sinodalidade.

Como sinal de sinodalidade está também a realização do vídeo que acompanha suas palavras: as imagens foram produzidas pela Diocese de Brooklyn, com a ajuda de DeSales Media, a colaboração da Secretaria Geral do Sínodo, e com o apoio da Fundação da Rede Mundial de Oração do Papa.

Somos corresponsáveis na missão

Não importa se alguém é “condutor de ônibus” ou “camponesa” ou “pescador”, destaca o Papa Francisco na videomensagem, a missão é a mesma: “dar testemunho com nossas vidas. E sermos corresponsáveis na missão da Igreja”.

Os leigos, os batizados, são Igreja em sua própria casa, e devem cuidar dela. O mesmo que nós, os sacerdotes, os consagrados. Cada um oferecendo o melhor que sabe fazer. Somos corresponsáveis na missão, participamos e vivemos na comunhão da Igreja.

Missão partilhada entre sacerdotes, religiosos e leigos

As imagens que acompanham a mensagem do Papa Francisco contam precisamente a riqueza do povo santo de Deus: os diversos ministros dentro e fora das paróquias, os distintos carismas, os momentos de vida em comum. A própria realização deste vídeo pela Diocese de Brooklyn, com a participação de um grupo de profissionais leigos da comunicação religiosa, é um exemplo de missão comum e solidária.

Rezemos para que a Igreja continue a apoiar de todas as formas um estilo de vida sinodal, como sinal de corresponsabilidade, promovendo a participação, a comunhão e a missão partilhada entre sacerdotes, religiosos e leigos.

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Assista:


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                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va

domingo, 29 de setembro de 2024

Vale a pena refletir com o padre Zezinho:

São Tiago Maior não era marxista, nem comunista,
nem esquerdista, nem centrista, ele era catequista.

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

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E o pregador que se negasse a pregar o capítulo 5 da epístola deste apóstolo mártir estaria mostrando seu pior lado político: estaria rejeitando a doutrina de Jesus! Moisés era contra a mentalidade de gueto e contra o grupismo exclusivista, tipo NÓS E O RESTO!...

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Jesus também mirava a todos. Releia os textos da missa de hoje!

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Tenho amigos pobres e amigos ricos. E meus amigos pobres não são esquerdistas revoltados; e meus amigos ricos não são direitistas brucutus. Eles conhecem o que foi escrito nos evangelhos e as epístolas.

Católicos evangelizados entendem a PROPOSTA da Solidariedade Cristã e conhecem a DOUTRINA SOCIAL DE JESUS E DA IGREJA (DSI) e não chiam contra quem não é do seu lado político.

Escolha e respeite a escolha do outro! As eleições estão aí!

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O que está na leitura da missa de hoje é um aviso para o mau rico e para o mau pobre.

Leia e não se apresse a dizer que São Tiago era politizado pela TL. Ele era cristianizado por Jesus Cristo.

Tiago passou cerca de três anos ouvindo Jesus. E deu a vida por ele!

Isto é Teologia BÍBLICA da Libertação. E pare de caluniar todos por causa de alguns!

(Tg 5,0-9)

1.E agora vós, os ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. 2.Vossa riqueza está apodrecendo e vossas roupas estão carcomidas pelas traças. 3.Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes, como fogo! Nestes dias, que são os últimos, amontoastes tesouros. 4.Olhai: o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, e que vós deixastes de pagar, está gritando; o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso. 5.Vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, engordando a vós mesmos no dia da matança. 6.Condenastes o justo e o assassinastes: ele não tem como vos resistir. 7.Irmãos, tende paciência até a vinda do Senhor. Olhai o agricultor: ele espera com paciência o precioso fruto da terra, até cair a chuva do outono ou da primavera. 8.Também vós, exercei paciência e firmai vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. “

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Vai chiar outra vez contra o Papa e contra a CNBB e contra nós padres catequistas? Vai arrancar esta página da sua Bíblia!? Ou vai entender o que pobres e ricos têm deveres?

E você que gosta de orar em grupo ou em silêncio, aproveite para ler o primeiro capítulo da Primeira Epístola de São Pedro. É doutrina do poder da Oração Consciente e Solidária! E é proposta de santidade serena e forte!

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                                                                                                Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

Papa Francisco na missa deste domingo em Bruxelas:

na Igreja há lugar para todos, mas não para abusos.
Casos sejam revelados e julgados.

A Santa Missa no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, marcou o encerramento da viagem Apostólica de Francisco à Bélgica e Luxemburgo. Durante a homilia, o Papa pronunciou palavras fortes contra os abusadores, pedindo que os casos sejam revelados e não acobertados.

A Santa Missa presidida pelo Papa Francisco neste domingo, 29 de setembro, no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, contou com a presença de milhares de fiéis, reunidos também para celebrar a beatificação da venerável serva de Deus, Ana de Jesus, religiosa carmelita descalça que desempenhou um papel fundamental na difusão da reforma teresiana.

Em sua homilia, o Papa refletiu sobre as palavras de Jesus: «Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço» (Mc 9, 42). O Pontífice advertiu que devemos nos atentar para não escandalizar ou obstruir o caminho dos “pequeninos”, lembrando a responsabilidade que todos temos em cultivar uma fé aberta, inclusiva e acolhedora.

Na Igreja há lugar para todos, mas não para o abuso!

A seguir, o Pontífice pronunciou as palavras mais fortes da homilia, citando os casos de abusos:

Pensemos no que acontece quando os pequeninos são escandalizados, atingidos, abusados por quem deveria cuidar deles; nas feridas de dor e de impotência antes de tudo nas vítimas, mas também em seus familiares e na comunidade. Com a mente e com o coração, lembro das histórias de alguns desses "pequeninos" que encontrei anteontem. Eu os ouvi, senti seu sofrimento de abusados e repito aqui: na Igreja há lugar para todos, todos, todos, mas todos seremos julgados e não há lugar para o abuso, não há lugar para acobertar o abuso. Peço a todos: não acobertar os abusos. Peço aos bispos: não acobertar os abusos. Condenar os abusadores e ajudá-los a se curar desta doença do abuso. O mal não deve ser escondido, mas revelado, que se saiba, como fizeram alguns abusados, e com coragem. Que se saiba. E que seja julgado o abusador, seja leiga, leigo, padre ou bispo: que seja julgado!

Humildade, gratidão e alegria

O Santo Padre enfatizou a necessidade de abertura, recordando os episódios bíblicos do Livro dos Números e do Evangelho de Marcos presentes na liturgia deste XXVI Domingo do Tempo Comum, onde a ação do Espírito Santo surpreende ao escolher para sua obra não apenas os que parecem eleitos, mas também aqueles à margem. “A Comunidade dos cristãos não é um círculo de privilegiados, é uma família de salvos”, afirmou Francisco, apontando que o Batismo é um chamado para todos, e que devemos viver nossa missão com humildade, gratidão e alegria, sem sermos obstáculo para os demais.

A falta de misericórdia é um “escândalo”

Em seguida, o Papa abordou a comunhão, inspirando-se na Carta de São Tiago, que nos exorta a evitar o egoísmo e a abraçar o caminho do amor e da partilha. Para o Pontífice, a falta de misericórdia, especialmente com os mais pobres e marginalizados, é um verdadeiro “escândalo” em nossa sociedade:

“Pensemos, por exemplo, na situação de tantos imigrantes sem documentos: são pessoas, irmãs e irmãos que, como todos, sonham com um futuro melhor para si e para os seus e, em vez disso, ficam muitas vezes sem ser escutados e acabam por ser vítimas de exploração”.

A força do testemunho autêntico 

Por fim, o Santo Padre destacou a importancia do testemunho na vida cristã trazendo à luz o exemplo da nova beata Ana de Jesus. A carmelita, que seguiu os passos de Santa Teresa de Ávila, deixou um legado de simplicidade, oração e caridade em uma época de grandes desafios:

“Numa época marcada por dolorosos escândalos, tanto dentro como fora da comunidade cristã, ela e as suas companheiras conseguiram trazer de novo tantas pessoas à fé a ponto de alguém descrever a sua fundação nesta cidade como um ‘íman espiritual’”.

Ao concluir, o Papa Francisco convidou os fiéis a seguirem o testemunho deixado por Ana de Jesus e a renovarem seu compromisso com o Evangelho da misericórdia, vivendo a fé com abertura, comunhão e testemunho.

“Acolhamos, pois, com gratidão o modelo, simultaneamente delicado e forte, de ‘santidade feminina’ que ela nos deixou, renovando o compromisso de caminharmos juntos seguindo as pegadas do Senhor", exortou o Pontífice.

Thulio Fonseca – Vatican News

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Assista:

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                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va

sábado, 28 de setembro de 2024

Reflita com frei Almir Guimarães

Um estilo de vida alternativo

Mais uma reunião no dia do Senhor, no domingo, o dia do sol. O Ressuscitado marca encontro conosco uma vez por semana. Manifesta seu carinho e as palavras do Evangelho proferidas na liturgia parece que estão saindo de seus lábios e nos atingem lá onde começa no eu mais profundo.

Marcos fala da maneira como podemos entrar na vida, ou seja, na plenitude de nossos dias e também num estado definitivo de comunhão com aquele que nos tirou do nada e nos fez e faz viver. Entrar na vida… melhor entrar sem uma mão, um pé ou um olho. Ingenuidade tomar estas palavras ao pé da letra. É evidente que Jesus está querendo dizer que aqueles que querem ser colaboradores do Reino Novo, reino de fraternidade, atenções mútuas serão os que usam mãos, pés e olhos de uma forma transparentemente bela. O que está em jogo é o verdadeiro sucesso de cada um na aventura de viver. Resumindo, trata-se de usar nossos membros de maneira generosa e correta, construindo um mundo novo.

José Antonio Pagola assim explica esta perícope:

- Mão: símbolo da atividade e do trabalho. Jesus usa suas mãos para abençoar, curar e tocar os excluídos. Melhor corta as mãos quando são usadas para ferir, submeter, humilhar. Melhor cortar a mão em tais situações. Claro, uma metáfora.

- Pés: correspondem a nossos deslocamento rumo aos outros. Podem causar danos se nos levam a espaços onde não podemos servir ou continuarmos com nossa banalidade de existir. Jesus caminha ao encontro das pessoas. Os pés causam dano se nos levam a espaços de destruição.

- Olhos: representam desejos e aspirações das pessoas. Olhar as pessoas com atenção, carinho, atenção, acolhedoramente. Não olhar apenas para satisfazer seus pequenos interesses.

Trata-se em resumo de fazer claras opções por Jesus. Se assim não for seremos seres medíocres até o fim e haveremos de perder a chance de viver e de viver de verdade.

O Evangelho coloca sempre diante de nós caminhos alternativos. Marcus Borg, um dos mais conhecidos investigadores da figura de Jesus, designa-o de “mestre de uma sabedoria subversiva”. Alberto de Migno lembra que essas palavras fortes de Jesus não perderam sua força. Os valores que propõe estão na contramão do chamam valores o mercado e o mundo do consumismo. E, no entanto, os valores propostos por Jesus são capazes de levar o ser humano ao máximo desenvolvimento, embora, à primeira vista pareçam desconcertantes: o perdão diante da violência, partilhar em vez de acumular; olhar com carinho e não desprezar; cooperar em vez de competir; ser austeros e não consumistas; amar sem esperar retorno; dar a vida em vez de querer desfrutar até a última gota.

Pedro José Gómez Serrano falando do estilo alternativo que Jesus propõe ao seus para o sucesso mais profundo de sua existência: “Não falamos da felicidade de passar bem na vida, nem da alegria que nos proporcionam êxitos pessoais ou falta de conflito; mas a que nasce de sentir-se profundamente amados e ter uma existência que espalha vida e alegria à sua volta”.

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FREI ALMIR GUIMARÃES, OFMingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

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                                          Fonte: franciscanos.org.br    Banners: Fábio M. Vasconcelos 

Papa Francisco em Bruxelas:

que a Igreja se torne serva de todos, sem subjugar ninguém

Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

Na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas, o Papa se reuniu com os Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Consagrados/as, Seminaristas e Agentes de Pastoral.

Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

Para o Pontífice, a crise da fé que vive o Ocidente impele a regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho: "A crise – cada uma delas – é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para mudar. É uma oportunidade preciosa".

De um cristianismo instalado se passou a um cristianismo “minoritário”, ou seja, um cristianismo de testemunho, em que se exige coragem. "Sejam padres que não se limitam a conservar ou a gerir um patrimônio do passado, mas pastores apaixonados por Jesus Cristo". O Papa ressaltou a importância de percursos comunitários, recordando que na Igreja há lugar para todos e ninguém deve ser uma fotocópia do outro. E o processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho para perguntar-se como fazê-lo chegar a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé.

Para isso, serve a alegria suscitada por Jesus. Em todos os âmbitos, na pregação, na celebração, no serviço e no apostolado devem transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai também aqueles que estão longe. A alegria é o caminho que conduz à felicidade.

Por sua vez, o Evangelho, acolhido e partilhado, recebido e dado, conduz-nos à alegria porque faz descobrir que Deus é o Pai da misericórdia, que se comove conosco, que nos levanta das nossas quedas, que nunca desiste de nos amar.

"Gravemos isto no nosso coração: Deus nunca desiste de nos amar. 'Até mesmo se eu cometi algo de grave?' Deus nunca deixa de te amar." 

É a misericórdia, prosseguiu o Papa, que pode salvar mesmo em casos de abusos, que geram sofrimentos e feridas atrozes, minando até mesmo o caminho da fé.

"E é necessária tanta misericórdia, para não ficar com um coração de pedra diante do sofrimento das vítimas, para as fazer sentir a nossa proximidade e lhes oferecer toda a ajuda possível, para aprender com elas a ser uma Igreja que se torna serva de todos sem subjugar ninguém. Sim, porque uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando usamos as nossas funções para esmagar ou manipular os outros."

A misericórdia é a palavra-chave para os prisioneiros, acrescentou. "Jesus mostra-nos que Deus não se afasta das nossas feridas e impurezas. Ele sabe que todos nós podemos errar, mas ninguém é um fracassado. Ninguém está perdido para sempre. (...) Misericórdia, sempre misericórdia."

O quadro do pintor belga Magritte, intitulada “O Ato de Fé”, é a imagem que Francisco deixa à Igreja local, uma Igreja que nunca fecha as portas, que oferece a todos uma abertura para o infinito, que sabe olhar mais além. "Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia."

Caminhem juntos, concluiu o Papa: "Sem o Espírito, não acontece nada de cristão. É o que nos ensina a Virgem Maria, nossa Mãe". 

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Assistir:

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sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Catequese bíblica:

Uma iniciação às Sagradas Escrituras

Dom Vital Corbellini - Bispo de Marabá (PA)

As Sagradas Escrituras são palavras de Deus que possuem valor eterno pois elas vêm do próprio Deus para a realidade humana. Muitas pessoas elaboraram estas Palavras e sendo inspiradas por Deus, pelo Espírito Santo, escreveram a respeito do mistério de Deus, da vida humana e de sua salvação. É fundamental dizer também que as palavras divinas tem por objetivo a realização do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mt 22,37-39), impulsionando à salvação do ser humano. Elas colocam a conversão humana para que brilhe nas pessoas e no mundo as obras de paz e de amor, em vista do Reino de Deus. Cassiodoro, século V, leigo romano que elaborou uma obra que visava ao povo a iniciação às Sagradas Escrituras[1] colocou pontos importantes em seu tempo sobre a introdução às Sagradas Escrituras. A seguir nós veremos alguns dados elaborados por esta pessoa tão influente no período da Igreja primitiva.  

A falta de mestres das Sagradas Escrituras

Cassiodoro reconheceu na sua época a existência de muitos mestres das letras seculares nas escolas, mas que faltavam mestres públicos das Sagradas Escrituras, divinas, para que assim a difusão da Palavra de Deus fosse mais ampla possível na Igreja e no mundo[2]. Ele entrou em diálogo com o Papa, bispo de Roma, Agapito I (535-536) para que na cidade de Roma, as escolas cristãs recebessem mais pessoas, educadoras educadores ligados às Sagradas Escrituras em vista do estudo, conhecimento da Palavra de Deus, da mesma forma como tinha em Alexandria, no Egito e também em Antioquia, na Síria[3].   

O reconhecimento do livro do Gênesis

O autor romano falou do reconhecimento do livro do Gênesis como o primeiro livro das Sagradas Escrituras, onde se colocam os relatos da criação de todas as criaturas, sobretudo do ser humano, percebido como a imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,126), o paraíso, o pecado, o dilúvio e a aliança do Senhor para nunca mais destruir a natureza humana (cf. Gn 1-8). Ele lembrou São Basílio em relação a criação humana e os seres dados para a glória divina e humana. Ele mencionou também Santo Agostinho na disputa contra os maniqueus devido às idéias dualistas do deus do bem e do deus do mal que o bispo de Hipona, superou-as ao afirmar que o bem vem somente de Deus Criador e o mal proveio pela desobediência humana[4].

Uma palavra sobre os profetas

Cassiodoro teve presentes os profetas, como anunciadores da vinda do Senhor Jesus neste mundo. Tudo estava em profunda ligação com a chegada do Messias. Ele comentou São Jerônimo que proporcionou claríssimas explicações sobre a generosidade do Senhor Jesus pela encarnação do Verbo neste mundo para nos salvar[5]. Ele também disse que o capítulo dezoito de Isaias é uma referência aberta aos mistérios de Cristo e da Igreja[6]. O autor romano disse que São Jerônimo comentou os profetas, classificando-os como maiores por serem longos os seus relatos, e os chamou de menores pela brevidade de seus livros[7].

Em relação ao saltério

Cassiodoro falou que se alguns padres como Santo Hilário, Santo Ambrósio trataram alguns salmos, no entanto Santo Agostinho fez comentários de todos eles em grandes obras, escrevendo sobre a graça do Senhor, a sua atuação amorosa no mundo[8]. Para o autor romano os salmos são cento e cinquenta de modo que eles são divididos em três secções como forma de honra à Santíssima Trindade e também para pedir ajuda, saúde, a graça do amor de Deus em cada ser humano[9].  

Em relação aos evangelhos

O autor romano colocou a importância dos quatro evangelhos que a Igreja desde o início fechou o cânone sendo palavra de vida eterna de Jesus Nazareno, o enviado do Pai. São Jerônimo explicou as características particulares de cada evangelho de uma forma diligente para perceber a unidade dos livros. Ele colocou que diversos autores como Santo Hilário, Santo Ambrósio, Eusébio de Cesareia, Santo Agostinho realizaram comentários muito importantes sobre os evangelhos[10] colocando como palavra plena de Deus revelada por Jesus Cristo em comunhão com o Espírito Santo.  

A respeito das cartas dos apóstolos

Cassiodoro falou a respeito das cartas dos apóstolos para dar visibilidade a missão da Igreja antiga junto aos judeus e junto aos pagãos, após Pentecostes. O docetismo, o pelagianismo estavam ainda presentes, heresias que negavam a humanidade de Jesus, e o pecado original de modo que era preciso reforçar as cartas dos apóstolos, sobretudo aquelas de São Paulo onde se colocavam a humanidade e a divindade do Verbo na Pessoa de Jesus Cristo e o pecado original transmitido para toda a humanidade e através do batismo vem superado este pecado, ainda que persistam as tendências ao pecado, mas a graça de Cristo Jesus é superior ao pecado[11]

Em relação aos Atos dos Apóstolos e do livro do Apocalipse 

Foram diversos os comentários a respeito dos Atos dos Apóstolos para colocar a presença do Espírito Santo sobre os Apóstolos na Igreja primitiva no anúncio da ressurreição de Jesus Cristo e na pregação evangélica nos diversos povos. Cassiodoro disse também que foi São Jerônimo quem comentou mais a respeito do livro do Apocalipse, conduzindo os leitores à uma contemplação superior e discernir com a mente os acontecimentos da Igreja primitiva e a realidade social do Império romano[12].  

Os quatro Concílios reconhecidos 

Cassiodoro teve presentes que os Concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431), Calcedônia (451) reconheceram os livros das Sagradas Escrituras como livros inspirados, de modo que eram lidos nas comunidades cristãs. As suas leituras davam luzes para as comunidades viverem a Palavra de Deus para assim enfrentarem as heresias, as hostilidades do tempo e a viverem o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mt 22,37-39)[13]

Os dois Testamentos segundo São Jerônimo 

Cassiodoro afirmou que São Jerônimo fez toda a tradução dos livros sagrados em latim, tendo presentes os livros do Antigo Testamento, sendo o Testamento primeiro da Palavra de Deus e o Novo Testamento, o Testamento segundo, realizado e assumido por Jesus Cristo, a Palavra do Pai. Os dois Testamentos são Palavra de Deus, pois Deus é o seu devido autor, proveniente de sua boca e tudo realizado em Jesus Cristo, o Messias, o Envidado do Pai. Segundo o autor romano São Jerônimo ordenou toda a sua tradução à Autoridade divina de modo a tornar a Palavra de Deus mais próxima do povo por causa da língua vernácula, o latim[14].

Esta introdução às Sagradas Escrituras feita por Cassiodoro ajude-nos na leitura da Palavra de Deus neste mês bíblico, fazer a compreensão em vista da conversão e testemunho de vida de todos nós, povo de Deus e ministros ordenados tendo presente o dom divino da salvação, dado por Deus Uno e Trino ao ser humano, pela realização de obras de caridade neste mundo.

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[1] Cfr. Casiodoro. Iniciación a las Sagradas Escrituras. Madrid: Editorial Ciudad Nueva, 1998.    [2] Cfr. Idem, pg. 67.    [3] Cfr. Ibidem, pg.  67-68.    [4] Cr. Ibidem, pgs. 81-82.
[5] Cfr. Ibidem, pg. 95.    [6] Cfr. Ibidem, pg. 96.    [7] Cfr. Ibidem, pg. 97.    [8] Cfr. Ibidem, pg. 99.    [9] Cfr. Ibidem, pg. 101.    [10] Cfr. Ibidem, pgs. 111-112.    [11] Cfr. Ibidem, pgs. 113-120.    [12] Cfr. Ibidem, pg. 121.    [13] Cfr. Ibidem, pg. 127.    [14] Cfr. Ibidem, pgs. 129-131.
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                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va

26º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão

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1ª Leitura: Nm 11,25-29 

Leitura do Livro dos Números

Naqueles dias, o Senhor desceu na nuvem e falou a Moisés. Retirou um pouco do espírito que Moisés possuía e o deu aos setenta anciãos. Assim que repousou sobre eles o espírito, puseram-se a profetizar, mas não continuaram. Dois homens, porém, tinham ficado no acampamento. Um chamava-se Eldad, e o outro, Medad. O espírito repousou igualmente sobre os dois, que estavam na lista, mas não tinham ido à tenda, e eles profetizavam no acampamento. Um jovem correu a avisar Moisés que Eldad e Medad estavam profetizando no acampamento. Josué, filho de Nun, ajudante de Moisés desde a juventude, disse: “Moisés, meu senhor, manda que eles se calem!” Moisés respondeu: “Tens ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!”

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Responsório: Sl 18(19)

- A lei do Senhor Deus é perfeita, alegria ao coração.

- A lei do Senhor Deus é perfeita, alegria ao coração.

- A lei do Senhor Deus é perfeita, / conforto para a alma! / O testemunho do Senhor é fiel, / sabedoria dos humildes.

- É puro o temor do Senhor, / imutável para sempre. / Os julgamentos do Senhor são corretos / e justos igualmente.

- E vosso servo, instruído por elas, / se empenha em guardá-las. / Mas quem pode perceber suas faltas? / Perdoai as que não vejo!

- E preservai o vosso servo do orgulho: / não domine sobre mim! / E assim puro eu serei preservado / dos delitos mais perversos.

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2ª Leitura: Tg 5,1-6


Leitura da Carta de São Tiago

E agora, ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. Vossa riqueza está apodrecendo, e vossas roupas estão carcomidas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes como fogo! Amontoastes tesouros nos últimos dias. Vede, o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, que vós deixastes de pagar, está gritando, e o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso. Vós vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, cevando os vossos corações para o dia da matança. Condenastes o justo e o assassinastes; ele não resiste a vós.

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Evangelho: Mc 9,38-43.45.47-48

Proclamação do Evangelho de São Marcos

João disse a Jesus: «Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lhe proibimos, porque ele não nos segue.» Jesus disse: «Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor. Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa.

E se alguém escandalizar um destes pequeninos que acreditam, seria melhor que ele fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço. Se a sua mão é ocasião de escândalo para você, corte-a. É melhor você entrar para a vida sem uma das mãos, do que ter as duas mãos e ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga. Se o seu pé é ocasião de escândalo para você, corte-o. É melhor você entrar para a vida sem um dos pés, do que ter os dois pés e ser jogado no inferno. Se o seu olho é ocasião de escândalo para você, arranque-o. É melhor você entrar no Reino de Deus com um olho só, do que ter os dois olhos e ser jogado no inferno, onde o seu verme nunca morre e o seu fogo nunca se apaga.

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Reflexão do padre Johan Konings

Pensamento inclusivo

A cristandade tradicional caracterizava-se por atitudes exclusivistas. Só a Igreja católica estava certa… Dizia-se que quem morre fora da Igreja católica vai ao inferno. (Deveria ser mandado ao inferno quem fala assim…)

O evangelho conta um episódio que nos ensina o contrário. Os discípulos ficam nervosos porque alguém anda expulsando demônios no nome de Jesus, sem fazer parte do grupo deles. Naquele tempo, todo tipo de tratamento sugestivo estava na moda, como hoje. Visto que Jesus era o sucesso do momento, alguns que não eram de seu grupo usavam seu nome para expulsar uns demoniozinhos. Que mal havia nisso? Nenhum, mas os discípulos queriam direitos autorais!

A liturgia ilustra o problema com outro episódio. O povo de Israel andando pelo deserto, o Espírito desce sobre a assembleia dos anciãos. Mas dois não foram à assembleia e receberam o Espírito assim mesmo. Os outros reclamam. Então, Moisés responde: “Oxalá todo o povo de Deus profetizasse e Deus infundisse a todos o seu espírito” (1ª leitura).

Nem todos os cristãos são tão mesquinhos assim que pretendem reservar para a própria agremiação os dons de Deus. Desde o Humanismo, bem antes do Concílio Vaticano II, os educadores cristãos ensinavam que os pagãos Platão e Virgílio eram profetas, pois anunciaram coisas que, depois, se verificaram em Jesus. Houve até quem chamasse Karl Marx de profeta (com menos mérito, pois viveu bem depois de Jesus e repetiu muita coisa que Jesus e a Bíblia disseram antes dele…). As coisas boas que esses pagãos falaram não deixaram de ser um testemunho a favor de Jesus.

“Quem não é contra nós está em nosso favor” (Mc 9,40). Esta é a lição (Jesus disse também: “Quem não está comigo é contra mim”, Mt 12,30, mas isso, em caso de conflito e perseguição).

O nome de Jesus representa o Reino do Pai. O nome de Jesus se liga a uma realidade nova, a vontade de Deus. “Ninguém que faz milagres em meu nome poderá logo depois sair falando mal de mim” (Mc 9,39). Por tudo aquilo que ele disse e fez, pelo dom da própria vida, Jesus ligou a seu nome a nova realidade que se chama o “Reino de Deus”. Quem consegue usar o nome de Jesus como força positiva certamente colabora de alguma maneira com o Reino.

Não é preciso ser católico batizado para colaborar com os valores do evangelho. Os primeiros missionários no Brasil ficaram cheios de admiração porque os índios pagãos pareciam ter mais valores evangélicos que os colonos portugueses escravocratas. O testemunho do evangelho pode existir fora da comunidade cristã, e nós devemos alegrar-nos por causa disso.

Então, em vez de dizer que fora da Igreja não há salvação, vamos dizer: tudo o que salva expande o que pensamos fazendo na Igreja. Pensamento inclusivo. Deus, nosso Pai.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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                           Fonte: franciscanos.org.br    Banners: bispado.org.br    Fábio M. Vasconcelos