sexta-feira, 5 de julho de 2024

14º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão

__________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

1ª Leitura: Ez 2,2-5

Leitura do Livro de Ezequiel:

Naqueles dias, depois de me ter falado, entrou em mim um espírito que me pôs de pé. Então eu ouvi aquele que me falava, o qual me disse: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. Eles e seus pais se revoltaram contra mim até o dia de hoje. A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra vou-te enviar, e tu lhes dirás: ‘Assim diz o Senhor Deus’. Quer te escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes -, ficarão sabendo que houve entre eles um profeta”.

_____________________________________________________________________________________

Responsório: Sl 122

- Os nossos olhos estão fitos no Senhor: / tende piedade, ó Senhor, tende piedade!

- Eu levanto os meus olhos para vós, / que habitais nos altos céus. / Como os olhos dos escravos estão fitos / nas mãos do seu senhor.

- Como os olhos das escravas estão fitos / nas mãos de sua senhora, / assim os nossos olhos, no Senhor, / até de nós ter piedade.

- Tende piedade, ó Senhor, tende piedade; / já é demais esse desprezo! / Estamos fartos do escárnio dos ricaços / e do desprezo dos soberbos!

_____________________________________________________________________________________

2ª Leitura: 2Cor 12,7-10
Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo:

Irmãos, para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais. A esse propósito, roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. Mas ele disse-me: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. Eis por que eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor a Cristo. Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte.

_____________________________________________________________________________________
Evangelho: Mc 6,1-6

Proclamação do Evangelho de São  Marcos:

Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.

_____________________________________________________________________________________

Reflexão do padre Johan Konings:

"Santo de casa não faz milagres"

Os antigos israelitas não gostam quando o profeta Ezequiel denuncia a infidelidade à Lei e à Aliança, infidelidade que provocou a catástrofe do exílio babilônico. Mas, gostem ou não, Ezequiel entrega o recado: “Saberão que há um profeta no meio deles” (1ª leitura). A lembrança dessa pregação constitui o pano de fundo para reler o que ocorreu a Jesus quando foi pregar na sua própria terra, Nazaré, depois de ter percorrido Cafarnaum e as outras cidades da Galiléia (evangelho). Os seus conterrâneos não aceitavam que esse jovem que conheceram morando no meio deles como operário braçal lhes pregasse a conversão para participarem do Reino de Deus. Alguém que é socialmente inferior dirigir-Ihes a palavra, com autoridade, onde é que se viu?! Vale recordar a reação de muitas pessoas quando um operário se candidata a prefeito ou a presidente da República!

O evangelho nos conta ainda que, depois da ciumenta rejeição, Jesus não pôde fazer lá muitos milagres.”Santo de casa…”. Deus não lhe permitiu mais do que isso, pois os milagres são obras de Deus. A limitação dos milagres era um aviso de Deus para evidenciar a incredulidade. Só uns milagrinhos, umas curas de doentes… mas não deixava de ser um sinal deixado pelo profeta.

O que ocorreu a Jesus em Nazaré prefigura a rejeição que ele experimentará, poucos meses depois, em Jerusalém. Ali, não apenas recusarão sua palavra, mas o pregarão na cruz. Como ficaria uma visita de Jesus a nós, católicos apostólicos romanos, hoje? Encontraria ouvido? Muitos seguidores conheceram a mesma sorte que Jesus. Pessoas simples, profetas que surgiram levantaram a voz no nosso meio. Foram mortos por denunciarem as desigualdades, as injustiças sociais, a violência no campo e na cidade. Foram mortos por “bons católicos”. Eram considerados pouco importantes, não tinham poder, mas sua palavra tem. Sua voz não se cala, mesmo que estejam mortos. Porque a voz da justiça e da fraternidade é a voz de Deus.

Ao profeta não importam posição social ou eloquência (Jr 1,6). Na 2ª leitura encontramos o currículo de Paulo: não exibe muitos diplomas. Gloria-se em sua fraqueza, pois nela é Deus quem age. Ele só quer anunciar o evangelho do Cristo crucificado c pede que suportemos essa sua loucura. Poder e eloquência não importam. Importa que o profeta é enviado por Deus. Talvez ele seja um simples operário, pouco refinado e muito chato, porque sempre insiste na mesma coisa. Talvez não faça milagres vistosos, talvez só levante o ânimo de umas poucas pessoas simples. Talvez seja crucificado, figurativamente, pelos que gostam de se mostrar muito religiosos. Mas o que ele fala é palavra de Deus.

_____________________________________________________________________________________

PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

_____________________________________________________________________________________

Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella


__________________________________________________________________________
                                       Fonte: franciscanos.org.br       Banner: Fr. Fábio M. Vasconcelos

Nenhum comentário:

Postar um comentário