quinta-feira, 5 de maio de 2022

Papa para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações:

todo cristão deve "esculpir"
a própria vocação em prol da família humana

Em vista do Dia Mundial de Oração pelas Vocações, Francisco comparou a vocação ao trabalho de um escultor, ou melhor, do "Escultor divino" que, com as suas "mãos", nos faz sair de nós mesmos, para que se delineie em nós a obra-prima que somos chamados a ser.

“Chamados para construir a família humana” é o título da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que a Igreja celebra no próximo domingo, 8 de maio.

Enquanto continuam a soprar os ventos gélidos da guerra e da opressão, a intenção do Pontífice é refletir sobre o amplo significado da “vocação”, no contexto de uma Igreja sinodal que se coloca à escuta de Deus e do mundo:

“Queremos contribuir para construir a família humana, curar as suas feridas e projetá-la para um futuro melhor.”

A vocação e o "Escultor divino"

Para Francisco, a sinodalidade, o caminhar juntos é uma vocação fundamental para a Igreja e é preciso acautelar-se da mentalidade que separa sacerdotes e leigos, considerando protagonistas os primeiros e executores os segundos. “Toda a Igreja é comunidade evangelizadora.”

A palavra “vocação:  não se refere apenas àqueles que seguem o Senhor pelo caminho de uma consagração específica, pois todos somos chamados a participar na missão de Cristo de reunir a humanidade dispersa e reconciliá-la com Deus.

Francisco comparou a vocação ao trabalho de um escultor, ou melhor, do "Escultor divino" que, com as suas "mãos", nos faz sair de nós mesmos, para que se delineie em nós a obra-prima que somos chamados a ser. E citou uma frase atribuída a Michelangelo Buonarroti: “No interior de cada bloco de pedra, há uma estátua, cabendo ao escultor a tarefa de a descobrir”.

Assim Deus nos vê, explicou ele: naquela jovem de Nazaré, viu a Mãe de Deus; no pescador Simão, viu Pedro, a rocha sobre a qual podia construir a sua Igreja. Esta é a dinâmica de cada vocação: somos alcançados pelo olhar de Deus, que nos chama, e não é uma experiência extraordinária reservada a poucos.

Em cada um de nós, Deus vê potencialidades, às vezes ignoradas por nós mesmos, e atua a fim de as podermos colocar ao serviço do bem comum.

“A nossa vida muda quando acolhemos este olhar”, escreve o Papa. Tudo se torna um diálogo vocacional entre nós e o Senhor, que, se vivido em profundidade, nos faz tornar cada vez mais aquilo que somos e abraçar a vocação ao sacerdócio, à vida consagrada ou ao matrimônio.

O amor não é utopia, mas o projeto de Deus

Para além da vocação, há a con-vocação, isto é, a capacidade de caminhar unidos na harmonia das diversidades. Cada vocação na Igreja e, em sentido largo, também na sociedade, concorre para um objetivo comum: fazer ressoar entre os homens e as mulheres aquela harmonia dos múltiplos e variados dons que só o Espírito Santo sabe realizar.

Eis então a exortação do Pontífice:

“Sacerdotes, consagradas e consagrados, fiéis leigos, caminhemos e trabalhemos juntos, para testemunhar que uma grande família humana unida no amor não é uma utopia, mas o projeto para o qual Deus nos criou!”

Rezemos, concluiu o Papa, para que o Povo de Deus, no meio das dramáticas vicissitudes da história, corresponda cada vez mais a esta vocação.

                                                                                                                        Bianca Fraccalvieri

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Francisco às religiosas:

caminhem ao lado dos irmãos e irmãs feridos de hoje

"À luz destes dois discípulos de Jesus, Pedro e Maria Madalena, contemplem e deixem Jesus olhar para vocês e transformá-las, e da mesma forma vocês poderão colocar-se a serviço da humanidade. De sua própria fragilidade, libertas dos espíritos que as perturbam, serão capazes de iluminar seus passos para uma proclamação esperançosa do Evangelho": disse o Papa Francisco ao receber esta quinta-feira, 5 de maio, as religiosas da União Internacional das Superioras Gerais (UISG).

"Convido vocês, que têm a missão específica de animar a vida de suas congregações e acompanhar o discernimento em suas comunidades, a entrarem nesta cena do lava-pés, percorrendo este caminho da Igreja, e a viverem sua autoridade como serviço."

Foi a exortação do Santo Padre ao receber em audiência no final da manhã desta quinta-feira, 5 de maio, na Sala Paulo VI, no Vaticano, as religiosas da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), que estão realizando em Roma, de 2 a 6 de maio, sua 22ª Assembleia Plenária.

Em seu discurso entregue às religiosas, o Papa partiu do tema escolhido para esta Assembleia, "Abraçar a vulnerabilidade no caminho sinodal", para deter-se sobre alguns pontos e oferecer algumas chaves para o discernimento delas.

Abraçar a vulnerabilidade

Particularmente, Francisco destacou duas cenas do Evangelho que lhe vieram à mente – disse ele - ao pensar sobre este tema de "abraçar a vulnerabilidade". A primeira é quando Jesus lava os pés de Pedro na Última Ceia:

Ao sair ao seu encontro, o Filho de Deus se coloca em uma posição vulnerável, na posição de servo, mostrando como a vida de Jesus só pode ser compreendida através do serviço. Junto com Pedro, a Igreja aprende de seu Mestre que, para poder dar sua vida a serviço dos outros, ela é convidada a reconhecer e aceitar sua própria fragilidade e, a partir daí, a curvar-se à fragilidade dos outros.

A vida religiosa hoje também reconhece sua vulnerabilidade, mesmo se às vezes a aceita com dificuldade, ressaltou o Pontífice. "Estávamos acostumados a ser significativos por nossos números e por nossas obras; a ser relevantes e socialmente considerados. A crise que estamos atravessando nos fez sentir nossas fragilidades e nos convida a assumir nossa minoria. Tudo isso nos convida a recuperar a atitude que o Filho de Deus tem para com o Pai e para com a humanidade, a de ‘tornar-se um servo’."

Exercer a autoridade evangelicamente

Não se trata de uma questão de servidão, observou Francisco. "Abaixar-se não é retirar-se nas próprias feridas e inconsistências, mas abrir-se ao relacionamento, a uma troca que dignifica e cura, como fez com Pedro, e a partir da qual começa um novo caminho com Jesus."

À luz dos sinais dos tempos, prosseguiu, que ministérios o Espírito nos pede? Que mudanças o Espírito exige de nós na forma como vivemos o serviço da autoridade? – interpelou o Santo Padre.

Não tenham medo nesta busca por novos ministérios e novas formas de exercer a autoridade evangelicamente. Que não seja uma busca teórica e ideológica - ideologias mutilam o Evangelho - mas uma busca que parta do aproximar-se dos pés da humanidade ferida e caminhar ao lado de irmãos e irmãs feridos, começando pelas irmãs em suas comunidades, exortou Francisco.

Colocar-se a serviço da humanidade

A segunda cena destacada pelo Santo Padre, falando de vulnerabilidade, tem como protagonista Maria Madalena. "Ela sabe muito bem o que significa passar de uma vida desordenada e frágil para uma vida centrada em Jesus e no serviço do anúncio", disse Francisco.

À luz destes dois discípulos de Jesus, Pedro e Maria Madalena, contemplem e deixem Jesus olhar para vocês e transformá-las, e da mesma forma vocês poderão colocar-se a serviço da humanidade. De sua própria fragilidade, libertas dos espíritos que as perturbam, serão capazes de iluminar seus passos para uma proclamação esperançosa do Evangelho.

O caminho sinodal

Por fim, o Papa dedicou a última parte de seu discurso ao caminho sinodal, à contribuição que a Igreja espera da vida religiosa no caminho sinodal da Igreja, e sobre qual é o seu serviço como superioras neste caminho.

"Se o sínodo é sobretudo um momento importante de escuta e discernimento, a contribuição mais importante que vocês podem dar é participar da reflexão e do discernimento, pondo-se em atitude de escuta do Espírito e abaixando-se como Jesus para encontrar o irmão em sua necessidade. E isto através das diversas mediações previstas neste momento - como mulheres consagradas, nas paróquias, nas dioceses - enriquecendo a Igreja com seus carismas."

Conto com vocês, queridas irmãs, para acompanhar o povo santo de Deus neste processo sinodal, como especialistas na construção da comunhão, na promoção da escuta e do discernimento. O ministério de acompanhamento é urgente.

Francisco concluiu encorajando-as a seguirem adiante, abençoando as superioras gerais e suas comunidades a particularmente os membros mais vulneráveis e pedindo orações.

                                                                                                                         Raimundo de Lima

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